Chapter Thirty.

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Às vezes eu não entendo as pessoas. Não entendo o que se passa, mais precisamente, na mente delas. E pior ainda, da forma que elas interpretam. Eu não entendia essas pessoas que iam em uma festa e beijavam quinze tipos de bocas diferentes. E não é que julgasse, essa é a sociedade atual, eu que sou o alien. Mas ainda assim, não entendia. Não entendia como conseguiam superficializar as coisas dessa forma, a esse nível de escape.

Porque eu não acredito que ainda haja uma alma nesse mundo que de fato acredite que as pessoas fazem isso simplesmente porque "fazem".

O toque era algo que ia muito além de uma troca de contato físico, porque a partir do momento em que você toca em alguém, e permite que ela toque você, parte daquela pessoa permanece em ti, assim como você deixa uma parte sua nela. Há troca de energia, troca de digitais, troca de líquidos, de essências. Eu simplesmente não conseguia entender as pessoas que tocavam por simplesmente "tocar". Porque no momento em que eu toquei com os meus lábios pela sua pele fina, eu sabia de cada marca que ela deixaria, não só no meu corpo.

E puta merda, como eu as queria.

Eu havia deixado ela pensar que controlava alguma coisa. Estremeci sobre cada um dos beijos que depositava sobre a pele do meu pescoço e sobre o caminhar de suas unhas pelas laterais de minha cintura. Seu corpo pesava sobre o meu, mas não um peso qualquer. Eu podia sentir cada movimento de seu quadril em resposta aos meus ruídos baixos, que ela calava com beijos sedentos, no momento em que encaixava os lábios contra os meus. E o meu corpo respondia a eles.

Suas mãos eram rápidas, tanto quanto sua boca. E no momento em que os beijos desceram sedentos pela pele do meu pescoço, eu já podia sentir as marcas começarem a se formar. Pois suas mãos ficavam mais rápidas, mais desinibidas. E ela dessa vez não demonstrou timidez ao adentrar as mãos por baixo do tecido da minha blusa.

Mas não rápido o suficiente.

No momento em que suas mãos alcançaram os meus seios, eu inverti nossas posições na cama, tomando o seu lugar de antes, com o quadril sentado por cima do dela. Ela me olhou atônita, e ligeiramente curiosa, pois eu mantinha um sorriso malicioso no rosto. O que talvez a tenha confundido. Poupei o seu trabalho, e mantive meus olhos nos seus no momento em que ameacei puxar a minha blusa para cima. No primeiro momento, ela sorriu. Pois eu havia "parado de resistir". A questão era que eu não estava resistindo, desde o começo. Mas logo depois eu soltei o tecido, abrindo um sorriso meio de lado. E o sorriso, então, se desfez. Ela ergueu uma das sobrancelhas enquanto me encarava.

— Você precisa tomar um banho, e comer alguma coisa. — disse, enquanto a observava.

— Como é?!

— Você ouviu.

Ela bufou.

— Tu não vai fazer isso comigo de novo. — resmungou, no momento em que percebeu que eu estava falando sério — É sério, Catarina?

Ergueu um pouco o corpo, o suficiente para se aproximar mais do meu.

— Vai te fazer bem um banho de água quente. — voltei a aproximar lentamente o corpo do dela, roçando o meu nariz do seu — Não quero arriscar que você acabe indo parar no hospital de novo.

— Não garanto fazer o mesmo contigo. — trincou os dentes, me observando, mas logo depois voltou a se aproximar, agarrando a malha da minha blusa enquanto me puxava para colar novamente o corpo no meu, roçando lentamente o lábio inferior contra o meu queixo — Você podia pelo menos me fazer companhia no banho.

Repuxei os lábios em um sorriso. Era um convite tentador.

Mas ainda assim, eu desvencilhei dos seus lábios, escorregando novamente para longe do seu corpo e, dessa vez, para fora da cama.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora