Chapter Thirty Two.

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CATARINA


Eu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, conseguia saber tanto e ter a consciência de que sabia exatamente cada vírgula que se passava em minha mente. A única coisa que eu tinha certeza, desde o momento em que nossos olhos haviam se reencontrado, era que ela havia se tornado algum tipo de vício, daqueles que não existe reabilitação. O amor pode ser considerado a droga mais barata de se usar, e também a que causa mais danos consequentes. É uma das únicas que pode chegar a corromper a alma. E você continua a caminhar, mesmo sabendo que o caminho é bifurcado, e um dos lados pode levar à guilhotina.

Eu não acreditava em superstições, isso era fato. Mas fechei os olhos com força na hora que soprei aquelas pétalas. Quase como se isso fosse fazer com que o pedido fosse realizado mais rápido. Eu sabia o quanto a curiosidade a corroía para saber o que eu havia pedido, e sabia que não ia desistir tão fácil. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava que ele se realizasse. Por isso, pedia baixinho, mais uma vez. às pétalas que, nessas horas, dançavam pelos céus: que, dessa vez, o destino esteja ao nosso favor.

— Alice... — deslizei meus lábios levemente pela extensão de suas costas, disposta a acordá-la, mas minha tentativa foi em vão — Acorda.

— Hmm. — ela protestou manhosa.

— Acorda, Alice.

— O que foi? — falou, com a voz levemente rouca, ainda sem abrir os olhos.

— Não consegui dormir.

— Vem cá. — ela me puxou, fazendo com que deitasse com a cabeça em seu peito. Continuava com os olhos fechados.

— Não quero dormir, Alice. — suspirei. Na verdade, eu queria ficar ali, mas tinha outros planos — Quero que você acorde. Anda, abre os olhos. — rocei os dentes pela bochecha dela, puxando a pele para uma mordida leve, e ela abriu os olhos com uma expressão mortífera.

— Ainda está escuro, Catarina. O que aconteceu?

— Na verdade, nada.

— Então porque está acordada?

— Já disse, não consegui dormir. — sentei na cama e Alice abriu mais os olhos, olhando ao redor — Decidi levantar.

— Assista TV que o sono vem.

— Não quero dormir, Alice. — repuxei os lábios em um leve sorriso ao observar os amassados em seu rosto — E sei que você quer.

— Quero. — ela piscou, e depois fechou os olhos novamente, voltando a jogar a cabeça no travesseiro — Desliga esse abajur.

— Já está quase amanhecendo.

— Prometo que quando o sol estiver no meio do céu, acordo e te faço companhia.

— Me faça companhia agora. — sussurrei e ela abriu os olhos novamente, emburrada, não entendendo muito bem o que eu queria — Daqui a pouco o sol vai nascer, e não está dando nenhum sinal de que vá chover. — ela continuava com os olhos semicerrados, procurando algum discernimento no que eu estava falando — Levanta, vem ver o sol nascer comigo.

Se eu soubesse que essa era a palavra mágica. Alice levantou da cama em um pulo. Eu observei seu corpo completamente nu pela parte de trás enquanto ela se dirigia ao banheiro. E por um momento, quase desisti da ideia do sol nascer. Mas tenta tirar um doce de criança.

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