— Você está de brincadeira comigo.
Ele me olhou, puxando o ar meio fundo, depois voltando a olhar o transito à frente.
— Qual é, Alice. Você não imaginou mesmo que isso aconteceria?
Ergui uma das sobrancelhas ao encará-lo.
— Que ela fosse embora desse jeito? É claro que não.
Gabriel respirou fundo mais uma vez, inflando o ar no peito e depois soltando lentamente, bem devagar.
— Angel me pediu para não falar nada, porque ela queria te contar. Mas a Angélica é sua amiga e, sei lá, eu meio que entendo o lado da Cata, sabe? Porque tipo, é foda quando você está ali disposto para aquela pessoa, a fazer tudo por ela, e ela parece escolher até o tiozinho que passa ao lado vendendo sorvete, mas nem olha para você. — ele me olhou meio de lado — É compreensível o fato dela ter tido necessidade de se afastar. Eu mesmo, quando Angélica me chutou a bunda, também precisei ficar na minha. Até conheci outras pessoas também, e a gente vai vivendo desse jeito, fazendo a vida meio de iô-iô.
— Mas para outro país? — enfatizei — E com um cara que ela nem conhece? Porque meu Deus do céu, o que é que a gente sabe desse cara? E se ele for um psicopata doido, e for transformar a Catarina em um troféu de crime? Eu não sei o que eu faço, Gabriel.
— Na verdade, você nem tem que fazer nada. Só dá um tempo para ela, Alice. Deixa ela se achar. E tenta se achar também. Quem sabe, depois, não fica mais fácil? Podem até tentar uma amizade, vai que dá certo.
Ele tinha razão, eu sabia que tinha. Todo mundo tinha razão. Eu tinha procurado por isso, ainda mais diante das circunstancias. Catarina não havia se afastado, eu que tinha feito com que ela fosse. De uma forma ou de outra, a culpa era minha e não tinha nada que pudesse fazer.
Muito menos voltar atrás.
— Deixa eu te perguntar uma coisa? — Gabriel falou de repente, e eu o encarei, esperando que falasse — Está tudo bem entre você e Angélica? Eu tenho te notado meio afastada. Já faz um tempo que não saímos todos juntos.
— Acho que eu só não quero encher a Angel com essas coisas. Ela já tem tanto com o que se preocupar, e eu estou numa fase meio esquisita.
— E Diego? — perguntou de repente — Como vocês estão?
— Bem. — suspirei, mudando de assunto logo em seguida — Por falar nisso, qual foi a dessa reunião de emergência? Ele não podia ter esperado?
Gabriel coçou a nuca.
— Parece que tinha alguma coisa a ver com Juan.
E tinha. Porque no momento em que eu pisei na sala do escritório, todos me encararam como se eu estivesse atrasada há anos-luz. Gabriel me mandou um "tchau" e disse que esperaria do lado de fora. Entrei pisando em ovos, indo me sentar na cadeira ao lado de Angel. Pude notar Diego me olhar pelo canto do olho até que me sentasse no sofá, e Becca me olhou do cantinho do escritório, por trás de Juan.
— Agora que estamos todos aqui, podemos falar do clipe. — Juan engatou no monólogo de sempre — Como eu estava dizendo, a ideia original de criar uma história em cima da música já era, visto que os dois atores não seguem junto conosco na equipe. — pude ver Diego virar o rosto para me observar um tanto bruscamente, eu sustentei seu olhar por alguns segundos e logo me virei novamente para Juan — Nós tivemos que trabalhar com o que tínhamos e, bom, o que tenho para dizer é... — ele tinha abaixado o tom de voz, o que fez com que já me preparasse para a bomba que viria, mas de repente abriu um sorriso — Os resultados não poderiam ser melhores.
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Consequências
RomanceEu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, c...