Suit

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    No meio do campo, vazio apesar do verde forte do gramado. Podia aparentar ser apenas um campo bonito e estranhamente silencioso, mas era mais do que isso.
    Eu sentia um aspecto diferente no local, algo incomum e novo. Bom, pelo menos para mim.
    Ao longe, pude avistar uma casa. Uma pequena casa de madeira, normal em áreas rurais.
    Algo me dizia que não era só isso. Com certeza tinha algo a mais e que envolvia essa casa.
    Depois de muito tempo analisando a casa, eu caí, como se o chão não estivesse mais presente...

    Abri os olhos e me sentei com um pulo na cama. O meu alarme do celular tocava e vibrava como louco. "Eu dormi tanto assim?".

    -Você dorme como uma pedra, princesa.- Ouvi a voz de Kyro ressoando pelo quarto.

    Quando levantei o olhar, a primeira coisa que vi me surpreendeu.
    Ele estava usando o terno do meu pai e por incrível que pareça, ficou perfeito nele.
    Eu analisei a postura de Kyro, notando certa calma e conforto que o terno lhe proporcionava.
    Admito que, talvez, eu tenha achado ele muito bonito de preto, mas é apenas porque o preto realçava a cor de seus olhos, nada demais.

    -Okay, pare com isso ou eu vou arranjar um babador para você.- Comentou, aproveitando a visão do meu suposto transe.

    -Eu não dou a mínima para você, apenas fiquei impressionado com o fato de que o terno serviu.- Expliquei e me levantei para me arrumar.

    Cheguei perto dele, o suficiente para que eu sentisse a sua respiração calma e fraca.

    -Aliás...- Murmurei e minhas mãos foram até o nó de sua gravata. -A gravata está torta.

    Eu tinha esses problemas com coisas mal feitas, mas não levava ao extremo, só não conseguia ficar parado ao ver algo errado ou fora do lugar.
    Contudo, a gravata torta não era tão perturbante assim. Ela até deixava um toque mais...

    Desajeitado. Era isso que eu iria falar.

    Quando terminei de ajeitá-la, me afastei e dei um sorrisinho torto, saindo do quarto em seguida.

/--/

    A aula se passou com Aloy encarando Justin e eu, como se tentasse nos unir apenas com a força do olhar e era por esse motivo que eu rezava para que a aula acabasse o mais rápido possível.
    E minhas 24 orações deram certo no final, pois eu já estava a caminho de casa.
    Não podia atrasar nem sequer um minuto, ou Kyro poderia fazer algo no qual eu poderia me arrepender, então eu andava com pressa com esse pensamento ativo na minha cabeça.

    -Jake!- Alguém chamou o meu nome e na hora eu pude saber quem era pela voz que grudava na minha mente como chiclete mascado.

    Me virei e pude ver Justin correndo até mim. Ao parar, ele deu um sorriso fraco e quase imperceptível pela expressão cansada e ofegante.

    -O que foi?- Perguntei, achando a necessidade dele de falar comigo um tanto quanto engraçada.

    -Pode ir lá em casa hoje?- Ele conseguiu falar, depois de algum tempo recuperando o fôlego.

    -Olha, hoje não dá, tudo bem? Talvez da próxim...

    -Por favor! Meus pais viajaram e me deixaram sozinho lá em casa e você sabe como eu odeio ficar sozinho, não sabe?- Me cortou no meio da minha fala, falando com pressa.

    -Justin...- Eu tentei convencê-lo de que eu realmente não poderia, mas a única coisa que saiu entre meus lábios foi um suspiro cansado.

    -Jacob, eu nunca te forcei a nada e agora que eu peço uma única coisa você recusa?

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