Strange Feelings

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    A sombra de alguém que eu jurava conhecer pairava em meus pensamentos. Eu não tinha nenhuma reação. Raiva, medo, tristeza...
    Absolutamente nada.
    Apenas uma tranquilidade surpreendente que nem mesmo eu acreditei ter.
    Eu estava de frente para aquilo e parado, estranhamente estático. Meu corpo não reagia de nenhuma forma.
    Deixei que a sombra se aproximasse...
    Mas não o suficiente.

    Acordei, com os olhos pesados de sono. Através da janela eu pude ver que o céu ainda estava escuro.

    -Te acordei?- A voz quase inaudível soou preocupada.

    Olhei para o sujeito que chegou mais perto e se sentou na beirada da cama.

    -Justin?- Minha voz falhou ao tentar pronunciar o seu nome.

    Ele concordou com um aceno de cabeça e me observou enquanto eu me sentava na cama, esfregando os olhos com a mão vagarosamente.

    -Não me acordou.- Respondi, encarando preguiçosamente o seu mínimo sorriso.

    -Ótimo.- Falou, sem tirar os olhos de mim.

    Nós já estávamos muito próximos um do outro e ele quis se aproximar ainda mais.
    Eu deixei, apenas fechando os olhos e esperando o seu próximo passo.
    Senti como se fosse um erro ter deixado que ele chegasse muito perto, mas eu ignorei meus pensamentos por um breve momento.
    Pude ter a sensação de seus lábios nos meus em um toque leve e delicado, como se ele estivesse esperando que eu permitisse completamente o ato.
    Coloquei a mão em seu rosto e intensifiquei o beijo, deixando claro para que ele continuasse.
    Um arrepio subiu pelas costas quando ele seguiu as suas carícias até o meu pescoço. Arqueei as costas, sentindo o calor tão familiar e convidativo me alcançar.
    Arfei quando ele deu leves mordidas na região vulnerável e coloquei minha mão em sua nuca, não deixando que ele parasse.
    Foi nesse momento que algo passou pela minha cabeça e eu abri minimamente os olhos, ficando concentrado no aviso que me ocorreu despercebido...
    Ele demoraria para chegar em casa. Por qual motivo?
    Meus dedos formigaram, me deixando ciente do que aquilo significava.

    -Ei, espera um pouco.- Pedi, afastando o seu corpo do meu.

    Ele me olhou confuso, mas seguiu o meu olhar até a minha mão e entendeu.
    Minha mão esquerda estava quase toda transformada, com alguns dedos já mostrando as garras afiadas.

    -É normal quando eu estou incomodado com algo.- Expliquei.

    Seu olhar pedia uma resposta ou um motivo que eu sabia que teria que dar.

    -Onde você estava? Você demorou para chegar.- Falei, deixando-o surpreso.

    -É isso que está te incomodando?- Perguntou e eu apenas concordei.

    Ele soltou uma risada e eu comecei a ficar irritado.

    -Eu só tinha alguns compromissos a mais. Não se preocupe com isso.- Respondeu, novamente com uma resposta vaga demais.

    -Não pode me falar o que era?- Perguntei, franzindo o cenho.

    Ele chegou perto de meu rosto e sussurrou contra os meus lábios.

    -E você quer mesmo saber?

    Ele estava muito perto, mas ainda havia algum espaço entre nós. Aquilo era agoniante, porém eu sentia que ele queria me provocar.

    -Acho que você pode deixar pra lá.- Murmurei, totalmente hipnotizado.

    Eu estava de olhos fechados, esperando algo da parte dele, mas nada veio.
    Abri os olhos e percebi que agora ele estava de pé, olhando divertidamente para o modo como eu estava vulnerável.

HallucinationOnde histórias criam vida. Descubra agora