What Is Going On?!

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    Pensei estar abaixo da superfície. Um lugar obscuro, o que poderia ser chamado de subsolo, mas esse nome ainda não me convencia.
    Era mais afundo do que apenas o subterrâneo. Era profundo demais para essa classificação tão leve e comum.
    Ao mesmo tempo em que eu estava convencido de tal fato, eu ainda estava travando uma guerra que não era exatamente minha.
    A luta entre a razão e a emoção. Quem nunca se deparou com isso? É frustrante e confuso ter dois lados de você mesmo brigando entre si.
    O meu lado racional insistia que eu me direcionasse para cima, tentando me dizer que ali onde eu estava não havia nada.
    O meu lado emocional, por outro lado, implorava para que eu aprofundasse o que eu já havia, supostamente, começado. Queria que eu cavasse mais fundo, atrás de mais descobertas.
    A razão discordava, dizendo que não encontraria mais nada. Absolutamente nada. Seria uma grande perda de tempo.
    A emoção criava dúvidas em minha mente. Dizia que não poderia ter certeza de nada e que eu acabaria encontrando muito mais do que eu já tinha encontrado.
    Era sair ou adentrar mais ainda, e qualquer outra escolha estava fora de cogitação...

    Acordar e sentir a cabeça pesar como um tijolo contra o travesseiro era mais um motivo para que eu permanecesse na cama.
    O outro motivo? Estava aconchegante demais para sequer me mexer.
    A minha cabeça latejava de dor, mas era suportável, e eu temia que um movimento aumentasse meu sofrimento.
    Eu só tive a coragem de abrir meus olhos para confirmar que o sol já estava brilhando e a janela deixava a informação bem marcada na memória.
    Senti um cheiro forte, reforçando o que já havia no recinto. Era o mesmo odor, apenas intensificado.
    E não demorei ao notar o que estava diferente.

    -Kyro.- Sussurrei, não tendo certeza se ele me ouviria.

    Deu certo, no final das contas. Pude ver seu corpo se tornando visível aos meus olhos. Ele suspirou, com um sorriso tímido no rosto.
    Tímido, coisa que Kyro definitivamente não era.

    -Andou treinando?- Perguntou e eu tive que me ajeitar na cama.

    -Não é difícil de perceber, sabia?- Disse, me esforçando um pouco para mostrar um sorriso.

    Ao acordar, eu sou pego no meu horário carente do dia. A dor de cabeça não ajudava e só me deixava ainda mais molenga, como mingau estragado.

    -Você deve me conhecer bem então, hm?- Perguntou, se aproximando em alguns passos.

    Dei de ombros. Tecnicamente eu não deveria sentir nenhuma dor, caso contrário meu corpo regeneraria em segundos, mas surpreendentemente eu estava com dor de cabeça.
   
    -Tá tudo bem?- Perguntou, sentando-se ao meu lado na cama.

    Resmunguei em concordância, mas talvez ele não estivesse tão convencido.
    Sua voz soou irônica quando ele decidiu dizer:

    -Então acho que você pode me ajudar em...

    -Estou com dor de cabeça, baka.- Interrompi assim que ele propôs algo para que eu fizesse.

    Ouvi sua risadinha vitoriosa, na qual me irritava e me deixava de mau humor. Eu não precisava olhar para ele pra afirmar que ele queria tirar palavras da minha boca.

    -Você já sabia, de qualquer forma.- Murmurei, revirando os olhos.

    -Eu sabia que você estava mentindo.- Deu ênfase e então pude perceber.

    Seu ombro se encostava no meu e ele pôde se conectar. Pôde saber se eu estava mentindo ou não.
    Além de conseguir me desmascarar, ainda me deixava incomodado com a proximidade. Era sempre assim: ele ficava próximo de mim e era eu quem tinha que me afastar antes que as coisas tomassem uma proporção maior.

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