Worry

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    Chegar ao ponto de entrar em desespero mentalmente e abafar todo o caos externo é completamente insano.
    Talvez o externo e o interno estivessem tão bagunçados que a junção dos dois seria o extremo e me faria entrar em colapso.
    Ser responsável no meio da confusão quando ninguém está do seu lado é desesperador e eu não sabia exatamente como reagir.
    Todos aqueles pesadelos sufocantes que eu tinha voltavam, agora mais reais do que antes...

    Eu cheguei no elevador e já apertava o botão com pressa. Ficar dentro de uma caixa metálica era mais confortável do que sentir que poderia ter alguém atrás de você.
    Ouvi passos lentos pelo corredor e olhei para o caminho de onde eu tinha vindo. Era aquele cara estranho, aparentando ser o companheiro do mascarado.
    Apertei mais ainda o botão do elevador, mas as portas não se abriam. Eu cansei de esperar quando os passos aceleraram e eu percebi que seria inútil ficar ali parado e perder tempo.
    Segui o corredor até a saída de emergência, onde havia lances de escada, seguindo para baixo e para cima.
    Desci as escadas, tomando cuidado para não tropeçar e para não derrubar Luna, que estava encolhida contra o meu corpo.

    -Se eu fosse você, pararia agora ou morreria!- Gritou o perseguidor, com sua voz ecoando naquele lugar vazio.

    Eu tinha descido apenas um andar e ali havia uma porta de entrada para o corredor do andar abaixo do que estávamos.
    Deixei ela entreaberta e continuei descendo as escadas. O pensamento de que eu poderia ter tomado outra rota de fuga atrasaria ele.
    Tomei distância e me escondi entre uma escada e outra, observando ele ao chegar na porta. Como eu esperava, ele abriu a porta e olhou pro corredor do outro lado, cogitando mudar de caminho.
    Ele entraria se Luna não tivesse resmungado e tirado sua atenção.

    -Shhh.- Pedi silêncio para ela, bem baixinho.

    Ele ignorou a porta e continuou descendo, fazendo com que eu descesse ainda mais rápido.

    -Chega!- Ele gritou, mas não me fez parar.

    Logo em seguida, algo foi atirado e passou bem perto da minha cabeça. Era um espinho, daqueles que eu via nos guardas Noutsi.
    Eu pensei que tudo aquilo tivesse acabado.

    -Você sabe o que isso faz, não é?- Perguntou, não esperando uma resposta.

    Eu me virei lentamente e encarei o indivíduo cara a cara. Seria melhor do que morrer por algo que você não sabe o que é.
    Tentei usar o meu poder, o que deu certo. Acabei lhe dando dor através do olhar novamente, mas era uma dor suportável. Eu não conseguiria desmaiá-lo com o cansaço que me dominava.
    Ele formou mais um espinho na palma da mão e atirou de novo. Foi acima da minha cabeça e eu fechei os olhos na hora, assustado.

    -Não olhe para mim, parasita.- Sua voz foi firme.

    Agora eu não tinha mais nada ao meu favor. Eu não poderia lutar com ele enquanto Luna estivesse comigo.

    -Você vai me seguir, e qualquer movimento estranho você e a garotinha morrem.- Ele foi claro e eu não tive muita escolha a não ser concordar.

    -E você vai ficar parado aonde você está, ou eu quebro o seu pescoço.- A voz desconhecida fez ele se virar imediatamente, ficando de costas para mim.

    Callie apareceu atrás dele em um teletransporte e segurou seu queixo, virando-o pro lado contrário numa velocidade incrível. O som de ossos quebrando foi incômodo.
    O corpo caiu mole nas escadas e ela se virou para mim em seguida.

    -Acho que você precisa vir comigo.- Disse e eu a olhei confuso.

    Mesmo assim eu segui Callie pelo caminho que eu tinha pego. A minha energia foi esgotada pelo tanto que eu me apressei.
    Agora, eu tinha que voltar pelo caminho que eu tinha tomado. Não que a minha decisão mudaria o meu destino. Acho que teria que voltar do mesmo jeito.

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