Qualquer tranquilizante existente não poderia acalmar meus pensamentos agora.
Eu estava tenso, com meus nervos a flor da pele. Algo deixava meu corpo desconfiado.
Tudo ao meu redor lidava tão bem com qualquer desafio que chegava a me dar inveja.
As folhas das árvores ficavam firmes mesmo com qualquer ventania que viesse; mesmo com vários e vários carros, o concreto da rua não cedia; o céu tinha seus tempos bons e límpidos, mesmo com as nuvens aglomeradas e nubladas em certos momentos.
Era só eu que não conseguia controlar minhas emoções?-Acho que deveríamos ter chamado Justin.- Comentou Aloy quando sentiu uma brisa passar por nós e fez ela se encolher de frio.
Ela ficou o dia inteiro comigo, como eu esperava que fizesse. Agora estávamos voltando para casa, andando quase como automaticamente.
-Se ele não confia em mim para contar seus compromissos, eu não devo o mínimo de respeito a ele.- Ressoei, sem parar de andar.
-Nossa.- Murmurou em resposta ao meu comentário.
-Já estamos chegando. A parte difícil já passou.- Falei, me referindo ao centro da cidade.
Ela não respondeu, apenas cruzou os braços em uma tentativa de se aquecer.
Eu estava em um certo desespero interno, com um frio na barriga inesperado. Uma única decisão, apenas uma.
A minha mão na maçaneta da porta me fez perceber o quão gelado a minha pele estava. A temperatura do meu corpo descia e eu não sabia exatamente se era por conta do frio ou do nervosismo.
Aloy entrou rapidamente e logo foi para a sala. Não havia ninguém naquele cômodo, o que me deixava um pouco mais aliviado.-Chegaram?- Perguntou Henry, que saiu da cozinha e me deu um pequeno susto.
-Não, nós acabamos de sair pra ir no mercado.- Respondeu a ruiva, sarcásticamente.
-Por que todos são sempre rudes comigo?- Perguntou, indignado.
-Ta, chega.- Pedi em um murmúrio, me virando e indo até as escadas.
-Pode ficar aqui?- Aloy me impediu de subir o primeiro degrau.
Olhei para a expressão suplicante dela e não pude deixar de lembrar do medo de minha amiga.
-Eu não vou demorar. Só quero verificar uma coisa.- Disse em resposta, observando ela assentir.
Comecei a subir as escadas vagarosamente, mas meus pés aceleraram o ritmo quando eu já podia ver o piso do segundo andar.
Parei em frente à porta do meu quarto, olhando-a com um receio incômodo. Consegui convencer o meu braço a se estender e assim pude agarrar a maçaneta.
Novamente eu não senti o choque de temperaturas que eu normalmente sentia. Minha mão estava tão gelada que se comparava ao estado da maçaneta.
Girei lentamente e empurrei a porta. Meus olhos se recusavam a olhar para frente, apenas para o chão.
O meu corpo se virou para fechar a porta, mas retornou para que meus olhos averiguassem o local.
Nada. Não tinha nada.
Minha cabeça ainda não estava convencida disso. Meu coração ainda batia acelerado. Minhas mãos tremiam agora, sem motivo algum.
Eu me afastei da porta. Apenas alguns passos para a frente, tentando entender aquele silêncio torturante que não deveria estar ali.
Até que eu percebi o que estava bem na minha cara e eu não havia percebido. Aquele detalhe que estava tão claro...
A janela estava aberta.
Eu me virei tão rápido que quase tropecei nos meus próprios pés. Era apenas chegar até a porta e voltar correndo para o primeiro andar. Avisar sobre o perigo que pode ter na casa, pois eu não tinha deixado a janela aberta...
Mas ele estava ali. Parado bem em frente à porta, me olhando tediosamente com os olhos brilhando em um amarelo vivo.
Suas mãos nos bolsos da calça jeans enquanto a camisa cinza e amarrotada aparentava deixá-lo confortável e preguiçoso.
Como sempre, os cabelos bagunçados e pretos como pretóleo que se destacavam na pele pálida na luz da lua.
Mesmo sendo a mesma pessoa, trazia algumas características diferentes. A postura mais relaxada, o formato do rosto e o maldito cigarro que pairava entre os lábios.
Onde ele tinha arrumado aquele veneno?
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Hallucination
FantasíaJacob é um adolescente com um transtorno mental, o que faz de sua vida um verdadeiro inferno. Em um dia normal, ele se depara com algo que ele nunca tinha visto na vida e logo pensa que aquilo era apenas uma alucinação, mas ele saberá que a tal aluc...