O olhar em seu rosto, me analisando surpreso. Me proporcionava uma sensação vitoriosa.
Quando fiz um comentário provocador que chamou sua atenção e ele agiu como se não se importasse, segurei um sorriso e observei suas bochechas rosadas, que entregavam sua timidez.
Ele era adorável, de certa forma. Eu sabia que ele amava o terno de seu pai no meu corpo.Pensei ao olhar para a caixa que eu trouxe comigo no caminho até o meu mundo. Talvez eu usasse aquela roupa novamente em uma outra ocasião...uma ocasião especial.
Desci as escadas, degrau por degrau, apenas observando o pequeno divagando sobre algo.
Ele estava estático na frente da porta, que fora fechada a minutos atrás.
Eu sentia a felicidade dele, e pude me perguntar se ele sentia a minha raiva também.-Kyro!- Repreendeu, com a mão sobre o lado esquerdo do peito, notando minha presença. -Que susto, idiota.
Não revidei, apenas acabei de descer as escadas e me virei de frente para ele.
Meus olhos ainda estavam ativados, mas as fendas escuras de gato estavam mais dilatadas e calmas.
Eu estava me esforçando para me manter controlado.-Não deveria estar dormindo?- Perguntou, me olhando com o cenho franzido.
-Eu lhe pergunto o mesmo, Jacob.- Dessa vez eu revidei, com a voz nem um pouco convidativa.
-Eu estava...- Se interrompeu e procurou palavras para terminar sua fala. -Caminhando.
Arqueei de leve uma sobrancelha, o que fez ele engolir em seco.
-Você realmente não consegue ficar quieto, nem por um minuto.
-O que quer dizer?- Perguntou e pude sentir sua irritação crescendo aos poucos.
-Quero dizer que você é uma...- 'Vadia'? Acho que seria muito pesado. Respirei fundo e continuei. -Você é uma criança muito levada para a sua idade.
Ele cruzou os braços e me olhou atentamente.
-Não pode falar nada de mim, velhote.- Disse e acabei soltando um pequeno rosnado.
Se houvesse mais algum som no ambiente, aquilo passaria imperceptível por seus ouvidos, mas não foi o caso.
-Está dizendo que eu sou pior que você?- Perguntei, dando um passo para a frente.
-Estou dizendo que você sempre foi pior que eu.- Soltou, sem medo algum.
Não aguentei a risada sarcástica e ao acabar, me aproximei ainda mais dele.
-Sabe o que você me lembra?- Perguntei, me abaixando até que meu rosto ficasse de frente com o seu. -Uma criança irritada porque os pais tiraram o doce das mãos dela.
O ar de fúria emanava de todo o seu corpo, mas ele ficou parado no lugar e não mexeu sequer um dedo.
-Não saia mais com aquele pombinho branco, me entendeu?- Murmurei, me levantando e dando meia-volta.
Fui parado por uma pergunta, algo que me fez pensar um pouco e demorar para responder:
-Ciúmes?
Soltei uma risada fraca, lembrando que o ódio era maior do que qualquer pensamento defensivo sobre ele.
-Por você? Eu sinto pena de você, Jacob, e isso é tudo.- Fui breve e direto, voltando a andar.
-Talvez sentisse isso pela sua irmã...- Disse e eu parei novamente, sentindo o meu corpo ferver. -Fico imaginando o quão fraca ela poderia ser e se ela poderia te ultrapassar nesse quesito.
Me virei e avancei rapidamente, prensando ele na parede e observando seu olhar mudar de raiva para medo.
-Diga mais alguma coisa a respeito dela e seus dias acabam aqui e agora.- Falei, sentindo a mesma visão amarelada e turva do quarto se formar.
-E toque mais um dedo nele e seus comentários irônicos nunca mais serão escutados nessa casa.- Ouvi a voz calma recitando a ameaça. -Terei que acordar Basten, Kyro?
Olhei o loiro por cima do ombro e rosnei alto para que ele ouvisse. Minha mão direita apertou o pescoço do garoto assustado em meu alcance.
-Posso acabar com os dois de uma vez só.- Minha voz soou grave e áspera.
-Para.- Ouvi o sussurro de Jacob e diminui o aperto contra a sua pele pálida.
Senti uma pontada de dor na região do pescoço. Ultrapassei os limites, mas só um pouco.
-Não coloque Jacob nisso.- Disse e meu olhar foi para o rosto do mesmo.
-Diga para o seu namorado ir embora ou eu vou rasgar o pescoço dele.- Falei e ele olhou para Kovu.
-Vai.- Disse, mas o loiro deu um passo a frente. -Kovu, sai daqui.
Ele hesitou por um momento, mas acabou desistindo e obedeceu Jacob.
Olhei a cena com um sorriso sacana no rosto.-Como conseguiu domar o passarinho?- Perguntei, sarcástico. -Ele bicava tanta gente e agora obedece ordens de um menino.
-O que deu em você?- Ele perguntou. -Por que não podemos conversar como conversamos na cozinha?
-Vou te dizer o que deu em mim, Jacob.- Me aproximei ainda mais e a ponta de nossos narizes se tocaram. -A sua imprudência me deixa fora de controle, entendeu? Você não dá a mínima para a ligação, não dá a mínima para mim!
Gritei a última palavra, dando um grande ênfase, o que fez ele se encolher.
-E por que eu deveria?- Ele sussurrou. -Você me trata como lixo, Ky...
Sua voz falhou ao pronunciar o meu nome e ele engoliu em seco. Suspirei, lembrando do apelido criado pela minha irmã.
-Você só fala da ligação e da porra da sua irmã, como se só isso importasse para você.- Disse com a voz embargada e arfou, fechando os olhos com força como se sentisse dor. -Fala que somos um só, que eu deveria se importar com você, mas é você que não me vê.
Ele mordeu o lábio inferior e agarrou minha camisa. Ele queria chorar e eu pudia sentir sua frustração.
Coloquei minha mão por cima da sua, tirando-a com calma dali.
Não sabia o que falar, então apenas larguei a sua mão, beijei levemente sua testa e me retirei, indo até o meu quarto todo destruído.
Eu sentia muita dor no lado esquerdo do peito, e logo soube que ele sentia isso também.
Mesmo com todo aquele show, a raiva ainda estava em grande proporção dentro de mim. A forma como ele ignorou a ligação e me deixou para sofrer foi algo inaceitável.
Qualquer argumento que ele colocasse contra mim, eu não me importaria.
Ele estava certo. A ligação e a minha irmã eram os principais no momento e eu não vou deixá-los de lado.
Ao entrar no meu quarto, fechei a porta e a tranquei, colocando o armário em sua frente como antes.
Olhei novamente para a caixa, que no momento estava jogada em um canto do quarto assim como os outros móveis. Jacob não saía da minha cabeça de jeito nenhum.
Aquele maldito terno sempre me lembrava do garoto irritante e baixinho, com os olhos castanhos penetrantes e o cabelo pouco ondulado.
Desviei meu olhar, fechando os olhos e negando com a cabeça. Aquilo tinha que parar ou eu iria enlouquecer.
Fui até a sacada do meu quarto e observei a altura não tão alta assim. Pulei sem pensar duas vezes e caí agachado na grama, soltando um resmungo devido ao impacto.
Fiquei invisível e me afastei da casa, começando a correr aos poucos.
O caminho até a cidade central estava decorado na minha cabeça. E como não estaria? Eu era o maior aventureiro desse mundo.
Iria enfrentar os Noutsi sozinho, sem envolver ninguém na história. Tudo o que eu tinha que fazer era salvar a minha irmã e o irferno acabaria.Eu não preciso de você e de mais ninguém, Jacob. Vou acabar com tudo isso sozinho.
...
Postando de madrugada u.u (ou de manhã, pq já são 05:30).
Enfim, muita treta aconteceu e muita merda irá acontecer, então fiquem ligadosss.
Kyro imprudente? Só um pouco vulgo MUITO.
Bom, é isto né.
Aviso: talvez sábado que vem (dia 29/12) eu não consiga postar pq eu vou estar viajando, mas quem sabe né, vai que eu consigo. :/
Bye
;3
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Hallucination
FantasyJacob é um adolescente com um transtorno mental, o que faz de sua vida um verdadeiro inferno. Em um dia normal, ele se depara com algo que ele nunca tinha visto na vida e logo pensa que aquilo era apenas uma alucinação, mas ele saberá que a tal aluc...