Hallucination

The Execution

    Tudo passava como flashes em minha cabeça, como se tudo fosse se dissipar em poucos minutos.
    Alguns momentos em que eu passava um tempo com Shina e Sukito, que eu acreditava que eram um casal perfeito, mas sempre estavam discutindo.
    Outros em que eu conversava com Basten, que era muito sensato para levar certas brincadeiras a sério.
    Muitas brigas com Kovu, que eram praticamente inesquecíveis. Eu realmente não ia com a cara daquele pombo branco.
    Minha irmã, na qual eu passei poucos momentos, mas que eram considerados os melhores da minha vida.
    E, por último e não menos importante, o garoto que sempre me tirava do sério em todos os sentidos. Ele era especial, por algum motivo, e era essencial que eu lembrasse dele. Eu sentia algo estranho por ele, nunca sentido antes.
    Talvez fosse uma consideração muito forte na qual eu não sabia o nome. Que seja...

    O ruído insuportável de minha cela foi escutado e eu fui obrigado a abrir os olhos e observar Misoko parado em minha frente, com um sorrisinho idiota no rosto.

    -Chegou a hora tão esperada, renegado.- Disse ele, estático no lugar. -Não consegui furar seus olhos, então terei que ser mais simplista.

    Depois de sua fala, meus olhos foram tampados por algo que eu acreditava ser uma venda.
    Para mim, não fazia diferença. Eu já estava no fundo do poço. Mas para os Noutsi, era inaceitável que um traidor visse a própria morte. Era horrível e desrespeitoso.

    -Tirem ele dessa cadeira e levem-no para a entrada do castelo.- Seu murmúrio foi convicto e firme para seus servos.

    Eu seria morto na frente do povo e humilhado em falsas afirmações. Se eles tinham vergonha de mim, eu diria que eles teriam que ter vergonha de si mesmos antes.
    Soltei um resmungo quando senti meus braços serem segurados com força, me obrigando a levantar e a ficar de pé.
    Fui guiado pelos guardas, já que a minha visão estava cega. Eu não me debatia para tentar me soltar, eu apenas seguia em frente, não me importando com a morte.
    Eu não tinha forças para tais atos. O meu restante de força era utilizado em minha caminhada até o fim, que já era bem complicada.
    Senti os raios do Sol em meu corpo, aquecendo o que já estava fervendo em calor horas atrás. Um braço rodeou o meu pescoço, apertando a região e me deixando imóvel.
    Eu estava totalmente vulnerável, com a falta de ar aumentando em uma grande proporção.

    -Um de nós restringiu nossas leis!- Ouvi a voz de Misoko, alta para que todos ali presentes ouvissem. -Tais que incluíam assassinato e...

    Houve uma grande pausa e eu temi o que estava por vir.
    Como eu esperava, ele continuou firmemente:

    -Criação de erros colaterais.

    Terminou sua frase e eu percebi a surpresa em sua voz. Me remexi no lugar e o braço em meu pescoço apertou ainda mais, contendo meus movimentos.

    -E, como consequência, este traidor terá a sua morte feita pelas autoridades.- Continuou e senti como se tivesse algo acima de minha cabeça.

    Eu sabia o que era. Uma mão, a mão de um silenciador. Eles eram os responsáveis pelas execuções e tinham o poder de transformar tudo o que tocavam com a mão direita em pó.
    Respirei fundo em total silêncio, sem chamar atenção de ninguém.

    -Prossiga, irmão.- Misoko se pronunciou uma última vez em uma ordem.

    O ar se fez ausente quando o aperto em meu corpo aumentou. Era agora, eu seria morto...
   
    -Misoko!- Ouvi a voz em desprezo, a qual eu reconheci imediatamente.

    Um resmungo foi reproduzido atrás de mim e o silenciador foi, aparentemente, parado.
    O braço em meu pescoço afrouxou o aperto e eu pude me virar com rapidez. Fui guiado pela audição e consegui acertar um soco no possível silenciador.
    A venda foi tirada por alguém em minha frente e meus olhos demoraram ao lidar com a luz forte do Sol.