A Difficult Decision

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    Era como se tudo estivesse mais claro agora, no silêncio e na paz. Minha cabeça não havia processado os acontecimentos naquele momento, mas eu percebi.
    Percebi o quanto eu deveria estar assustado ou impressionado, o que me causou justamente essas reações.
    Ele tinha sobrevivido de um veneno e uma morte inevitável. Eu tinha feito o que era considerado impossível e o salvei, mesmo com todo o abandono e solidão que ele provocara.
    O passar dos anos transformou aquele ser frio e inconsequente, mesmo que ainda possa ter alguns ocorridos recentes e perturbantes.
    Ele amadureceu e se tornou um alguém mais despreocupado e analisador, como um predador calmo e confiante sobre a ideia de ganhar sua presa.
    O seu olhar era mais quente e penetrante, fazendo todo o meu corpo se encolher com o pensamento de tê-lo ao meu lado, com aqueles olhos amarelados sobre mim.
    Eu teria que lidar com todas aquelas sensações...
   

    Minha respiração era desregulada, o que me deixou surpreso. Eu não estava desse jeito quando eu tive o encontro com ele.

    -Você tem que se acalmar. Está mais pálido que o normal, e suas mãos não se aquietam.- Aloy tentava me consolar.

    -Quando ele chegou aqui, nem parecia que teve uma conversa com o demônio.- Henry teve que comentar.

    Aloy lhe deu um olhar reprovador enquanto afagava meu ombro em um ato gentil.
    Só se passaram alguns minutos depois da minha conversa com Kyro e agora eu estava na sala, sentado no sofá com um tremor inexplicável pelo corpo.

    -Eu acho que vocês não me ouviram.- As palavras se misturaram com um ar desesperado  que saía com dificuldade de meus pulmões.

    -Ouvimos sim. Ele tem uma filha e te convidou para vê-la. Eu não me surpreendi muito, na verdade.- Henry repetiu a informação.

    A fato de que Kyro se envolveu com outras pessoas e chegou a fazer coisas extremas com elas me deixava enjoado.

    -Não podem falar com Justin sobre nada. Não quero que ele saiba.- Pedi, engolindo em seco.

    -É justo. Ele também não te disse muitas coisas, mas tem uma diferença de informação.

    A afirmação de Aloy me deixou confuso, me fazendo olhá-la.

    -O que você quer esconder tem um impacto bem maior do que os segredinhos dele. Eu tomaria cuidado.- Explicou e me deixou apreensivo.

    -Eu vou tomar cuidado.- Eu assegurei, mais para eles do que para mim mesmo.

    A confiança que eu tinha em mim era pouca, o que me deixava preocupado. Como eu poderia manter um segredo se eu não confiava em mim mesmo para isso?
    A porta se abriu e nós três tivemos a visão de Justin entrando na sala. Ele franziu as sobrancelhas, alternando o olhar para cada um presente no recinto.

    -O que foi?- Perguntou.

    -Nada.- Aloy e Henry falaram juntos em coincidência.

    Eu apenas desviei o olhar e fiquei quieto, sentindo um nó na garganta e um sentimento que gritava para que eu falasse tudo o que estava acontecendo.
    Falasse tudo o que iria acontecer.

    -Eu demorei, mas cheguei. Vou subir.- Falou com pressa, sem olhar diretamente para nós.

    Ele nem dera tempo para respondermos. Os passos pela escada eram apressados, mas eu só deixei de lado.
    A única coisa que pairava infinitamente na minha mente era aquela conversa e o rumo que aquilo tomara...

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