I Think I Need You

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    Se apaixonar é algo tão improvável de acontecer. Você nunca sabe o que poderá sentir por certa pessoa.
    E, algumas vezes, o sentimento é tão confuso e nublado que é preciso um impulso para que seja descoberto o que realmente é sentido.
    Foi poucas as vezes que eu me apaixonei, mas eu nunca tinha ficado confuso sobre meus sentimentos.
    Tudo tem uma primeira vez, certo?

    Meus pensamentos foraam deixados de lado quando percebi a inquietação de Jacob.

    -Qual o problema?- Perguntei, notando o seu olhar pensativo sobre a água do lago.

    -Nada, eu só...- Se interrompeu ao olhar brevemente para mim.

    Ele desviou o olhar rapidamente, com o rosto corado. Dei um sorriso pequeno e com um duplo sentido meio imperceptível.

    -Não quero que seu terno tenha qualquer defeito. Você mesmo deixou isso bem claro para mim.- Expliquei, fazendo-o revirar os olhos.

    -Ainda bem que você está com a cueca.- Murmurou, pensando que eu não iria ouvir.

    -Não sei, acho que você preferiria que eu estivesse sem ela.- Murmurei em resposta, perto de seu ouvido.

    Ele me deu um leve empurrão, ficando mais desconfortável que antes, me fazendo gargalhar.

    -Pode entrar primeiro.- Falou, cruzando os braços.

    -Primeiro as damas.- Cantarolei e ele olhou irritado para mim.

    -Eu ainda vou te afogar nesse lago, baka.- Ameaçou e eu ergui levemente uma sobrancelha, duvidando de suas capacidades.

    Fingi um suspiro, desviando o olhar para outro ponto de vista. Eu sabia que ele olhava para mim, de forma concentrada e atenta, tentado ver o que eu poderia fazer.
    Segurei um sorriso de canto e me movi rapidamente, pegando o braço de Jacob e arrastando-o para perto da margem do lago.

    -Não! Me solta!- Ele gritava, com um sorriso involuntário no rosto

    Empurrei ele, que caiu na água cristalina do lago. O que antes parecia um espelho intacto, agora se agitava onde o garoto se movia.

    -Não esperava por essa, não é?- Perguntei ironicamente, vendo seus braços se mexerem deseperadamente.

    Não houve resposta e eu percebi que a situação não ocorreu do jeito que eu esperava.
    Isso definitivamente não estava nos meus planos.
    Pulei no lago, entrando na água gelada contra o meu sangue fervente de adrenalina.
    Minha mão se fechou contra um dos braços inquietos de Jacob, que não parou de remexer no lugar.

    -Jacob! Jacob!- Gritei contra os seus gritos de desespero.

    Ele tentava claramente se soltar do meu aperto em seus braços.

    -Hey, olha pra mim!- Gritei novamente, agora agarrando sua cintura e juntando seu corpo ao meu.

    Os movimentos finalmente cessaram e o castanho de seus olhos encontraram o âmbar dos meus.
    Suas mãos repousadas em meus ombros tremiam e sua respiração estava pesada e ofegante.
    Eu pude sentir as batidas aceleradas do seu coração contra o meu peito.

    -Não me diga que você não sabe nadar.- Pedi, observando ele fechar os olhos e suspirar.

    -A água não é a minha melhor amiga.- Disse, com a voz áspera.

    -A profundidade não é a sua melhor amiga.- Corrigi e ele abriu novamente os olhos.

    Seus braços rodearam o meu pescoço e ele me abraçou apertado como se nunca mais fosse me soltar.
    Beijei o seu ombro desnudo e senti o seu corpo arrepiar com o contato.
    Naquele momento, eu sentia como se ele fosse algo frágil e que poderia quebrar facilmente, como um vaso ou uma taça de vidro.
    Era como um pequeno animal, que não sabia como sobreviver no mundo e precisava essencialmente de você para ensinar e cuidar dele.
    Não que isso já tenha acontecido antes. Isso nunca aconteceu.
    Jacob não era frágil, não no meu ponto de vista. Antes de chegar nesse mundo, ele era forte e lidava muito bem com os seus problemas.
    Mas nem sempre ele era feito de ferro e obviamente tinha os seus momentos vulneráveis, os quais eu presenciei e pude ver com os meus próprios olhos.
    E com a chegada dele nesse mundo, foi como se as suas muralhas se desgastassem e ficassem enfraquecidas.
    Eu gostava disso. Gostava do jeito que ele ficava sentimental, mas eu também considerava seu mal temperamento da mesma forma.
    Eu reconhecia a forma como ele se expressava, seja ela boa ou ruim. Eu era o seu admirador secreto, que ficava confuso quando ficava perto da sua presença e odiava admitir isso.
    Assim como ele, eu também tinha muralhas que poderiam ser derrubadas facilmente, apenas dependendo do jeito que você tenta derrubá-las.
    Ele sabe como fazer isso tão bem e nem ao menos sabe que o faz.
    Seu corpo se afastou e seu olhar encontrou o meu novamente.

    -Não me solta.- Pediu, em um tom baixo de voz, que era como música para meus ouvidos.

    -Não vou.- Garanti, com a voz firme.

    Eu não deixaria o meu mundo escapar de meu aperto por nada.
    Senti as suas pernas envolvendo o meu quadril e os nossos corpos ficaram colados de uma forma que eu não sabia ser possível.
    Nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir a respiração calma dele se misturando com a minha.

    -Você tá muito perto.- Sussurrei rapidamente, quase embolando as palavras.

    -Essa é a intenção.- Respondeu também em um sussurro.

    Engoli em seco, sentindo seus lábios tocarem nos meus. Com o toque tão suave e macio, eu tive os antigos sentimentos voltando à tona e me surpreendendo.
    Os mesmos sentimentos no qual eu senti há muito tempo, em uma adolescência rebelde com nenhum objetivo para o futuro.
    Aqueles os quais morreram e foram enterrados junto com o corpo da minha maior paixão, mas que voltaram com a certeza do começo de uma nova era.
    A era que haveria um novo amor, esperando para que fosse desfrutado.

    -Kyro...- Ele arfou contra meus lábios.

    Eu voltei para o presente e ataquei sua boca com uma vontade e necessidade extrema.
    Minhas mãos passearam pelo seu corpo, indo da cintura até as coxas e sentindo o que eu podia de sua pele exposta.
    Ele retribuía com os dedos entrelaçados em meus fios de cabelo e alguns arranhões em minha nuca, o que provocava a vontade de contato corporal.
    Eu sentia um calor peculiar que era causado pelo atrito de nossos corpos e que a água fria do lago não conseguia diminuir.
    Nos separamos pela falta de ar em nossos pulmões, mas a minha boca queria explorar cada pedaço de seu corpo e foi diretamente para o seu pescoço.
    Um gemido abafado foi escutado por mim quando eu mordi a sua pele macia e perfeita.

    -Pode me fazer um favor?- Sussurrei roucamente perto de seu ouvido.

    -Sim...- Afirmou, se segurando para não emitir nenhum som.

    -Não desista de mim.- Pedi, com um estranho tom de súplica.

    Me afastei para olhar sua expressão facial e fiquei satisfeito com o que vi.
    Ele mordia o lábio inferior com certa força, deixando-o mais inchado e avermelhado. Suas bochechas rubras se destacavam e seus olhos estavam fixos em mim, as pupilas dilatadas e escuras de um prazer inevitável.
    Me apossei novamente de seus lábios, agora com mais delicadeza e suavidade, provando atentamente o gosto que sua boca tinha.
    Eu não era o mesmo, não naquele momento. O antigo Kyro não agiria dessa forma, mas ele foi transformado em outra pessoa.
    Uma pessoa mais acessível e vulnerável. Uma pessoa frágil, mesmo que o mínimo possível.
    E durante o beijo, por míseros segundos, eu pensei no causador dessas características tão distintas, o qual eu sabia exatamente o que era...
    Ou melhor, quem era.
    O garoto em minha frente, que estava sendo segurado por mim e que correspondia os meus toques com tanta intensidade...
    Jacob, e sempre fora Jacob, em qualquer ocasião...

...

Mano, isso foi a coisa mais intensa que eu já escrevi na minha vida, juro por Deus (talvez eu já tenha escrito algo mais intenso, mas n lembro).
Muitas pegações no laguinho. :P
E por ironia do destino, eu tô neste exato momento no banheiro, fazendo minhas devidas necessidades.
Seria cômico, se não fosse trágico.
Eh isto.
Bye ;3

HallucinationOnde histórias criam vida. Descubra agora