She's Kinda Antihero

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    A sensação de cansaço e angústia no corpo é a pior das sensações; se esforçar mesmo assim para um bem maior era bem pior, mas sua cabeça te deixava vivo, lembrando daquele único propósito.
    O propósito no qual você podia dar a vida para proteger. Cada passo, cada pequeno movimento e até mesmo o ar que você respira. Tudo para salvar aquele bem precioso, como se fosse o seu coração prestes a ser esmagado.
    Para não repetir o erro de perder alguém, para não repetir o erro de perder a pessoa mais importante da sua vida novamente.

    -Entenderam tudo?- Basten perguntou para nós.

    Olhei para Kovu, que correspondeu meu olhar. Concordamos com um aceno indiferente.

    -Ótimo. Pode ir na frente.- Disse, olhando para o loiro inquieto ao meu lado.

    Kovu não disse nada, apenas obedeceu, saindo do beco escuro em que estávamos.

    -Pegue leve com ele.- Falou, olhando para a entrada do beco pensativamente.

    -Não se preocupe, eu quero ficar longe de problemas.- Cruzei os braços, sentindo um arrepio involuntário passar pelo meu corpo.

    Seu olhar se fixou em mim, mais aliviado e simpático, como sempre era.
    Ele se aproximou e repousou sua mão em meu ombro, dando um sorriso quase imperceptível.

    -Salve Jacob, Kyro. Salve ele como você me salvou.- Disse, me incentivando de alguma forma.

    Assenti com a cabeça, deixando que ele se afastasse e saísse do beco.
    Eles deixariam a tarefa mais difícil nas minhas mãos, as mãos de um doente perto de sua morte.
    Suspirei, fechando os olhos para tomar fôlego e preparar o corpo para o que estava por vir.
    Por fim, eu finalmente saí de dentro da escuridão assim como os outros, forçando o meu corpo a não fraquejar.

/--/

    Mesmo com toda a determinação que reuní, não foi suficiente para impedir a ardência na corrente sanguínea.
    Estávamos em uma área menos movimentada do castelo Noutsi, tentando entrar sem chamar atenção.
    A sensação de minha pele sendo fisgada e espetada como a ponta de anzóis pontiagudos era agoniante, porém inegável.
    Não havia muita coisa para fazer em relação a isso, eu tinha que deixar o impacto me atingir. Eu apenas não poderia deixar que aquilo me derrubasse.

    -Merda.- Murmurei, cerrando os dentes. -Vocês não podem destruir a porcaria dessa parede de uma vez?

    -Podemos subir até aquela janela.- Basten apontou, localizando uma das janelas mais próximas do chão.

    -É muito alto.- Comentei, encarando fixamente o nosso objetivo.

    -É o único jeito. Agora levante, rápido.- Mandou se virando para me ajudar a levantar.

    Peguei a sua mão estendida e consegui ficar em pé, mesmo com as alfinetadas sufocantes em meu corpo.

    -Se não conseguir chegar até lá, Kovu pode te ajudar.- Disse, fazendo o loiro olhá-lo surpreso.

    Me diverti internamente com a expressão inacreditada dele, mas não demonstrei.
    Kovu estava quieto desde que saímos de casa. Suas asas estavam visíveis e encolhidas em suas costas, esperando para serem usadas.

    -Não preciso de ajuda, estou bem.- Neguei a proposta e minhas mãos foram até os tijolos desgastados do castelo.

    Com um esforço maior que antes, ativei minhas garras. Era mais dolorido agora, avisando que eu não tinha muito tempo.
    Mesmo assim, escalei a parede sem olhar para baixo. Eu sabia que Basten estava logo atrás de mim.
    Kovu ficaria no chão até que nós chegássemos, vigiando e tendo certeza que não havia ninguém nos observando para atacar.
    Quando senti a batente da janela debaixo de meus dedos, percebi o quão ofegante eu estava. Agarrei a batente com as duas mãos, abrindo a janela e pulando para dentro de qualquer jeito.
    Permaneci deitado no chão, não me importando com os corredores que poderiam estar cheios de guardas.

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