Morning Walk

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    Você já se sentiu como se o seu corpo não estivesse como você queria? Como se ele estivesse morrendo por fora enquanto você está consciente de tudo, mas não pode fazer absolutamente nada.
    Era assim que eu me sentia, todos os dias sem exceção. A única coisa que me deixava respirando era uma pessoa.
    Uma pessoa incrível que sabia o seu destino, mas queria mudá-lo de qualquer forma. Mesmo sabendo que era impossível.
   Era praticamente impossível, mas ela continuava te levantando e dizendo que não vai acontecer.
    Ela ainda tinha uma grande fé carregada sobre você...

    Jacob desceu as escadas correndo, mas eu apenas abri minimamente um olho, observando a esperança em sua face.

    -Kyro, não quero voltar agora, por favor!- Implorou, se ajoelhando ao lado da cama.

    -Não pode ficar aqui para sempre. Esse lugar não te pertence.- Murmurei, sentindo a minha garganta protestar o esforço para a fala.

    -Como tem tanta certeza?- Perguntou o pequeno, e eu revirei os olhos incoscientemente. -Você me transformou em alguma coisa, só não quer admit...

    -Chega!- Consegui aumentar o tom de minha voz. -Não quero saber, você vai embora hoje e nenhuma desculpa vai me fazer mudar de ideia.

    Ele me encarou profundamente nos olhos e inclinou a cabeça para o lado.

    -Não pode se livrar de mim assim tão fácil.- Murmurou e seu tom ficou mais baixo e firme. -Eu não vou a lugar nenhum, Kyro.

    Suspirei e fechei meus olhos, começando a contar de 1 até 100 mentalmente.

    -Por que quer ficar aqui?- Sussurrei, não entendendo a sua forte insistência.

    Eu não pude ver sua aproximação por estar de olhos fechados, mas senti sua respiração na minha bochecha.

    -Quero passar cada minuto restante com você.- Sussurrou de volta, como se fosse um segredo.

    Engoli em seco ao sentir seus lábios sobre a minha bochecha em um curto período de tempo.

    -Você tem noção de quanta coisa está arriscando?- Abri os olhos, ajeitando a cabeça no travesseiro para vê-lo melhor.

    -Eu não me importo mais.- Disse simplesmente, dando de ombros.

    Um silêncio incômodo se instalou no ambiente. Eu não sabia o que dizer e apenas deixei que meus pensamentos vagassem sem rumo.

    -Consegue levantar?- Perguntou e abaixou a cabeça logo em seguida.

    Soltei uma risada ao ver que o garoto tinha vergonha de tal ato.
    Impulsionei o corpo para cima e depois de certo esforço, consegui me sentar e apoiar as costas na cabeceira.

    -Essa pergunta foi extremamente impensada.- Comentei e vi o medo em sua face. -Mas respondendo: sim, consigo me levantar.

    Os seus ombros relaxaram, assim como os músculos do rosto. Soltei um sorriso quase invisível e me mexi para sentar na beirada da cama.

    -Tem certeza que consegue?- Murmurou e eu suspirei, lançando meu olhar até seus olhos.

    -Se duvidar mais uma vez das minhas capacidades, não iremos a lugar nenhum.- Falei.

    -E vamos para algum lugar?- Perguntou, franzindo o cenho.

    -Vamos dar uma volta. Vai ser rápido, não se preocupe.- Com a resposta, pude me levantar da cama e ficar frente a frente com ele.

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