A New Friend

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    Fogo. Era tudo o que eu via. Tudo estava em chamas e eu estava no meio daquele inferno.
    O lugar era feito de madeira e aquilo serviu de combustível para que o fogo se multiplicasse cada vez mais.
    Eu ouvi um grito e não vinha de tão longe. Procurei por uma brecha no meio daquela encruzilhada e achei uma porta não muito longe de onde eu estava.
    Fui até ela com alguma dificuldade e ao abri-la, vi uma menininha encolhida no canto do cômodo em chamas.
    Me aproximei e coloquei a mão em seu ombro, fazendo com que ela me olhasse com medo no olhar.

    -Não deixe que me levem, por favor.- Ela implorou e pude ver lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

    Era ela novamente, mas sem o sorriso familiar. Aquele sorriso, eu finalmente sabia de quem era...

    Kyro. Era igual ao de Kyro.

    Acordei em um pulo, com o coração a mil.

    -Hey, relaxe.

    Olhei para o dono daquela voz tão calma. Ele estava sentado ao meu lado com a mão no meu ombro.
    Seus cabelos loiros chegavam até um pouco acima de seus ombros e seus olhos azuis claros eram penetrantes e diziam mais do que palavras poderiam dizer.

    -Onde estou? Quer dizer, onde estamos?- Perguntei, ainda um pouco confuso.

    O lugar era bem pequeno e tinha uma prateleira com alguns...materiais de limpeza?

    -Eu não sabia onde era a sua casa, então eu te trouxe para a sua escola. Aqui deve ser algum depósito de limpeza.- Explicou, olhando novamente para mim, torcendo os lábios. -Desculpe, esse era o lugar mais calmo que achei.

    -Aliás, quem é você?- Perguntei, percebendo que eu estava conversando com uma pessoa totalmente desconhecida.

    -Ah, realmente. Me esqueci de me apresentar.- Se desculpou e estendeu a mão. -Sou Kovu, amigo de Kyro. Prazer em te conhecer, Jacob.

    Apertei a sua mão, cumprimentando-o. "Então ele era um dos amigos de Kyro?".

    -O que está fazendo aqui?

    Ele soltou uma risada antes de responder.

    -Te salvando, não é óbvio?- Respondeu com um sorriso no rosto. -Kyro me pediu para te seguir até o restaurante e se assegurar de que você estaria bem.

    -Você que me tirou de lá?- Ele apenas assentiu com a cabeça, concordando. -Bom, então obrigado por me salvar.

    -Não foi difícil lidar com eles. Rastreadores sempre são lerdos demais.- Ele revirou os olhos. -E eu queria te conhecer, apesar de tudo isso.

    Dei um sorriso torto para ele. A sensibilidade das minhas pernas tinha voltado acompanhada de dor e aquilo estava me matando.

    -Vamos sair daqui. Se apoie em mim.- Falou e eu passei meu braço pelo seu pescoço.

    Seu braço envolveu minha cintura e juntos saímos da sala apertada e com cheiro de lavanda.
    Ficamos em silêncio em todo o caminho até a saída do colégio, tirando algumas vezes em que eu resmunguei de dor.

    -Ah cara, ainda falta muito.- Reclamei, sentindo pontadas de dor nas pernas.

    -Tive uma ideia. Posso?- Perguntou olhando para mim.

    -Se conseguir amenizar a minha dor, vá em frente.- Liberei o que quer que fosse da parte dele.

    Sem aviso prévio ele se abaixou e passou o braço livre por baixo dos meus joelhos, me pegando no colo e voltando a andar calmamente.

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