Para melhorar ainda mais o meu dia, ou melhor, a minha manhã, a Lu veio me falar um monte de coisas. Eu entendo que ela é a melhor amiga do Re e só está tentando proteger ele. Eu juro que eu entendo. Mas e o meu lado? Quem entende? Quem entende que eu estou confusa? Quem entende que talvez eu não saiba lidar com relacionamentos ainda? Eu nunca foi de interagir com as pessoas, de beijar, de ficar, tudo isso é muito novo para mim.
Respirei fundo quando a Lu saiu de perto de mim e fui direto pra sala, minha vontade era de chorar tudo que eu não chorei a minha vida inteira. Mas eu estava começando a cansar de ser frágil. Minha cabeça já doía. Era só o que me faltava. Sentei em um lugar no fundo e "assisti" todas as aulas. Por uma luz divina eu não teria aula no período da tarde mais então decidi ir direto para casa. Não estava com saco para ficar naquele lugar. Mas nada é como a gente planeja, não é mesmo? Eu estava saindo da faculdade às pressas, louca pra chegar em casa até um Jeep que eu conhecia muito bem parar ao meu lado.
-Maria.. -ele disse buzinando e eu ignorei e continuei andando- Maria Luíza, não me ignora. Quero falar com você. -ele disse e eu me virei para ele respirando fundo-
-O que você quer Luiz? Me chamar de vadia na festa da coleção da sua mãe não foi o suficiente para você? -eu me virei para ele já gritando. Que merda de dia.-
-Eu quero falar com você. É sério. -ele disse segurando meu braço-
-Não encosta um dedo imundo seu em mim. -eu disse encarando ele é puxando meu braço para que ele me soltasse-
-Eu quero te pedir desculpas. Por tudo que eu fiz. Eu estava cego. Eu acreditei em tudo que a Clara me disse e ela não presta Malu. Você não sabe o que ela tem aprontado. -ele disse me olhando e eu soltei uma risada irônica-
-Ótimo, já pediu desculpas! Agora some da minha vida. -eu disse voltando a andar-
-Maria Luíza, eu estou falando sério com você. -o Luiz gritou e eu parei com medo-
-Você tem dois minutos. -eu disse tentando me acalmar-
-Eu estou te pedindo desculpas de coração. Eu fiquei enlouquecido quando vi você mais o Renan juntos naquela festa. Minha mãe não fala comigo desde aquele dia. Ela tem um carinho enorme por você. Eu não sei se algum dia eu vou ser capaz de reparar o que eu fiz, mas você é boa. Você é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida. -ele disse me olhando nos olhos e pela primeira vez eu senti verdade no que ele dizia- E eu preciso muito da sua ajuda. A Bia tá usando drogas. -ele disse e eu o encarei por alguns segundos-
-Olha Luiz, você tá desculpado. Só quero ficar na minha agora. -eu disse olhando ele sem expressão alguma- E sobre a Bia? A amiga dela é a Luana.
-Será que você tá entendendo a gravidade do que está acontecendo Malu? -ele me olhava-
-Eu não posso fazer nada por ela, ela nem se quer gosta de mim. Ela não pensou duas vezes antes de unir com a Clara para ferrar minha vida. Eu tenho que ir embora. -eu disse voltando a andar-
-Será que dá pra você tentar me ajudar? Você nunca pode ajudar. -ele disse e eu fiquei com muita raiva-
-Claro! Eu nunca posso ajudar. Eu nunca faço nada por ninguém. Eu tenho mesmo que morrer sozinha. Eu sou mesmo uma pessoa egoísta e ruim que só penso em mim. -eu me virei e voltei a andar dessa vez mais rápido. Mas parei no meio do caminho- Eu quero muito ajudar você - eu disse com meus olhos marejando- mas eu estou tão cheia de mim mesma que eu posso explodir a qualquer momento.
-O que está acontecendo? -ele disse me olhando-
-Eu não aguento mais isso aqui. Eu passei dezoito anos da minha vida me escondendo das pessoas por que eu tinha medo e quando eu finalmente acho que perdi o medo, olha o que me acontece? -as lágrimas já rolavam no meu rosto- Minha vida tá de cabeça pra baixo. Eu não sei mais quem é a Maria Luíza que chegou em Bh há uns meses atrás. Eu me olho no espelho e não me reconheço. Eu só quero ir pra casa. -eu disse me sentando no cantinho da rua e deixando as lágrimas rolarem- Eu sei que você não tem nada a ver com isso, e que você veio me pedir ajuda. Mas olha pra mim, eu estou incapaz de me ajudar. Não sei o que eu poderia fazer pela Bia. -o Luiz me olhava atentamente. Eu estava destruída de um jeito que eu nunca estive antes-
-Vem, eu vou te levar para casa. -ele disse se ajoelhando de frente pra mim é dando um beijo no topo da minha cabeça- Eu não sabia que as coisas estavam indo tão mal assim. O Gusta não me dá mais notícias de você. -ele disse e eu não conseguia parar de chorar.- Malu, você tá me assustando vamos embora. Por favor. - ele disse segurando minhas mãos e me puxando de leve-
Por fim, eu consegui me acalmar um pouco e entrei no carro com ele que não ousou falar mais nada até chegar no apartamento.
-Você vai ficar bem? -eu fiz que sim com a cabeça- Não quer que eu suba um pouco com você não?
-Obrigada, não precisa. -eu disse limpando meu rosto- Eu vou ligar pra minha mae. Vai ser bom falar com ela. E vou ver no que consigo te ajudar. Vou tentar conversar com a Bia. -eu disse dando um sorriso sem mostrar os lábios-
-Tudo bem então. Sabia que podia contar com você. -ele disse e eu sai do carro. Mandei um xau com a mão pra ele e entrei no apartamento-
Já subi chamando o número da minha mãe. Tudo que eu precisava agora, era ouvir a voz dela.

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Roman pour AdolescentsSinopse: Maria Luíza ou Malu como prefere ser chamada, é uma garota rica, que sempre teve tudo que quis e precisou. Porém, sempre foi muito tímida, conservadora e fechada, o que não a ajudava muito no quesito amizade. Agora, aos 18 anos, ela vê sua...