Capítulo 7

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-Thiago, é sério! Vamos perguntar a alguém! Já estamos atrasado. -eu segurei o braço dele como se pedisse para ele prestar atenção em mim-

-Quer pedir ajuda? Vai lá e pede. Mas vai sozinha! -ele disse seco e eu o olhei desacredita. O que eu tinha feito pra ele? Por que ele tava me tratando tão mal?

Eu sei que eu não sou a pessoa mais sociável e simpática do mundo, mas eu prometi para mim mesma e pior, prometi para minha mãe que tentaria fazer as coisas um pouco diferente. Mas se ele não quer paz, ótimo, um a menos para eu precisar ser simpática.

-Tudo bem! Eu vou mesmo. -eu disse saindo de perto dele com muita raiva e pisando firme.-

Andei ao contrário por uns 5 minutos, tentava ligar o GPS pra andar por aquele lugar, eu estava completamente distraída até trombar com alguém.

-Ai me desculpa. -eu disse sem graça- Eu tô tão perdida, que nem sei mais o que tô fazendo. -Droga, eu já estava com lágrimas nos olhos e finalmente olhei para aquela BELDADE que estava na minha frente-

-Não tem problema. -ele sorriu- É caloura? -eu fiz que sim com a cabeça- De qual curso?

-Medicina. -ele me olhou com um sorriso no rosto

- Vem, eu te levo até lá! Sou do terceiro período de medicina também. -ele disse e eu finalmente consegui abrir um sorriso. Tímido, porém, sincero.

- Você não e daqui, não é mesmo? Seu sotaque é bem diferente. -ele disse me olhando-

-Eu sou do Rio Grande do Sul. Você é daqui? -eu perguntei para não parecer desinteressada

-Sou! Moro aqui desde que me entendo por gente. -ele sorriu (e que sorriso lindo)- E porque você veio para um lugar tão longe?

-Sempre sonhei em estudar aqui. -eu sorri- Não sei porque! -eu balancei os braços e ele riu-

-Bom a madame está entregue! -ele sorriu- Talvez eu ainda tenha a sorte de fazer alguma matéria com você. - ele riu e eu fiquei vermelha- Mas antes, posso saber seu nome?

-Maria Luíza, mas pode me chamar de Malu. E o seu? - eu disse tentando não manter muito contato visual, mas não tinha jeito, ele tinha belos olhos.

- Gustavo. -ele sorriu- Prazer!

-Prazer, mas agora eu tenho mesmo que ir, tô quinze minutos atrasada. -eu disse meio afobada. E entrei na sala sem me despedir.

Quando virei de frente para a turma, todos me encaravam. Eu não sabia onde enfiar minha cara, sempre fui isolada e sempre tive a regra de: SEJA INVISÍVEL E NÃO CHAME A ATENÇÃO! Achou e vou ter que voltar a treinar isso um pouco mais.

-Me.. me desculpa. Eu sou a Maria Eduarda. -eu disse gaguejando e senti minhas bochechas corarem-

-Seja bem vinda Maria. -o professor me olhou- Sente-se e fique a vontade. - ele disse irônico e eu fiquei ainda mais constrangida.

Tratei logo de arrumar um lugar para eu sentar, e ele voltou a dar sua aula. Prestei o máximo de atenção que eu consegui e anotei tudo que achei necessário. Agora sim, eu estava começando a sentir o espírito da faculdade.

Assisti todas as aulas, o Thiago só apareceu na metade da segunda, nem olhou pra minha cara e eu também não queria papo com ele. Anotei tudo que eu tinha pra anotar, prestei a atenção nas aulas e logo fomos liberados. Como medicina era horário integral, eu teria aula a tarde também. Mas, como era mais tarde, eu resolvi ir almoçar em casa.
Fui pra casa sozinha mesmo, cantarolando algumas músicas que eu escutava nos fones de ouvido. Cumprimentei o porteiro e subi. Cheguei em casa e nenhum dos meninos tinham chegado ainda, então resolvi fazer o almoço, como eu tinha aula a tarde e queria descansar um pouco resolvi fazer apenas um macarrão.
Estava terminando de cozinhar quando o Renan chegou junto com o Thiago.

-Olha quem está aí!- o Renan disse sorrindo, veio até mim e me deu um beijo no rosto. WHATS?- Que cheiro bom.

-Olha, o cheiro tá bom mesmo. - O Thiago disse alegre e me cumprimentou com um beijo no rosto também! OK esses garotos são loucos.

-Não sabia que vinham almoçar, então fiz só pra mim. - eu disse olhando séria pra eles

-Ah mentira, tô mortão de fome. Vamos ter que dividir. - o Thiago disse fingindo está bravo

-Também acho! Se vira Maluzinha. -ele me encarou e eu gargalhei

-Tô brincando gente, tem macarrão para todos. - eu disse terminando de mexer o macarrão e colocando em uma travessa- E é MALU! MA-LU!

-Você é pequena. Então é Maluzinha. -o Renan riu e eu revirei os olhos-

-Por que vocês ao invés de ficar atoa aí me olhando trabalhar, não vão colocar a mesa? -eu disse em tom divertido e encarei os dois

-Olha, a Malu chata voltou. - o Thiago disse sério e eu o encarei incrédula. Então eu sou a chata?-

-Não mandei você fazer nada. Pedi e na educação. Se você não quiser fazer, não faça. Afinal, quem sou eu pra mandar você fazer alguma coisa? -eu disse irônica

-Treta na hora do almoço não. Pelo amor de Deus. -o Renan disse impedindo o Thiago de me responder-
Eu e o Renan colocamos a mesa, enquanto a donzela do Thiago ficou sentado falando merda.
  Eu almocei em silêncio. Meu humor tinha acabado. A minha vontade de ser diferente tinha acabado. Eu estou aqui há apenas três dias e já me sinto exausta. Depois de almoçar, dormi um pouco, acordei as 14:00, tomei um banho rápido, vesti uma legging, uma blusa fresca, calcei meu tênis, prendi meu cabelo num rabo de cavalo, passei pó e rímel e desci. Só o Renan tava jogado no sofá (acho que o curso dele era só pela manhã), eu acenei pra ele que me mandou um beijo e eu fui para a faculdade sem esperar o Thiago mesmo.

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Oi gente, eu sou o Gustavo Moura, tenho 22 anos e curso o terceiro período de medicina.
Sou mineiro, moro em BH desde sempre e meu pai é deputado e minha mãe não faz nada. Se eu precisava está aqui? É claro que não! Mas não quero viver naquele inferno que é a minha casa. Então não vejo a hora de me formar, virar doutor e sumir da vida dos meus parentes.

 Então não vejo a hora de me formar, virar doutor e sumir da vida dos meus parentes

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