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Capítulo 33

Luana Bicalho Narrando...

A calourada estava sendo top, assim como todos os anos. Eu estava com os meus amigos, me divertindo, bebendo e cantando as melhores músicas. Eu e o Gustavo ficamos algumas vezes durante a festa. Nada demais. Ele era gato e meu amigo. Então podia!
Depois de dançar muito com as meninas o primeiro show, nós fomos pegar bebidas. Fomos até o bar, enchemos nossos copos e voltamos. O segundo show começou e nós começamos a curtir da mesma maneira, o Thiago estava com uma menina da sala do Renan (idiota) e o Renan não estava lá, por um momento, imaginei que ele estivesse com a Clara (🖕🏻), mas só então eu percebi que a Malu também não estava com a gente.

-Pelo amor de Deus gente! -eu gritei e todos que estavam próximos de nós me olhou- A Malu sumiu.

-O Renan também. -o Thiago disse-

-Mas ele não estava com a Clara? -eu disse-

-Longa história. Só sei que ele veio pra cá comigo mais a Dani, falou que ia pegar água e não voltou mais- ele disse e eu pedi a todos os santos possíveis para que o Re mais a Malu estivessem se pegando. Mas, eu e meu instinto filho da puta-

-Vou atrás dele. -eu disse e nem esperei ninguém responder-

Sai andando rumo ao bar, se tivesse tempo, ele não tinha ido tão longe.
Por sorte eu encontrei ele no bar, com um copo de tequila e um de vodka na mão, ele estava cabisbaixo e provavelmente bêbado.

-O que aconteceu? -eu me aproximei dele e tomei os dois copos de sua mão jogando as bebidas fora-

Ele se aproximou de mim com um olhar vazio. No primeiro momento, pensei que ele fosse me xingar, mas ele teve uma atitude que eu confesso que não esperava. Ele me abraçou.

-Eu não tive coragem Lu. -ele disse alto e embolado- Eu não sou homem.

Eu deixei ela escapar Lu, me ajuda! Como que eu faço para não agir como idiota pelo menos uma vez na minha vida? -ele parecia... Chorar-
Meu Deus! O que estava contorcendo? Eu abracei ele forte e fiz carinho em sua cabeça.

-Calma Re. -foi tudo que eu consegui dizer-

Ficamos assim por um longo tempo, abraçados e sem dizer nada. Ele estava muito mal e devia ter feito uma grande merda pra estar desse jeito.

Quando ele finalmente se acalmou eu levei ele até um canto mais reservado pra gente conversar melhor.

-Agora, me explica. -eu disse séria-

-Eu vir atrás da Malu, pedir ela pra não ficar com o Luiz. Mas ela não me ouviu. -ele passou as mãos no cabelo-

-Ela não ficou com o Luiz. -eu disse revirando os olhos-

-Não? -um sorriso abriu em seu rosto-

-Não! Pra falar a verdade, ela não voltou pra onde a gente estava. -eu o encarei- Você disse tudo pra ela?

-Não tive coragem. Que merda Luana. Eu vou perder a Malu desse jeito.

-O que você disse pra ela? -eu perguntei tentando ficar calma. Esse Renan é burro demais-

-Pedi, implorei pra ela ficar não ficar com ele. Mas quando ela me pediu um motivo, eu travei, não consegui falar nada com ela. Aí, ela não deixou eu falar mais nada e saiu. -ele disse mais calmo agora-

-Renan, me ouve -eu disse- lembra o que eu te disse no shopping? -ele fez que sim com a cabeça- Então. Você pode ter certeza que eu sou a pessoa que mais torce pra tudo dar certo, mas você tem que colaborar. Tá na cara que a Malu também quer você. Vocês são dois idiotas isso sim. -eu disse nervosa-

-Não me culpa Lu. Eu travei.
-Pra isso dá certo, você tem que começar sendo sincero com você mesmo. Para de negar o que você está sentindo. Para de se culpar por gostar da mesma menina que o Thiago gostou ou gosta, sei lá.

-Mais Lu, ele é o meu melhor amigo. -ele disse-

-Deixa de ser idiota! O Thiago tá nem aí se tem outro com a Malu ou não, você não viu ele com a Dani?

-Vi! Mas eles terminaram hoje. E se a Malu não me quiser?

-Quer saber Renan? Vamos embora. Essa calourada já deu tudo que tinha que dar. Amanhã a gente senta e conversa. Você me deixou irritada agora. -eu puxei ele- Mas antes, vamos procurar a Malu. Ou melhor, eu vou procurar a Malu, você volta pra onde o pessoal tá, e pelo amor de Deus sem colocar mais uma gota de álcool na boca.

O Renan assentiu e pareceu voltar para onde o pessoal estava. Procurei a Malu igual louca, por todos os lugares, liguei para ela milhares de vezes e nada. Eu estava muito preocupada com ela. Quando estava desistindo a encontrei sentada na arquibancada, olhando pro nada, com a maquiagem borrada e a cara inchada de tanto chorar.

-Te procurei igual louca. -eu disse me aproximando dela-

-Eu quero ir pra casa. -ela disse e começou a chorar de novo. Me lembrem de nunca mais sair com esses dois-

-Nós vamos embora. Chega de festa por hoje. -eu disse e sentei ao seu lado-

-Não Lu. Eu quero ir embora pra minha casa. -ela disse tentando parar de chorar- Eu tentei, eu juro que eu tentei. Mas eu não consigo ficar aqui.

-Você tá me dizendo que quer ir embora pra Porto Alegre? -eu disse e ela assentiu- Você não pode abandonar a faculdade Malu. Você sonhou tanto com isso.

-Eu me mantinha longe das pessoas para não acontecer o que está acontecendo agora. As pessoas nasceram para magoar umas às outras. -ela disse- Eu quero ir pra casa. Posso transferir minha matrícula, lá também tem medicina.

-Olha, vamos embora. Você tá de cabeça quente. Você dorme bastante, pensa em tudo que tiver de pensar e depois você toma uma decisão tá bom? -eu sorri e ela pareceu pensar

-Tudo bem. -ela disse abrindo um sorriso de lado-

Limpei seu rosto, e nós voltamos pra onde o pessoal tava. Assim que nos aproximamos, todos começaram a encher a Malu de perguntas e isso fez ela chorar ainda mais, acho que aquilo tudo era efeito do álcool, ela nunca tinha bebido aquele tanto e de algum jeito a bebida tinha que sair.

-Deixem a menina em paz. -eu disse por fim- Nós vamos embora. Não percam o resto da festa de vocês por nossa conta. -eu disse com um sorriso no rosto-

-Eu posso ir com vocês? -o Renan disse-

-Claro seu idiota. Vamos no seu carro. -eu disse dando um tapa em sua cabeça-

Nós nos despedimos do pessoal, eu dei minhas recomendações para o Gustavo ficar com ninguém, a Malu conversou um pouco com o Luiz e eu tive que segurar o Renan. E depois nós fomos embora esses dois já causaram demais por hoje.

O Renan ainda estava meio bêbado e a Malu não tinha condições de dirigir, então, eu fui dirigindo. Fomos o caminho inteiro em silêncio, o Renan não tirava os olhos da Malu que acabou dormindo no banco de trás. Agora eu tinha certeza que foi o álcool que fez aquele desespero com ela.