Capítulo 154

5.4K 450 78
                                        

-Pai por favor. Não deixa ela fazer isso comigo. -eu disse chorando ainda mais é meu pai me abraçou-

-Fica calma Malu, nós vamos resolver isso em paz. -ele disse acariciando meus cabelos e eu soluçava de tento chorar-

-Não tem conversa nenhuma. Nós vamos na faculdade hoje, pegar sua transferência e amanhã cedo vamos embora. Eu já decidi. -ela disse ríspida e alguém bateu na porta- Eu atendo.

Minha mãe foi até a sala e abriu a porta. Eu pude ouvir a voz dele. Não acredito que ele tinha vindo atrás de mim mesmo depois de tudo. Abracei no meu pai e chorei ainda mais. Ela demorou alguns minutos e logo eles entraram. Como assim minha mãe deixou ele entrar?

-Dez minutos para vocês se despedirem. -ela disse séria e eu respirei fundo tentando parar de chorar-

-Vai lá conversar com ele. Eu vou conversar com sua mãe. Ela não vai fazer isso com você. Eu também sou seu pai. A decisão não é dela, é sua. -ele disse dando um beijo na minha testa e eu balancei a cabeça positivamente-

Soltei meu pai, me levantei, limpei meu rosto (o que não adiantou nada. Como eu era branca, eu estava muito vermelha) e sai do quarto. Meu pai fechou a porta assim que eu sai.

-Eu vir atrás de você Malu. Vim atrás porque eu não quero ficar longe de você, se você não quer contar nada pra os seus pais agora, eu te entendo. -ele disse e eu o olhei sem entender. O que minha mãe disse pra ele afinal de contas?- E eu tenho uma coisa pra te perguntar. -ele se aproximou de mim e segurou meu rosto- Fica comigo pra sempre? -ele levantou até perto de mim uma aliança de ouro. O que era aquilo? Aí meu Deus! Tudo menos isso! Tudo menos isso!- Casa comigo Malu?

Gabriel Ferraz Narrando...

Acordei no outro dia em uma puta ressaca, porém, decidido. Eu ia hoje, na casa da Malu e mostrar pra ela tudo que ela significa na minha vida.
Levantei rápido, tomei um banho rápido frio (mesmo com o tempo frio lá fora) só pra ver se a ressaca passava. Vesti minha "roupa de médico", passei perfume, arrumei meu cabelo, peguei minha carteira, chave e celular e sai do quarto. Cumprimentei a Lúcia e só tomei umas três xícaras de café. Dei um beijo na Lúcia e sai com pressa.
Fui direto pro consultório e fiquei lá a manhã inteira. Fiz meu serviço sem conversar muito, eu não queria perder meu foco. Nem vi a Carla (ainda bem).

Assim que deu meu horário, eu sai às pressas e fui direto para uma joalheria. Queria muito que a Duda me ajudasse a escolher, mas não ia ser possível. Eu precisava fazer isso o mais rápido possível. Eu estava sentindo que alguma coisa estava prestes a acontecer. Não sei o que. Só sabia que precisava fazer isso.
Com a ajuda da moça, escolhi uma aliança que era a cara da Malu e que eu tenho certeza que a Duda também escolheria essa (sim eu me importo com a opinião da Duda). Paguei as alianças, a moça me desejou sorte (eu ia precisar) e corri pra casa da Malu.

Cheguei lá em menos de dez minutos, estacionei na porta mesmo. Cumprimentei o porteiro e subi pela escada. Eu estava eufórico. Toquei a campainha umas duas vezes e a mãe da Malu me atendeu.
Ela me encarou de um jeito nada agradável.

-O que você quer? -ela perguntou ríspida-

-Eu preciso falar com a Malu. Me desculpa bater aqui bem na hora do almoço, mas é muito sério. -eu disse e ela me comeu com os olhos-

-A Malu tá ocupada. -ela disse fechando a porta mas eu travei a mesma-

-Eu não sei o que a senhora tem contra mim. Mas não vou aceitar que me impeça de falar com ela. -eu disse ficando sério também, que abriu um sorriso irônico. Se os meus pais são rude, imagina a mãe da Malu.-

-Você tem dez minutos. Depois, some! A Malu não quer ver você. -ela disse e eu dei de ombros.-

Ela deu espaço e eu entrei.

-Espera aqui que eu vou chamar ela. -ela disse saindo de perto de mim logo depois de fechar a porta e sair da sala.-

A casa estava completamente silenciosa e com um clima pesado. Eu me perguntava a todo instante o que tava acontecendo.
A Malu logo apareceu, seu rosto estava muito vermelho. Aí eu quase entrei em desespero. O que estava acontecendo naquela casa? O eles estavam fazendo com a minha Malu? Seu olhar estava frio, e embora ela estivesse com as bochechas vermelhas por causa do choro, ela estava ainda mais branca e seus olhos ainda mais claro (embora vazio e frio).  Eu não podia mudar de ideia, mesmo vendo ela naquele estado. Eu tinha certeza que era a coisa certa a fazer.

-Eu vim atrás de você Malu. Vim atrás porque eu não quero ficar longe de você, se você não quer contar nada pra os seus pais agora, eu te entendo. -eu disse de uma vez e ela agora me olhava confusa, meu coração estava disparado, a ponto de infartar, mas eu prossegui- E eu tenho uma coisa pra te perguntar. -eu me aproximei dela, quase colando nossos corpos, e segurei seu rosto- Fica comigo pra sempre? -procurei a aliança em um dos meus bolsos e encontrei. Tirei ela da caixinha ali mesmo. A Malu estava paralisada. E eu levantei a aliança até próximo dela-Casa comigo Malu?
Ela me encarou por alguns minutos. Nosso tempo tava acabando, eu precisava de uma resposta.

Por fim, ela segurou minha mão com a aliança e a fechou, como se quisesse que eu guardasse o anel. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela se aproximou um pouco mais de mim e me deu um selinho demorado.

-Eu tô indo embora Gabriel. -ela disse e abaixou a cabeça logo em seguida-

-Como assim indo embora? -eu perguntei sem entender-

-Vou voltar pra POA. Amanhã. -ela disse fazendo força para não chorar e meu mundo desabou. Não acredito que aquilo estava acontecendo-

-Mas e a Faculdade? E nós? -eu disse segurando o rosto dela, fazendo ela me olhar.-

-Eu não posso ser adulta agora Gabriel, eu espero que entenda. -ela se soltou de mim e se sentou no sofá, de costas pra mim.- Eu amo você, de um jeito que eu jamais imaginei amar alguém. Você me ensinou muita coisa. Mas acredito que não sou eu quem vai fazer você feliz. -ela soluçava e meu coração? Ah, esse estava partido!-

-O que tá acontecendo Malu? Me explica! -eu quase supliquei-

-Não tá acontecendo nada. Você não tá vendo no que estamos no metendo? Seus pais me odeiam, minha mãe vai me levar embora porque eu amo você. Acho que eu não acredito mais que temos que ficar juntos.

-Malu. Não faz isso com a gente. -eu disse-

-Eu tenho que arrumar minhas coisas. -ela disse limpando os olhos- Não esquece de mim não. Não esquece que eu te amei e te amo com todas as forças e do jeito mais puro que se pode amar alguém. E não esquece, principalmente, de ser feliz. E que a culpa de nada disso é nossa, nós não temos culpa de amar, não temos culpa de ser exceção na maioria das regras. Só não era pra ser. -ela disse voltou a chorar.-

Eu estava sem palavras, queria ir lá e cobrar dos pais dela, brigar com eles e falar que eu a amava e tentar mudar tudo. Mas eu não podia. Eu sabia que eu não podia. Eu a queria, mas eu a queria bem. Bem consigo, bem com os amigos e principalmente bem com a família.  Talvez se eu não tivesse insistido tanto pra ela contar aos seus pais, isso não tinha acontecido.

Eu apenas sai de lá, com meu coração, minha dignidade e minha vida quebrada em pedacinhos.

Permita-se |Onde histórias criam vida. Descubra agora