Permita-se |

Capítulo 32

-Vamos lá pra frente pra ficar todo mundo junto no segundo show. -o Thiago disse e eu assenti-

Passamos pelo bar, ele a Dani pegaram bebida e eu peguei mais água. O show ainda não tinha acabado ainda, quando chegamos próximo aos meninos, a Malu mais as menias estavam um pouco mais na frente dançando. A minha Malu, estava mais leve e mais solta, ela dançava e ria com as meninas. Por que eu deixei ela ficar com meu melhor amigo? Por que eu não tomei coragem e fiquei com ela antes de qualquer um ter a oportunidade?

-Acorda que tá saindo baba da tua boca. -o Gustavo disse estalando os dedos na minha frente e eu ri sem graça-

-Ela tá linda! -eu disse ainda olhando ela-

-Ih, se eu fosse você desencanava. -o Gusta riu e eu finalmente tirei os olhos dela e encarei ele- Pelo menos hoje.

-Por que? -eu perguntei sério. Não acredito que ela tinha ficado com o Gustavo-

-Só você não viu a troca de olhares dela com o Luiz. -ele disse- Eles quase ficaram, mas a Alice atrapalhou sem querer.

-Que merda! -eu disse- Você deu mole de ter ficado junto da Clara mais cedo.
-Eu não queria, mas foi inevitável. -eu disse cabisbaixo-

Fiquei lá com os meninos até o show acabar (o que não demorou muito), e quando eu vi que as meninas saíram de lá, eu fui atrás dela. Precisava falar com a Malu.

-Onde você vai? -o Thiago perguntou-
-Pegar mais água. -eu disse mostrando meu copo vazio-

Ele assentiu e eu fui atrás das meninas, elas pegaram bebida e a Malu ficou um pouco pra trás, ela estava distraída mexendo no celular, era o momento perfeito. Me aproximei por trás dela e segurei seu braço.

-Me solta! -ela disse se virando de uma vez e nossos olhos se encontraram, como no dia da Cozinha e como no quarto dela-

Ficamos alguns segundos nos encarando até eu quebrar o silêncio

-Preciso falar com você -eu disse rápido-

-Vá falar com a Clara! -ela disse ríspida-

-Malu, por favor. -eu puxei ela pra perto de mim e acariciei seu rosto- Não fica com ele. -eu quase sussurrei-

-Com ele quem? -ela disse nervosa-

-Com o Luiz! -eu segurando o rosto dela- Malu, é sério. Não fica com ele.

-O que tá dando em você? -ela disse alto agora- Vocês falam que mulheres são complicadas. Mas olha você. Um dia é melhor amigo, me chama, me ajuda, me aconselha, no outro é idiota, babaca, que não olha na minha cara, que age como se não sentisse nada. -ela disse com lágrimas nos olhos- Me dá um, só um motivo para eu não seguir com a minha vida.

-Que caralho Maria Luíza! -eu disse alto também- Será que você pode me ouvir? Pelo menos dessa vez?

-Já acabou? -ela disse me empurrando e eu assenti. Ela parecia frustrada. Como se esperasse algo de mim- Ótimo. Agora, vá atrás da Clara e me deixa em paz. -ela saiu correndo em outro rumo-

Parabéns Renan idiota. Conseguiu tudo, menos o que queria. Custava ter aproveitado o momento de dito tudo pra ela? Custava pelo menos uma vez, parar de se preocupar com os sentimentos das pessoas e se importar com os meus?
Que inferno! Agora eu não teria nem se quer a Malu por perto.

Maria Luíza Narrando...

Eu sempre fui uma pessoa bastante reservada, nunca gostei de alguém, e eu estava descobrindo o gostar, da pior maneira possível.
Essa noite, eu estava me sentindo bem, estava me sentindo bonita e livre, eu podia dançar com as minhas amigas e beber com elas, eu podia ficar com quem eu quisesse. Mas o meu coração não deixava, tenho certeza que mesmo se a Alice não tivesse atrapalhado o meu suposto beijo com o Luiz, eu não teria beijado-o.
Eu não sei o que eu sentia pelo Renan, mas era por ele que meu corpo gritava, era pelo seu toque que a minha pele pedia e pelo seu beijo que a minha boca desejava. Por que ele veio até mim, se não tinha intenção de me corresponder? Por que ele apareceu e fez aquela sensação de borboletas no estômago (que até o momento, eu achava que tinha passado desde o ocorrido do meu quarto) voltar com força total? Por que diabos ele não disse que sente algo por mim? Porque talvez ele não sentisse. Talvez, ele só não queria que o Thiago me visse com outra pessoa. Talvez, só talvez eu criei tudo na minha cabeça e mesmo distante dele eu alimentei toda aquela expectativa de um dia poder está com ele.
Depois que ele me disse aquelas palavras, me pediu para não ficar com o Luiz, mas agiu como se não se importasse meu mundo caiu. E eu percebi o quão burra eu tenho sido. Corri no meio das pessoas, minha vista estava embaçada, as lágrimas já tinham se formado e não paravam de rolar pelo meu rosto, e eu também não queria controlar elas.
Sentei em um canto e chorei tudo que jamais chorei na minha vida. Chorei de saudade, chorei de arrependimento, chorei vergonha. Tudo que eu precisava agora era do colo da minha mãe, e chorei mais ainda ao lembrar que eu não a tenho por perto. É ali, eu tomei uma decisão pra minha vida. Eu iria voltar pra casa.