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Capítulo 155

Maria Luíza Narrando...

Eu e o Gabriel "conversamos". Sim, ele me pediu em casamento e não, eu não aceitei. Eu não podia fazer isso com ele. Eu não podia prender ele a mim sabendo que convencer minha mãe a me deixar ficar, seria algo pateticamente impossível. Acho que eu já estava me conformando.
O Gabriel saiu sem se despedir, eu só percebi quando ouvi a porta bater. Chorei ainda mais. Meu coração estava despedaçado.

Pude ouvir a porta do quarto dos meus pais se abrir. Meu pai se aproximou de mim e me abraçou.

-Você sabe que vai se arrepender do que acabou de fazer, não sabe? -ele disse eu solucei balançando a cabeça positivamente- Você sabe que noiva, sua mãe não teria direito de levar você não sabe?

-Não ia adiantar de nada. Eu fiz o melhor pra nós dois. Os pais dele me odeiam. Ele tá correndo risco de ser transferido para São Paulo porque nos descobriram na faculdade. Ele tá enfrentando sérios problemas, por minha culpa. Não é justo com ele. -eu disse entre lágrimas-

-Não é justo você abrir mão disso tudo por causa das loucuras da sua mãe. Você tem amigos aqui, coisa que você nunca teve antes. Você tem um namorado, você tem a faculdade, não é justo Malu.

-O que eu tenho que fazer então? -eu perguntei e meu pai ficou pensativo-

-Olha, eu tive uma ideia. -ele disse e eu o encarei- Você ainda tem esse resto de semana de férias. Nós vamos pra Porto Alegre, eu tento agilizar a papelada do divórcio, ver o que eu faço com as academias e nós dois voltamos. Eu venho morar com você, se você quiser, é claro. -ele disse e eu abri um sorriso-

-A ideia é ótima pai. Mas você tem certeza que quer fazer isso?

-Tenho. Vai ser bom recomeçar bem longe de lá.

-E a minha mãe? -eu perguntei-

-Ela disse que vai voltar pra casa da mãe dela. Ela quer vender a casa.

-Ah, entendi. -eu disse limpando meu rosto. Eu e meu pai havíamos encontrado uma solução. E eu já me sentia aliviada. - Vou ligar pra Alice, preciso conversar um pouco com ela e arrumar minhas coisas.

-Tudo bem. -ele beijou minha testa- Sua mãe já deve ter comprado as passagens. Ela precisa se tratar.

-Precisa mesmo. -eu disse triste e me levantei do sofá-

Agradeci mentalmente pelo meu pai ser tão "jovem" e compreensivo.
Mesmo que fosse só por alguns dias, eu não queria ir embora. Eu não fazia mais parte de POA (na verdade, nunca fiz), minha casa, meu lar e minha vida é aqui. Não foi por acaso que eu vim parar aqui.

Fui direto pro meu quarto, peguei minha mala, joguei a mesmos no chão e liguei pra Alice, que disse que chegaria o mais rápido que desse junto da Bia. Eu precisava conversar com elas. Não podia ir embora sem me despedir de quem me acolheu e esteve comigo em todos os momentos.
Tirei algumas roupas do guarda - roupas, joguei no chão e me sentei para começar a arrumar minha mala. Eu dobrava as roupas no maior desânimo possível. Sem contar que minha cabeça latejava de tanto chorar.

Uns vinte minutos depois, eu ainda estava arrumando mala (tentando na verdade) e as meninas já entraram direto no meu quarto. Estava Alice, Bia, Gusta, Duda, Thiago e Renan e eu nunca me senti tão acolhida em toda minha vida.

-Oi gente. -eu disse dobrando as roupas e colocando na mala, eles me olharam sem entender-

-Então você tá indo embora mesmo? Eu não acredito nisso. Sua mãe tem o que na cabeça? Quer saber, eu vou lá falar com ela e ela vai ter que me ouvir. -a Duda disse muito brava e o resto continuou me olhando sem entender-