Permita-se |

Capítulo 83

Gabriel Ferraz, 27 anos, professor da Malu e do Thiago.

______________________________________

Maria Luíza Narrando...

Acordei no outro dia com uma super dor de cabeça, não sei se era de tanto chorar, ou se era porque eu tinha bebido ontem. Me levantei devagar e pude ver que estava chovendo e fazendo muito frio. Ótimo jeito de começar um sábado. Fechei a janela do meu quarto e fui até o banheiro, meu rosto estava vermelho e inchado.

Tomei um banho rápido, fiz minha higiene matinal, vesti minha roupa íntima e uma calça de moletom com uma blusa de frio, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, peguei meu celular e desci. Ainda não tinha ninguém acordado, por um lado eu achava ótimo, por outro, sabia que mais cedo ou mais tarde eu ia ter de lidar com todo mundo ali, inclusive a Juliana. Resolvi fazer lasanha pro almoço. Eu sou bem preguiçosa, mas cozinho super bem quando quero.

Tomei só um leite com toddy e comecei a preparar o almoço. Quando eu estava quase terminando o pessoal apareceu.

-Eu tive que descer pra saber de onde tava vindo esse cheiro maravilhoso. -

o Thiago disse se aproximando de mim e me dando um beijo no rosto-

-Mamãe me ensinou direitinho.-eu disse retribuindo o beijo-

-O cheiro tá muito bom mesmo, mas eu teho que ir embora. -a Juliana disse-

-É, a gente combinou de ir almoçar lá na churrascaria. -o Renan disse sem me olhar-

-Eu fiz lasanha. Não sei se vocês gostam, mas acho que ficou boa. Vocês podiam almoçar aqui. -eu disse meio sem graça-

-Podia mesmo. Vão deixar eu e a Malu almoçar sozinhos? -o Thi disse-

-Se a Ju não se importar. - o Re disse olhando ela com um sorriso.-

-Claro que não! Pelo cheiro, a Malu deve cozinhar super bem. -ela disse simpática e eu sorri-

-Vamos esperar ficar pronto lá na sala. - o Re disse saindo da cozinha junto da Juliana-

-Porque você tá com essa carinha? -o Thiago disse me olhando-

-Não é nada demais. Acho que estou com um pouco de ressaca por causa de ontem também. -eu disse dando uma olhada no arroz-

-Você não me engana Malu. Seu rosto ainda tá um pouco vermelho e inchado. -ele disse segurando meu rosto- Porque tava chorando?

-O Renan disse que eu não sou mais a Malu que ele conheceu. -eu disse e meus olhos se encheram de lágrimas de novo- Eu sei que ele está chateado e com razão, e eu sei que eu fiz besteira em ter terminado com ele sem tentar resolver antes, mas eu preciso de um tempo para mim. -eu disse já chorando- Aí tem a Lu, que era quase minha mãe aqui, que não olha na minha cara.

-Não chora. -ele disse me abraçando- Eu entendo você, a Alice entende você. Nós não vamos te julgar independente da sua decisão. A gente também acha que você não devia ter terminado daquele jeito com o Renan, mas ele também não precisa agir como babaca. Acabou, ponto! Vida que segue, se for para vocês ficaram juntos, o destino vai fazer isso por vocês.

-Eu gosto dele. -eu disse limpando as lágrimas- Mas eu estou mesmo muito confusa.

-Você é muito nova ainda, vai passar por muita coisa. Vamos deixar o tempo falar. -ele disse com um sorriso e eu o abracei forte-

-Você tem sido um anjo na minha vida. -eu disse com um sorriso e ele beijou minha testa- Que bom que viramos amigos.

-É quase impossível odiar você Malu. -ele disse rindo-

-O almoço tá pronto. -eu disse mudando de assunto- Vai chamar os dois que eu vou colocar a mesa. -eu disse desligando o arroz e tirando a lasanha do forno-

O Thiago foi chamar o Renan mais a Juliana e enquanto isso eu coloquei a mesa.

O almoço foi até tranquilo. O Renan ainda me ignorava, e embora isso doesse muito, eu tentava ao máximo fingir que não ligava. Tudo que eu menos queria agora, era mais choro.
Depois de comermos até não aguentar mais, eu fui arrumar a cozinha e a Juliana se ofereceu para me ajudar. No começo eu tentei liberar ela do serviço, mas ela insistiu tanto, se fiquei sem graça de recusar ajuda dela.

-Eu sei que eu não te conheço direito. - a Juliana disse depois de um tempo que ficamos em silêncio apenas juntando as coisas- Mas eu não quero que você pense que eu sou uma intrusa na sua casa, nas suas amizades e no seu amor.

-Eu e o Renan somos passado. - eu disse começando a lavar as vasilhas-

-Ele me contou a história de vocês. E eu sei a maneira como ele te olha. Eu gosto muito de estar ficando junto com ele e com os amigos dele, mas ele nunca vai me olhar do jeito que ele olha para você. -ela disse com um sorriso no rosto-

-Por que você está me falando essas coisas? - eu perguntei meio desconfiada-

-Não quero ser sua inimiga Malu. -ela disse- Eu vejo uma áurea muito boa em você.

-Você não é minha inimiga. -eu disse com um sorriso- Ontem, quando o Gusta nos apresentou, eu odiei gostar de você. -eu disse e ela deu risada-

-E quando você desceu as escadas eu soube porque a Clara fala tanto de você. -ela disse rindo-

-Você conhece a Clara? -eu perguntei surpresa-

-Sim. Moro no mesmo teto que ela, mas soltamos faísca toda vez que nos encontramos. -ela disse revirando os olhos-

-A Clara derrubou uma taxa de vinho em mim. Não consigo gostar dela. -eu disse-

-Ela contou isso lá em casa e nós brigamos. Eu nem te conhecia. -ela riu- Mas achei ela muito babaca.

-Vou ser obrigada a concordar com você. -eu ri também-

Nosso papo ficou animado. Parecia que a gente já se conhecia há tempos. Ela era muito simpática, muito sincera e eu estava gostando disso.

Terminamos de arruma da cozinha rapidinho e eu decidi ir para o meu quarto. Não queria atrapalhar o casal. Dormi a tarde praticamente toda. Acordei horas mais tarde com o meu celular apitando sem parar.