Capítulo 39

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Maria Luíza Narrando...

Levantei da mesa em que almoçávamos correndo, meu estômago revirava, minha cabeça doía, meus olhos lacrimejavam. Eu já estava me acostumando com as coisas dando errado pra mim. E eu estava decidida a mudar isso. Não vou me fazer coitada porque é a última coisa que eu sou. Eu sou culpada disso tudo, assim como o Thiago é assim como o Renan. E eu estava disposta a rancar esse sentimento pelo Re de dentro de mim custe o que custar.

Eu estava cansada de brigas entre os dois, cansada de ser o motivo das brigas entre os dois. E o passo número um: Arrumar outro lugar para morar e me afastar deles, pelo menos por um tempo. Eu sei que não é fácil se adaptar a outro lugar já que os meninos me receberam tão bem. E sei também que pode parecer que eu estou querendo fugir do problema, mas, na verdade, eu só quero ter um pouco de paz.

Fui embora, não tinha mais saco pra faculdade hoje. Na verdade, não tinha saco pra nada. Andei alguns minutos quarteirões e acabei próxima a uma praça . Me sentei em um banco e fiquei olhando o nada. Eu estava tão confusa, tão desgastada de tudo que doía. Fiquei ali por não sei quanto tempo e só voltei ao mundo quando meu telefone tocou:

~INÍCIO DA LIGAÇÃO~
XXX: Malu onde você tá? -era uma mulher-
Malu: Quem tá falando? -eu perguntei distraída-
Laura: Sua mãe né Maria Luíza. -ela respondeu como se fosse obvio-
Malu: Ah -foi tudo que eu consegui dizer-
Laura: Aconteceu alguma coisa? -ela perguntou preocupada-
Malu: Não! Tá tudo bem! -eu segurei o choro. Tudo que eu menos queria era preocupar minha mãe-
Laura: Tem certeza? Você parece triste. -ela disse e eu não contive as lágrimas-
Malu: Amanhã cedo eu estou chegando aí. -eu disse chorando- Tenho que desligar, te amo.
Laura: Mais Malu.. -ela disse mas eu desliguei-
~FIM DA LIGAÇÃO~

Eu não aguentei ouvir a voz da minha mãe e me segurar. Ela sempre sabia quando tinha alguma coisa errada comigo, ela sempre sabia quando eu precisava de colo. Mas agora, ela não estava lá e eu estava morrendo de saudades. Ela me ligou mais umas três vezes e eu não atendi. Demorei um tempo para conseguir me recompor é assim que me acalmei eu fui pra casa arrumar minha mala.

Cheguei em casa os meninos estavam conversando, como dois homens adultos (graças a Deus) , eu passei direto apenas acenei pra eles e subi. Peguei uma mala pequena, não ia levar muita coisa, eu tinha praticamente tudo lá e eu tinha certeza que minha mãe me levaria ao shopping.

Depois de arrumar minhas coisas, mandei mensagem no grupo perguntando se a viagem ainda tava de pé. O Re, o Thi e a Bia disseram que não iam mais. A Alice mais a Lu não queriam ir, mas eu insisti muito porque não queria viajar sozinha, queria distrair e esfriar a cabeça e acabou que elas mais o Gusta e Luiz animaram. Iríamos sair às 00:00 para pegar o voo das 2:00. Combinei com a Alice que dormiríamos todos na casa dela, pra ficar mais fácil pra ir ao aeroporto. Quando deu umas 20:00, eu resolvi ir despedir dos meninos, primeiro passei no quarto do Thi, que estava sentado fazendo algum trabalho que eu devo ter perdido hoje à tarde.

-Por que não voltou pra aula?-ele disse me olhando assim que eu entrei em seu quarto-

-Não tava com cabeça. -eu sorri de lado- Trabalho?
-Eu perguntei me referindo ao que ele mexia no computador.

-Tô adiantando algumas coisas. Não teve trabalho. -ele disse e eu abri um sorriso aliviado-

-Tem certeza que não quer ir com a gente?

-Tenho! É melhor eu ficar em casa e rever algumas coisas. -ele disse sério- Desculpa estragar seu feriado.

-Vamos viver Thiago. -eu disse e sorri forçado- Bom, Tô indo. Vou dormir na Alice.

-Mandar um abraço pra sua mãe.

-Pode deixar que mando sim. -eu disse me aproximando dele e beijando sua testa e saindo do quarto em seguida-
Agora era hora de me despedir dele. Respirei fundo umas quatro vezes e bati na porta do seu quarto.

-Entra! -ele gritou e eu abri a porta devagar-

-Ainda dá tempo de você mudar de ideia. -eu disse olhando ele que estava jogado em sua cama apenas de cueca. AÍ PAPAI- Minha mãe ia adorar ver você.

-É melhor não. O momento é bem tenso pra nós. -ele disse triste-

-Eu não queria que fosse assim. -eu disse sincera-

-Eu queria ter feito diferente. -ele me encarou-

-Você fez o que achou conveniente. -eu me aproximei e sentei na beirada da sua cama- Não se arrependa das coisas que você fez, se arrependa das que não fez por medo.

-Você não me entende. -ele disse me olhando-

-Não vamos falar sobre isso. -eu disse depois de respirar fundo- Eu vou dormir na Alice tá bom? Qualquer coisa eu ligo. -eu sorri de lado-

Eu me levantei para sair do seu quarto e quando eu estava próximo a porta eu sinto ele me puxar e me envolver em um abraço gostoso e apertado. Era o abraço dele! Ficamos naquele abraço por alguns segundos até ele colar nossos corpos e encostar sua testa da minha.
E eu juro, aquela sensação, a melhor de todas, das borboletas me invadiu por inteira.

-Eu não tô desistindo de você. -ele disse me olhando nos olhos- Vamos só esperar as coisas se acalmar.

-Não! -eu disse olhando ele nos olhos também  e tentando ser forte- Eu estou abrindo mão de você, do Thiago e dessa casa. -eu sorri de lado. Dei um beijo em seu rosto e sai do quarto dele o mais rápido que consegui. Peguei minha mala, chamei um táxi e fui pra casa da Alice.

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