-Claro Duda. Eu também considero você demais, é quase uma irmã pra mim. -eu disse sem entender- Mas o que aconteceu?
-Você ainda sente alguma coisa pelo Renan? -ela perguntou séria e só aí eu entendi. Tenho certeza que ela me viu ontem no estacionamento. Eu abri um sorriso-
-Não. -eu disse e ela me encarou-
-Então por que diabos você estava com ele daquela forma no estacionamento Malu? NO ESTACIONAMENTO! -ela disse brava dando ênfase, quase gritando-
-Eu sei que você está tentando proteger seu irmão. E eu admiro a sua atitude. Mas eu não estaria com o Gabriel se eu não tivesse certeza que gosto dele. Eu terminei com o Renan por isso, porque eu estava confusa e não tinha certeza de nada. É diferente com o seu irmão.
-Você tem certeza? -ela me encarou-
-Eu me entreguei pra ele Duda. E você sabe muito bem do que eu tô falando. -eu disse encarando ela-
-Então, não seja idiota. Vai lá fazer as pazes, Gabriel passou o dia ontem na casa do Miguel. O quarto dele tá cheirando a álcool. No mínimo beberam todas. -ela disse e eu senti um aperto no coração- Quando eu cheguei, ele estava desmaiado, com a mesma roupa do corpo.
-Meu deus! -eu disse abismada- Duda, meus pais estão em guerra. Estão brigando igual dois loucos, de um jeito que eu nunca vi só porque eu citei o nome do Gabriel. -eu disse- Eu não sei o que fazer.
-Uma hora você vai ter que enfrentar isso. Nós também não temos conversado com nossos pais. Foi uma escolha nossa. Agora é a sua vez. -ela me olhou e eu respirei fundo.-
A Duda estava completa de razão. Eu tinha que fazer alguma coisa. Eu não podia deixar o que nós construímos morrer assim, sem mais nem menos.
Ao mesmo tempo que eu estava morrendo de medo do que minha mãe poderia fazer, eu estava encorajada. Eu tenho dezoito anos, tenho que começar a tomar minhas próprias decisões e agir por mim mesma. Não podia viver para sempre nas asas dos meus pais.
Agradeci a Duda pela ajuda, se ela não tivesse me visto com o Renan ontem, eu provavelmente estaria em casa agora, me remoendo por não poder estar com o Gabriel. Saí da casa dela quase correndo e fui para a minha casa. Estava tudo em silêncio, até estranhei. Fui até o meu quarto, deixei minhas coisas lá e fui até o quarto que meus pais estavam dormindo.Minha mãe jogava as coisas de volta na mala enquanto chorava. Meu pai estava sentado mexendo no notebook, como se nada tivesse acontecido.
Meu Deus do céu. Por que nada podia ser em paz na minha vida? Eu estava prestes a contar tudo para os meus pais e foda-se a opinião deles. Mas não dava. Eu entrei no quarto devagar e meu pai me olhou me dando um sorriso logo em seguida.-O que tá acontecendo aqui? -eu perguntei assustada.-
Minha mãe apenas me olhou e terminou de jogar as coisas na mala e fechando a mesma em seguida.
-Eu vou embora. -ela disse e eu a encarei
-Mas vocês chegaram ontem. -eu disse-
-Não disse que seu pai vai embora. Disse que eu vou embora. Preciso procurar um lugar para morar. - Ham? Como assim? Eu não estava entendo nada que estava acontecendo naquele lugar.-
-Ninguém vai embora. -eu disse e minha mãe deu uma risada irônica. Aquela não era minha mãe- Eu quero explicações. Vocês ficam dias sem dar notícias, quando ligam tá tudo ótimo, tudo mil maravilhas, aí chegam aqui, brigam igual dois loucos e ainda quer ir embora? O que tá acontecendo com vocês? -eu disse com lágrimas nos olhos mais-
-Nós vamos nos separar Malu. -meu pai disse finalmente me olhando e as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto- Na verdade, nós já demos entradas na papelada.
-Mas vocês se amam. -eu disse com voz de choro e minha mãe se aproximou de mim-
-Eu e seu pai nos amamos muito Malu. Mas acabou. -ela segurou meu rosto e eu chorei ainda mais-
-O que aconteceu? -eu perguntei limpando o rosto e me sentando na cama-
- Só estamos desgastados. São 24 anos juntos Malu. -meu pai disse-
-Desde que você se mudou, nós não paramos de brigar. Eu passo o dia inteiro no consultório mesmo que eu não tenha nenhuma consulta. Seu pai vive na academia ou no escritório. Temos nos evitado.
-Eu quero voltar pra casa. Com vocês! Nós podemos ser uma família feliz de novo. –eu disse voltando a chorar e meu pai me abraçou, me fazendo chorar ainda mais-
-Você fica aqui Malu. As suas aulas começam daqui uns dias, você não pode simplesmente abandonar a faculdade.
-Eu transfiro. Mas por favor, não faça isso com vocês. –as lágrimas rolavam sem parar-
-Minha querida. –minha mãe se sentou ao meu lado- O meu tempo mais do seu pai já acabou. Veja você mesmo. Não somos mais felizes juntos.
-Por que vocês não me contaram antes? –eu disse-
-Viemos para isso. A intenção era te levar para jantar a gente sentar e conversar. Nós três! Mas você citou o nome daquele professorzinho que me dá nos nervos só de ouvir falar, e eu me descontrolei.
Essa era a hora. Já estava tudo acabado mesmo, a minha família já estava destruída mesmo. Por que não mais uma bomba?
-Eu também tenho uma coisa para contar para vocês. –eu disse e os dois se entreolharam preocupados-
-O que foi Malu? –meu pai perguntou-
-O Gabriel e eu estamos namorando. -eu disse e nós ficamos em um silêncio extremamente constrangedor. Eu preferiria dez milhões de vezes, que a minha mãe começasse a gritar comigo.-
-Quando isso aconteceu? -meu pai disse-
-Quando isso aconteceu? -minha mãe deu uma risada irônica- Como isso aconteceu? Eu te avisei. O que você tá querendo Maria Luíza? É fazer gracinha com minha cara?
-Não gente. -eu disse com os olhos cheios de lágrimas de novo- Eu nunca quis afrontar vocês ou algo do tipo. É só que as coisas foram acontecendo, acontecendo e quando eu percebi, não tinha mais volta. O Gabriel me mudou, me fez ver as coisas de outro modo.
-O Gabriel é mais velho que você sei lá quantos anos. Ele só quer levar você pra cama! -minha mãe gritou. Agora sim! Estava tudo como eu "planejava"-
-Se ele só quisesse sexo comigo, ele já tinha me chutado. -eu disse no mesmo tom que ela e ela me deu um tapa na cara. Forte! Muito forte! Eu nunca tinha apanhado dela antes.--Você tá dormindo com seu professor. -ela gritou- Eu não te criei pra isso. -e me deu mais um tapa. As lágrimas caíam sem cessar.Meu pai segurou ela-
-Você enlouqueceu? -ele disse no mesmo tom- Que mal há nisso? Se eles se gostam, quem somos nós pra falar alguma coisa?
-Nós somos os pais dela. E é por isso que ela tá desse jeito. Porque você deixa ela fazer o que quer. -ela gritou-
-Você vive cuidando dos problemas dos outros mas não consegue conviver com os seus. Você vive dando conselhos para as suas pacientes, mas você não deixa sua filha fazer o mesmo. E eu sou o culpado? Tem certeza?-Parece que você não tá entendendo a gravidade do problema. Vou ser mais clara: ELA TÁ FAZENDO SEXO COM O PROFESSOR DELA! -minha mãe gritou. Ela estava descontrolada.-
-Ele é meu namorado! Eu não tô transando com qualquer um mãe. -eu disse me defendendo e ela veio pra cima de mim mas meu pai segurou ela-
-Você vai embora comigo. Você não queria? Agora arruma suas malas. Vou comprar nossas passagens para o primeiro voo de amanhã.

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Teen FictionSinopse: Maria Luíza ou Malu como prefere ser chamada, é uma garota rica, que sempre teve tudo que quis e precisou. Porém, sempre foi muito tímida, conservadora e fechada, o que não a ajudava muito no quesito amizade. Agora, aos 18 anos, ela vê sua...