Capítulo 141

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Gabriel Ferraz Narrando...

Eu estava a ponto de explodir. Eu não sabia como essas coisas estavam acontecendo. E não imaginava que a vida podia dar uma reviravolta tão imensa comigo. Um dia estava tudo bem, eu estava com a mulher que eu amava e com minha família, no outro, a vida já era um inferno.
Não sei quem contou na faculdade sobre eu e a Malu e eu precisava descobrir o mais rápido possível para desmentir e conseguir argumentos suficientes para provar que a gente "se conheceu" agora. Nas férias. Eu não podia ser transferido. E eu não ia permitir que isso acontecesse.

O pior de tudo, é que agora, a Malu sabe do que tá acontecendo e tenho certeza que tá se sentindo culpada. Meu coração tá partido em ver ela no estado que eu a vi, quando tudo que eu queria era poder aproveitar essas férias ao seu lado.
A Duda fez um favor em tirar ela do quarto, aquela briga não ia acabar bem se a gente continuasse a discutir de cabeça quente.  A Malu saiu chorando. Muito. Eu queria matar o meu pai. E eu não dormiria sem ter essa conversinha com ele antes. Desci as escadas correndo e eles estavam sentados no sofá, conversando.

-Estão satisfeitos? Se era esse inferno que vocês queriam causar, parabéns, vocês conseguiram. -eu disse quase gritando-

-Nós não causamos nada Gabriel. Você causou. Você sabia que a gente jamais ia concordar com você namorando uma garota da idade da sua irmã. -minha mãe disse-

-Sua mãe tem razão Gabriel. Por que não a Carla? -ele perguntou e eu balancei a cabeça em negativo-

-Por que eu não amo a Carla. Porque a Carla não desperta nada em mim. -eu disse nervoso- E quer saber? Eu não preciso de merda de aprovação nenhuma de vocês. Não se metam mais na minha vida.

-Gabriel, você me deve respeito. -meu pai disse no mesmo tom que eu-

-Eu devo respeito a quem me respeita. Eu tenho vinte e sete anos, sei tomar minhas decisões sozinho, sou independente e não preciso da opinião de vocês sobre a minha vida pessoal.

-Você vai se arrepender dessas palavras. -minha mãe me encarou-

-Não vou, vocês foram egoístas. Vocês não pensaram nos meus sentimentos nem nos dela. Vocês não pensaram que ela podia tá fazendo qualquer outra coisa nessas férias mas ela escolheu tá comigo. Vocês só pensaram naquilo que beneficia vocês.

-Nós só pensamos no melhor futuro para você. Você não precisa criar mais uma criança. -meu pai disse-

-Ao invés de julgar, vocês deviam ter procurado conhecer a Malu. A Malu é independente, inteligente e vai ser uma excelente médica.

-Gabriel... -minha mãe ia dizer mais eu interrompi-

-Essa conversa está encerrada. Obrigado por destruírem minhas férias. -eu disse subindo para o meu quarto antes deles falar alguma coisa-

Tomei uma ducha demorada, esfriei um pouco a cabeça vesti só uma cueca é uma bermuda e me deitei. Já era esquisito não ter ela ali do meu lado.

Eduarda Ferraz Narrando...

Eu estava deitada no sofá assistindo televisão. O Gabriel tinha ido ao supermercado com minha mãe. Meu pai tinha uns vinte minutos que tinha sumido. Nem avisou onde ia. Depois sou eu quem não dá satisfação das coisas. Falo nada. Eu estava distraída, até a porta bater com tudo e a Malu subir as escadas correndo, sem nem falar nada. Eu sabia que alguma coisa vinha acontecendo e já imaginava que ela estava magoada por causa do Gabriel. Eu também não concordo com isso. Se tem algum problema tem que ser esclarecido entre os dois. Ninguém mandou namorar. Esperei uns cinco minutinhos e resolvi subir atrás dela. Fiquei realmente preocupada com a Malu.
Entrei no quarto e ela estava sentada na cama, chorando muito.

-O que aconteceu Malu? –eu perguntei nervosa-

-Seus pais me odeiam. –ela me olhou e desabou a chorar. A única coisa que eu consegui fazer, foi abraçar ela, que também me abraçou forte-

-Não Malu. Ninguém aqui odeia você. –eu fiz carinho em seu cabelo e ela chorou mais ainda. Ai meu Deus!-

-Ele me disse várias coisas. Eu quero ir pra casa.

-Calma Malu, pelo amor de Deus. Vou buscar uma água com açúcar pra você. Por favor, fica aqui. –eu disse nervosa e desci. Eu ia buscar a água pra Malu, mas antes, eu ia resolver umas coisinhas-

Meu pai estava sentado no sofá. Como se nada tivesse acontecido. Minha raiva aumentou ainda mais. Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo.

- Você enlouqueceu? -eu grite com o meu pai e ele me encarou-

-Do que você tá falando Duda? -ele se fez de desentendido-

-Não se faça de sínico. Não seja hipócrita. Você sabe muito bem do que eu tô falando. Por que vocês estão fazendo isso com a Malu?

-Porque ela não é para o Gabriel. Como vocês não enxergam isso? Ela tem a sua idade Eduarda. -ele disse e eu dei uma risada irônica-

-Minha mãe é quantos anos mais nova que você mesmo? -eu disse sínica e ele me encarou-

-Dez. -ele deu de ombos-

-Então foda-se. Você não é NINGUÉM -eu dei ênfase- para julgar eles. E desde quando idade demanda felicidade? Você vai se desculpar, ou você esquece que eu sou sua filha.

- O que? Você me respeita Eduarda. -ele disse apontando o dedo pra mim-

-Não vai se desculpar não? Ótimo. Não me considero parte dessa família mais. E se você não tomar cuidado, vai perder o Gabriel também, e todo dinheiro, porque é só com isso que vocês se preocupam mesmo. -eu disse e o Gabriel mais a Carolina (vulgo minha mãe) chegaram-

-O que tá acontecendo aqui? -o Gabriel perguntou-

-Pergunta seu pai o que ele disse para sua namorada. Acho que ele vai ter ótimas explicações. -eu disse e o Gabriel subiu correndo atrás da Malu-
-Por que você tá fazendo isso Duda? -minha mãe perguntou-

-Me poupem. Vocês são sujos. -eu disse e fui para a cozinha. Minha mãe veio atrás de mim-

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