Capítulo 140

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Eu estava sentada na área com os pés dentro da piscina, irritada. Eu conversava com a Bia mais a Alice pelo celular. Nem elas estavam acreditando que aquilo iria acontecer.

-Te procurei pela casa toda. – o Gabriel disse e eu me assustei- Tava pensando em que?

-Nada demais. –eu dei de ombros- Adorei esse espaço. Nossos amigos iam adorar isso aqui. Com certeza ia ter pool party todos os dias.

-Verdade. Devia ter chamado eles para vir, talvez você não ia ficar tão sozinha. –ele se sentou ao meu lado-

-Eu queria esse tempo para nós dois. –eu disse de cabeça baixa e ele me olhou-

-Desculpa Malu. Foi inevitável. –ele disse me olhando- Eu só tenho mais algumas coisas da faculdade para resolver e sou todo seu.

-Não precisa se desculpar, é o seu trabalho. –eu dei de ombros- Tá tudo bem.

-A Duda pediu para te chamar pro Luau. Vamos? –ele disse tentando mudar de assunto-

-Não quero ir mais. Tô cansada. –eu me levantei e saí andando, o Gabriel veio atrás de mim-

-Aconteceu alguma coisa? –ele perguntou preocupado-

-Eu amo você, tá? –eu disse com lágrimas nos olhos-

-Eu também amo você meu amor. –ele disse segurando meu rosto- Você tá me deixando preocupado.

-Não se preocupe. –eu limpei meu rosto- Vamos subir? Aqui tá frio.

-Vamos sim. –ele disse me abraçando por trás-

Nós dois voltamos para o quarto. Eu tomei um banho, vesti um pijama, ele também fez o mesmo. Não descemos para jantar, tenho certeza que isso deixou a mãe dele talvez um pouco com mais raiva de mim. Mas eu não podia fazer nada.
Eu e ele conversamos bastante, sobre quase tudo. Eu só não ousei falar da Carla. Embora aquilo me incomodasse demais, eu não queria brigar e parecer a louca. Nós estávamos bem, nos amando e isso que importava.
Gabriel com o mesmo fogo de sempre. Embora eu estivesse com receio de fazer alguma coisa com seus pais alí, era impossível resistir ao Gabriel. Transamos como nunca havíamos feito antes. Gabriel era uma caixinha de surpresas e eu também.

UMA SEMANA DEPOIS...

Se a minha semana melhorou depois da noite incrível que eu tive com o Gabriel? A resposta é não. Para começar, seus pais não me maltratavam, mas também não me amavam. Era como se eu fosse uma amiguinha da Duda que estava passando uns dias com eles.
Gabriel todos os dias teve que resolver alguma coisa. Não conseguimos ter nenhum, nenhum dia inteiro juntos. Não estou falando eu e ele. Estou falando eu, ele e Duda. No começo, eu estava achando que estava sendo dura demais com ele e que era só um ou dois dias que ele ia precisar trabalhar. Mas não. Já estava dando uma semana. Carla não parava de ligar. Todo dia uma coisa diferente, todo dia algum problema que só o Gabriel podia resolver. Será que a merda do diploma dela foi comprado? Por que não tem lógica. Eu não aguentava mais.

Nesses dias acabei passando mais tempo com a Duda e no celular conversando com meus amigos, que com o próprio Gabriel. As vezes ele fazia algumas coisas com a gente, mas logo alguém ligava e ele ficava horas no telefone. Como todos os dias desde que chegamos nesse lugar. Não sei se ele percebeu, mas sua mãe percebeu que eu já estava no meu limite.
Era uma segunda feira, quase terça. Eu estava sentada na areia da praia, observando um grupo de amigos, que bebiam, tocavam violão e cantavam. Mais a frente deles, tinha um casal. Eles pareciam apaixonados e conversavam muito feliz sobre algo. Queria ser um mosquitinho para ouvir o que eles estavam falando e sentir um pouquinho do que eles estavam sentindo.

-Pensando na vida? –eu pude ouvir o pai do Gabriel atrás de mim-

-As vezes faz bem. –eu disse e ele se sentou ao meu lado-

-Olha, eu vou ser bem sincero com você. –ele disse e eu o olhei- Não sou a favor do seu namoro com meu filho. Você tem dezoito anos, você tem a idade da irmã dele. Não te passa nada pela cabeça?

-Eu gosto dele. –eu disse e ele riu- Idade não deve ser uma barreira.

-Nem quando o rapaz é seu professor? –ele disse e eu balancei a cabeça negativamente-

-Seus pais sabem desse namoro? –ele perguntou e eu pude sentir uma pontinha de ironia no que ele disse-

-Não. Ainda não. Quero contar pessoalmente e ainda não tive oportunidade de ver eles. –eu disse ríspida-

-Eu imaginei. Essa idade é difícil de lidar. –ele disse e eu o encarei desacreditada no que estava ouvindo - O Gabriel está escondendo de você. Mas ele está enfrentando problemas na faculdade. É regra que um professor não pode namorar uma aluna. –eu fiquei em silêncio- Você é uma ótima garota Maria, a Duda ama você e o Gabriel também. Mas não acho que seja para o meu filho.

Eu fiquei sem palavras. Acho que nem ele esperava que eu respondesse. Fiquei alí por um tempo até decidi voltar para casa. Minha cabeça estava a mil. Saí dali sem dar tchau para o pai do Gabriel e voltei para a casa quase correndo. Entrei sem falar nada com ninguém e subi direto. A Duda veio atrás de mim.

-O que aconteceu Malu? –ela perguntou nervosa-

-Seus pais me odeiam. –eu disse já chorando. A Duda se aproximou de mim e me abraçou forte. Era reconfortante-

-Não Malu. Ninguém aqui odeia você. –ele fazia carinho no meu cabelo e eu chorava ainda mais-

-Ele me disse várias coisas. Eu quero ir pra casa.

-Calma Malu, pelo amor de Deus. Vou buscar uma água com açúcar pra você. Por favor, fica aqui. –ela disse e eu assenti-

Fiquei alí por uns dez minutos, me acabando de chorar. O Gabriel apareceu acho que ele tinha saído com sua mãe.

-Malu do Céu, o que aconteceu? –ele disse se aproximando de mim preocupado-

-Por que você não me contou? –eu perguntei limpando meu rosto e tentando parar de chorar-

-Contei o que? –ele fez de desentendido

-Que eu não sou bem vinda na sua família. Que seus pais querem que você se case com a Carla, que você tá enfrentando problemas na faculdade por minha culpa. –eu disse-

-Malu, não é nada disso. –ele disse tentando se justificar mais eu o interrompi-

-Não é nada disso? A Carla te liga o dia inteiro. Quando não é ela, é da faculdade. Você não larga essa merda desse celular e desse computador. Quantos dias nós aproveitamos em uma semana? Quantas vezes sua mãe não fez perguntas totalmente indelicadas bem na minha frente? –eu gritei, se era isso que os pais dele queriam, parabéns, conseguiram-

-Malu, calma, por favor. Eu sei que talvez eu tenha exagerado um pouco em relação a Carla. Me desculpa. Mas a faculdade, quando me ligam, é porque é sério. –ele disse tentando me acalmar-

-Talvez tenha exagerado? Só um pouquinho? –eu disse- Isso era para ser divertido. Uma coisa entre eu, você e Duda. Eu planejei várias coisas pra gente fazer. Eu deixei de passar minhas férias com os meus amigos para ficar com você. E o que eu tô recebendo em troca? –eu comecei a chorar novamente-

-Eles estão querendo me transferir. –ele gritou- Tá satisfeita agora? Era isso que você queria saber? Por isso eu tenho te evitado. Por isso eu fico quase o dia inteiro nessa merda de celular e notebook. Não é só as suas férias que estão horríveis. Não é só com você.

-E por que você não me contou? –eu perguntei desapontada- A gente podia resolver isso juntos.

-E o que você ia fazer? Você é tão vulnerável quanto eu nessa merda. –ele gritou e eu voltei a chorar-

A Duda entrou no quarto com um copo com água com açúcar e me entregou.

-Conversem amanhã. –a Duda disse séria- Daqui a pouco vocês vão começar a falar coisas que não querem.

-Não se mete Duda. –o Gabriel disse-

-Eu me meto sim. Ao invés de você está aqui, brigando com ela, você devia descer e brigar com seu pai que causou isso tudo. Mas como você é bem estúpido as vezes, eu fiz isso. –ela disse séria- Malu, você dorme comigo hoje. E você Gabriel, decide o que vai fazer.

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