Capítulo 88

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Maria Luíza Narrando...

Ah o beijo do Gabriel! Era algo fora do comum! Ele reativou todas aquelas borboletas que antes eu só sentia com o idiota do Renan.

O beijo dele era calmo, gostoso, mas com uma pitadinha de fogo. Aquele fogo! Eu me arrepiava com cada toque.

Ficamos nos beijando por um longo tempo, se o mundo quisesse parar e a gente continuasse se beijando, eu não ligaria. Paramos apenas por falta de ar, eu me afastei dele um pouco, mas ele colou nossos lábios de novo.

-Eu não quero te soltar nunca. -ele disse com seus lábios sobre o meu e eu sorri-

-Não me solta então. -eu disse e ele me beijou novamente.

Ficamos muito tempo ali. Se beijando e conversando às vezes. Eu sei que no fundo, ele sabia que eu gostava do Renan e que eu estava chateada, mas ele conseguiu mudar a minha noite.

Ele conseguiu acender alguma coisa dentro de mim que me deu forças pra seguir em frente.

Lá pelas 3:30 ele decidiu ir embora. Quase me obrigou a ir pra casa dele com ele, mas era melhor não. Eu não estava ligando mais para o que as pessoas pensavam sobre mim, mas eu me importava com a irmã dele. Que tem quase a minha idade. E se fosse comigo, não seria legal ver meu irmão chegar de madrugada com mulher.

Ainda mais eu, que nem sabia muito sobre a vida amorosa dele.

Nos despedimos um monte de vez e ele finalmente foi embora e eu fui para o meu quarto. Peguei minhas malas e comecei a arrumar elas. Eu realmente não sou obrigada a ficar onde não sou bem vinda.

Passei o resto da noite arrumando minhas coisas. Queria ligar para a minha mãe e falar com ela mas a hora não favorecia e eu não queria deixar ela preocupada.

Eu não tinha a menor ideia de onde eu iria ficar agora. Eu estava muito longe de casa e praticamente sozinha. Não tinha ideia do que faria da minha vida, mas ia seguir em frente. Minha mãe me disse para encarar os meu problemas e era exatamente isso que eu ia fazer.

Quando deu umas 6:30 da manhã minhas coisas já estavam praticamente todas guardadas. Tomei um banho rápido, vesti uma roupa de frio qualquer, calcei meu tênis, prendi meu cabelo, guardei a roupa que eu tinha usado ontem e as coisas que estavam no banheiro e desci. A casa estava uma bagunça. Eu estava com dó de quem arrumaria tudo e dessa vez não seria eu. Eu liguei para o porteiro e pedi ela pra chamar um taxi pra mim e pedi ele para me ajudar a descer com as malas. Eu ficaria em um hotel até eu arrumar algum lugar para morar. O porteiro logo subiu e nós descemos com a mala.

-Tá indo visitar seus pais Malu? -ele perguntou sem graça-

-Eu Tô indo embora mesmo. - eu disse-

-Mas porque? Você é tão boazinha. -ele disse e eu ri-

-É complicado! -eu dei um sorriso- Tenho que ir lá deixar pegar minha bolsa e já venho. -eu disse e subi novamente-

Deixei o dinheiro das despesas do mês ao lado da televisão junto com um bilhete, respirei fundo e sai fechando a porta atrás de mim.

Renan Lacerda Narrando...

Acordei no outro dia por volta das 13:00. Minha cabeça doía e eu nem tinha bebido muito.

Fiquei um tempo na cama pensando em tudo que aconteceu ontem. Eu consegui brigar com a Malu e Alice no mesmo dia e o arrependimento bateu.

Nós éramos um grupo de amigos, que nos amamos muito. Mas estava tudo desmoronando. Acho que no final, ia voltar a ser apenas eu a Lu e o Thiago. Na verdade, não sei se eu tinha mais a amizade do Thiago. O que a Malu fez com nossas vidas?

Depois de um tempo eu me levantei, tomei um banho rápido, vesti uma roupa qualquer e desci. O Thiago mais a Alice já tinham acordado e estavam arrumando as coisas. A casa estava praticamente arrumada já.

-Bom dia. -eu disse e nenhum dos dois me respondeu. Comecei bem meu domingo- Ainda tem alguma coisa pra fazer?

-Eu e a Alice já fizemos a nossa parte, chama seus amigos vulgo Clara e Juliana para terminar de te ajudar. -o Thiago disse ríspido e eu não entendi-

-O que tá acontecendo nessa casa? Você tá com raiva porque eu disse pra Malu parar de ser mimada? Porque eu disse coisas que ela precisava de ouvir? - eu já aumentei o tom de voz-

-A Malu foi embora. - a Alice gritou- Tá satisfeito? Você finalmente conseguiu a paz que você tanto queria. - ela disse saindo de casa e batendo a porta com força. Acho que ela estava chorando.-

-Pra onde ela foi? -eu perguntei antes do Thiago sair-

-Não sabemos. Ela saiu antes da gente acordar, o quarto dela tá limpo.  Ela só deixou um bilhete. -o Thiago disse apontando pra televisão e saiu atrás da Alice-

Não pensei duas vezes e fui até a televisão. Lá tinha dinheiro e um bilhete que dizia o seguinte: "A vida nos trás pessoas maravilhosas, mas às vezes é preciso se afastar e deixar a vida nos guiar. Obrigada por serem tudo tudo quando eu não tinha nada.
Eu amo vocês.

P.S: Esse é o dinheiro do mês! Minha mãe já tinha depositado. Obrigada por tudo novamente."

Aquela era a letra dela, a letra da minha Malu. Eu estava desesperado. Não acredito que ela foi embora. Não acredito que ela me deixou. Ela sempre ameaçou mas nunca teve coragem de fazer.

Corri até o quarto dela e o mesmo estava vazio. Só tinha a mobília que era da minha mãe e o seu cheiro. Ah o seu cheiro! Esse nunca ia sair dali.

Maria Luíza Narrando...

Entrei no taxi e pedi dei ele o endereço do hotel onde meus pais ficaram quando vieram pra cá no começo do ano. Era um pouco caro, mas era o único que eu conhecia.

Paguei o taxista e o mesmo me ajudou a descer minhas malas. A recepcionista foi super simpática comigo. Pedi ela o quarto mais simples que tinha e assim ela fez.

Aluguei o quarto por uma semana. Acho que dava para eu arrumar um lugar pra morar. A mulher me entregou as chaves e eu subi, já que ela disse que em breve subiriam com minhas malas.

Entrei no quarto que por sinal era super aconchegante e decidi ligar para minha mãe. Peguei meu celular e ainda estava cedo. Era quase 8:00, se eu tivesse sorte, minha mãe já estaria acordada. Disquei o número dela, chamou umas três vezes e ela logo me atendeu.

~Início da Ligação~

Mãe: Oi Malu. Como você tá minha filha? Que saudade!
Malu: Eu Tô bem mãe e você, como tá? Tô com muita saudade também.
Mãe: As férias estão chegando meu amor. Você vem mesmo?
Malu: Acho que não mãe. Aconteceu algumas coisas e... -eu respirei fundo- e eu saí de casa.
Mãe: Meu Deus Malu? Como assim você saiu de casa? Onde você vai ficar? Você é louca?
Malu: Não mãe. Não se preocupe. Eu já Tô procurando outro lugar que tenha mais ou menos o mesmo valor.
Mãe: Não se preocupe? Onde você tá agora Malu?
Malu: Eu tô no hotel. Desculpa pelas dívidas extras, mas eu não podia ficar em casa mais. Vou tentar arrumar algum serviço agora no segundo semestre. Vou dar um jeito mãe.
Mãe: Malu, não se preocupe com isso minha filha. Eu mais seu pai vamos dar um jeito. Estamos chegando aí amanhã.
Malu: Mãe não precisa... -ela não deixou eu terminar
Mãe: Precisa sim. Não adianta, de todo jeito você vai precisar de nós pra assinar a papelada, então é melhor que a gente vá de uma vez.
Malu: Tudo bem então! Eu amo vocês.
Mãe: Eu também amo você minha filha. E seja lá o que tenha acontecido eu e seu pai estamos do seu lado.
Malu: Obrigada por tudo.
Mãe: Por nada meu amor. Agora vai descansar que tá cedo e eu também quero dormir mais. Beijos.
Malu: Beijos mãe. Tchau.

~Fim da Ligação~

Esperei apenas o moço subir com as minhas malas, vesti um pijama de frio, peguei meu edredom na mala, me enrolei nele e me deitei dormindo logo em seguida.

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