Capítulo 151

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Gabriel Ferraz Narrando...

Passei o dia praticamente todo na casa do Miguel. Eu precisava me acalmar e tomar uma decisão, ou o meu namoro com a Malu já era. Conversamos sobre praticamente tudo: sobre a faculdade, o consultório, a Malu e a vida de solteiro do Miguel. Ele era engraçado, ao mesmo tempo que me queria junto da Malu (embora ele mau a conhecesse), ele me queria solteiro para poder ir com ele pra farra. Mas eu nunca fui de farra, vai entender.
Lá pelas 18:00 a Duda me ligou e me pediu permissão para sair com o Gustavo. O que eu podia fazer? Deixei! Não vai ser eu quem vai proibir os dois de ficar junto. Dei todas as recomendações necessárias (Qual é?! Ela é minha irmã) e ela desligou.

-Eu acho hilário a forma que você conversa com a Duda. -o Miguel disse me entregando mais uma cerveja. Isso ia dar ruim-

-Cara, ela é minha irmã. Tenho que cuidar dela. -eu dei de ombros-

-Ah claro, e por que não me deixa ficar com ela? -ele disse rindo e eu o olhei sério-

-Você é um babaca. -eu disse- Não chega perto da Duda.

-Relaxa cara, eu tô brincando. Mas que ela tá bonita, ô se tá.
-Não é pro teu bico.

-O Gustavo tem quantos anos? 22? -ele perguntou rindo e eu revirei os olhos-

-Não interessa e não é por causa de idade. É porque você não presta mesmo. -eu dei de ombros e ele riu-

-Cê sabe que eu tô brincando né?! -ele se sentou no outro sofá novamente-

-Assim eu espero. -eu disse- Não quero falar sobre isso mais.

-Tu tá ficando velho e chato cara, não pode nem brincar mais com você. -ele disse divertindo. Ele só podia tá fazendo hora com a minha cara-

-Ah claro! A culpa é minha ainda. -eu disse me levantando e dando um soco de leve no braço dele-

Ficamos alí, bebendo e conversando até perto das 22:00, depois eu decidi ir pra casa. Eu tinha bebido mais tava bem.

Me despedi do idiota do Miguel e fui pra casa. O trânsito tava bom então não demorei nada para chegar. Subi direto, pensei em passar na Malu pra tentar fazer as pazes, mas lembrei que seus pais provavelmente já tinham chegado, então desisti.
Fui direto para o meu apartamento, tomei um banho demorado, deitei, mandei uma mensagem pra Malu falando que queria conversar e deitei, dormindo logo em seguida.

Eduarda Ferraz Narrando...

Eu não via o Gusta desde quando fui para a praia. Eu gosto muito dele, mesmo que ainda estejamos nos conhecendo. Ele é amável, bonito, educado, bom de papo (se deixar conversamos por horas) e beija bem (não dá pra esconder esse fator), e muitas outras qualidades que eu podia ficar aqui falando o dia inteiro.
Eu sei que ainda estamos no começo, e como diz a minha amiga do colégio: "garoto de faculdade só quer sexo!" E isso pode até ser verdade. E se for, eu só espero que ele seja sincero comigo.

Embora a gente não tenha se visto, temos conversado muito, todos os dias. Sei que ele saiu às duas semanas que eu fiquei fora com o Renan, sei onde ele tava, mesmo ele não tendo a mínima obrigação de me contar. E eu admirava isso nele.
Por fim, acabamos combinando de sair hoje, só nós dois. E posso ser bem sincera? Eu estava num estado incontrolável de nervosismo.
Fiquei a tarde inteira sozinha em casa fazendo vários nadas e torcendo pro dia passar rápido. A Lúcia foi embora depois do almoço, o Gabriel sumiu depois da "briga" com a Malu. A própria Malu não me respondia no Whatsapp. Eu estava bem preocupada com os dois. Sabia que as coisas não estavam fácil para nenhum deles e não tinha um lado para eu ficar.

Concordava que a Malu depende dos pais dela pra ficar aqui, mas também concordava que quando a gente gosta, a gente enfrenta os medos e os desafios. Mas cada um tem uma forma diferente de agir e pensar. Quem sou eu pra julgar as atitudes deles?
Eles são bem grandinhos, tomara que se resolvam.
Quando deu umas 18:00 eu já estava muito preocupada e resolvi ligar pro Gabriel.
Descobri que ele estava na casa do Miguel (por que diabos eu não pensei nisso antes?), que estava levemente alterado, e ouvi uma surta de recomendações como se eu tivesse 10 anos. O Gabriel me conhecia perfeitamente. Embora eu tivesse essa cabeça meio doida, eu nunca agia sem pensar, ou fazia algo que pudesse me arrepender depois. Eu até que tinha um pouquinho de responsabilidade.
Quando escureceu, eu tomei um banho demorado, sequei meu cabelo com secador e fiz chapinha, vesti minha roupa que eu tinha separado mais cedo, calcei meu sapato, fiz uma make bem leve, peguei uma bolsa e coloquei celular, dinheiro e chave.

Logo menos o Gusta me mandou mensagem falando que já estava me esperando lá embaixo, eu fiz uma oração pra que tudo desse certo, tranquei a casa e desci.
Ele me esperava encostado no carro, que coisa mais linda. Meu coração palpitou e ele sorriu pra mim.

-Você tá linda. -ele disse com um sorriso e eu me aproximei dele-

-Obrigada! -eu sorri tímida- Você também tá lindo. -eu disse e ele deu uma risada, colando nossos lábios logo em seguida-

O beijo do Gustavo era coisa de outro mundo. Eu já havia beijado vários outros meninos da minha idade (não vou negar minhas raízes), e nenhum era daquele jeito. Nos beijamos por alguns segundos, e logo ele encerrou com selinhos e me encarou.

-Eu sei que eu devia ter planejado, mas eu nunca sei o que fazer. -ele disse e eu ri- Onde quer ir?

-Vamos comer alguma coisa? -eu perguntei- Depois a gente pensa em outra coisa.

-O que você decidir. -ele disse com um sorriso-

-Pode escolher, só não me leva pra jantar e nem pra comer comida japonesa. -eu disse sincera e ele deu risada-

-Também não gosto de Japa. -ele deu de ombros-

-Aquele trem é muito ruim. -eu fiz cara de nojo-

-Pior que é mesmo. -ele disse rindo- Pizza então?

-Pizza é vida. Pizza eu gosto. -eu disse animada-

Ele abriu a porta do carro pra mim e deu a volta entrando no carro logo em seguida.
Eu sei que pizzaria pode parecer meio antiquado para um encontro. Mas eu tenho dezessete anos, quem é que sai pra jantar? Pra mim, isso é programa de fazer com os pais.
Sem contar que eu odeio a elegância que tem que ter nesses restaurantes. Não nasci pra isso. Por isso amo um bom e velho fast food ou pizza. Me julguem!

E para ser bem sincera, nosso encontro foi maravilhoso. Não teve frescura, não teve fingimentos que costumam ter nesses encontros. Nós conversamos abertamente, rimos e comemos muito. O Gustavo é incrível! Acho que toda garota merece conhecer alguém como ele (não ele, porque ele já é quase meu, beijos).
Depois de comermos horrores, procuramos algum lugar pra ir, mas era início de semana e estava tudo parado. E onde estava aberto, eu não podia entrar. Não vejo a hora de fazer dezoito anos e esfregar minha identidade na cara de todo mundo.
Então decidimos ir embora. Ele me levou até em casa e eu chamei ele pra subir, ele ficou receoso e não aceitou. Mas disse que ia me levar até o elevador.

Fomos conversando e lá perto eu praticamente dei de cara com a Malu. Mas ela não estava sozinha, era o Renan. Aí meu Deus!

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