Capítulo 74

7K 489 54
                                    

~Início da Ligção~

-Alô, Malu? Você tá bem? Quanto tempo não nos falamos. -ela disse animada e eu sorri com lágrimas nos olhos-

-Oi mãe. -eu me sentei no sofá- Eu estava cheia de coisas para fazer da faculdade. Estou com muita saudades de você e do meu pai.

-Eu também minha filha. Você não faz ideia de como a gente sente sua falta aqui. -ela disse e eu já deixei uma lágrima cair- Como estão as coisas por aí?

-Eu também sinto a falta de vocês, mais que tudo. Por aqui está tudo como sempre. -eu disse limpando meu rosto e respirando fundo para não chorar mais- E aí, como que tá?

-Aqui está tudo ótimo. -ela disse- E o Renan filha, como que ele está?

-Então mãe, eu acho que ele está bem. -eu disse tentando segurar o choro-

-Tem certeza que está tudo bem por aí? -minha mãe disse já com um tom mais preocupada-

-Na verdade... Não tem nada bem aqui mãe. -eu disse caindo em lágrimas novamente- Eu terminei com Renan ontem.

-Mas por que filha? Vocês parecem se gostar. -ela disse -

-Eu estou assustada mãe. Não sei o que fazer da minha vida. Tô na beira do abismo. Tenho certeza que fiz a maior burrada da minha vida. Mas eu não sei se eu estava pronta para lidar com isso. -eu disse chorando- Eu só quero ir para casa.

-Malu, você tem que se libertar. Sair das asas minha mais do seu pai. Começar a enxergar o mundo de um jeito diferente. Você sabe que eu e o seu pai estamos esperando você de braços abertos, mas fugir dos problemas não é a melhor solução. -ela disse calma-

-Eu acho que eu preciso de um tempo pra mim. Para eu entender o que está acontecendo.

-Não Malu. Você precisa começar a encarar as coisas e lidar com elas. Me dói te dizer isso, mas você já tem 18 anos. Eu estou morrendo de saudades e quero muito que você venha visitar a gente, mas quero que você se resolva primeiro. Fugir é o melhor caminho temporariamente, e quando você tiver de voltar aí no final de julho?

-Eu estava pensando em transferir minha matrícula para um lugar mais perto. -eu disse vendo o Renan entrar em casa e limpando meu rosto rapidamente- Eu não sei se quero voltar aqui para bh.

-Olha, você sabe que eu vou te apoiar em qualquer decisão que você tomar, sempre não sabe? Mas acho que se você fizer isso vai se arrepender para o resto da vida. Você sempre foi sozinha e agora você tem ótimas pessoas que te acolheram aí.

-Eu sei mãe. Tudo bem. Vou pensar melhor, depois eu te ligo. -eu disse tentando entender minha mãe- Te amo.

-Não me leve a mal Malu. Só estou sendo sincera com você. -ela disse- Tenho uma consulta agora também. depois nos falamos. Também te amo.

-Manda um beijo pro meu pai.

-Pode deixar que eu mando sim. Te amo muito. -ela disse desligando logo em seguida-

~Fim da Ligação~

Nem a minha mãe estava do meu lado!

Renan Lacerda Narrando...

Minha manhã foi uma completa merda. Eu estava irritado num nível que eu não aguentava ouvir a voz das pessoas.

Assisti as aulas quieto, e eu sempre era o participativo da sala, hoje tava na minha. Não queria papo mesmo. Na hora do intervalo eu coloquei meus fones e fiquei na sala mesmo. Depois assisti as outras duas aulas que eu tinha e resolvi ir para casa.

Eu estava distraído, respondendo a Luana no WhatsApp, ela não parava de me chamar. Queria que eu almoçasse com ela, mais meu ânimo era zero. Não vi quando trombei em uma menina e derrubei tudo que estava nas mãos dela. O que incluía uma lata de refrigerante e vários xerox de apostilha. E ela ainda tomou um banho de refrigerante.

-Não olha por onde anda não? Que merda! -ela disse brava e eu a encarei. Ela era muito bonita, não tanto quanto a Malu, mas era linda.-

-Me desculpa. -eu disse me ajoelhando e começando a ajudar ela a catar suas coisas- Eu estava distraído e não vi você passar.

-Por sua culpa, minha apostila está encharcada de tanta uva e a minha aula começa em dez minutos, dez minutos. -ela disse brava-

-Faço questão de tirar outro xerox para você e comprar outra lata de Fanta uva. Que por sinal é o meu refrigerante favorito. -eu disse encarando ela-

-Não precisa. -ela disse me olhando pela primeira vez e ficando corada- Acho que eu vou para casa.

-Faço questão de pagar. Eu devia está atento, mas a Luana não parava de me mandar mensagens. -eu disse passando as mãos pelo cabelo-

-Relaxa! Eu fui bem rude com você e você está sendo bem educado. -ela disse com um sorriso no rosto-

-Deixa eu te dar pelo menos uma carona então? -eu disse e ela colocou a mão na cintura arqueando a sobrancelha. Igual a Malu faz. Idiota! Tira a Maria Luíza da cabeça.-

-E como eu vou saber se você não vai me sequestrar, me estuprar, me esquartejar e jogar meus restos nessa lagoa suja? -ela disse e eu gargalhei-

-Prazer, sou Renan Lacerda, tenho 20 anos, sou veterano e estou no terceiro período de Biologia. -eu disse estendendo minha mão para que ela cumprimentasse e ela deu risada-

-Eu conheço você. -ela disse me olhando- Na verdade, todo mundo conhece você. Prazer, eu sou a Juliana, tenho 19 anos, sou caloura e curso o primeiro período de agronomia. -ela disse me cumprimentando com um sorriso-

-Então... Se você me conhece sabe que eu não sou um maluco que vai te sequestrar. Aceita minha carona? -eu disse olhando ela-

-Mesmo minha mãe me avisando, vou ser obrigada a aceitar carona de um "estranho" -ela fez aspas com os dedos- mas só porque eu estou muito molhada. -ela disse e eu dei risada-

-Vamos logo. -eu disse começando a andar e ela me acompanhou-

Andamos até o estacionamento e nós entramos no meu carro. Fomos o caminho inteiro rindo e conversando.

A Juliana era bem sincera e tinha um ótimo humor. Ela me explicou o caminho e eu descobri que ela morava em uma república. Já queria conhecer um pouco mais aquele lugar.

-Então até mais. -ela disse assim que eu parei o carro na porta da sua casa-
-Nos esbarramos mais vezes. -eu disse e ela me encarou de cara fechada, o que me fez rir-

-Você não é nem doido de esbarrar comigo desse jeito mais uma vez. -ela disse me dando um tapa no braço e saindo do carro-

Quer saber? Mesmo que eu esteja arrasado pela Malu. Foi ótimo conhecer alguém diferente e que me fizesse rir um pouco.

Eu dei um tchau pra ela e buzinei, ela acenou com a mão e eu dei partida. Precisava dormir!

Permita-se |Onde histórias criam vida. Descubra agora