Capítulo 148

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O Gabriel saiu do quarto batendo a porta logo em seguida. A última coisa que eu esperava, era que ele fosse agir dessa forma.
Logo ele, que sempre foi tão compreensivo e amável. Eu sei e entendo perfeitamente que estamos em um puta momento difícil, que tudo tá dando errado e que eu devia mais que nunca ficar ao lado dele. Mas eu também preciso pensar em mim e no que minha mãe seria capaz de fazer nesse momento se descobrisse que eu e o Gabriel estamos namorando.
Tudo que eu menos queria agora, era ter que largar tudo que eu "conquistei" aqui e voltar para aquele inferno que é POA.

Fiquei um tempo no quarto do Gabriel, talvez eu no fundo acreditava que ele fosse voltar, a gente conversar e tudo se resolver (pelo menos por enquanto). Mas não foi bem isso que aconteceu. O Gabriel não voltou, ele estava bravo e nervoso demais para isso.  E eu resolvi voltar para casa. Dessa vez, não chorei (mesmo que com o coração na mão por ter falado algumas daquelas coisas pra ele), eu precisava ser forte e tentar não colocar mais um problema na vida dele. Eu já havia causado demais.
Depois de ter certeza que ele não voltaria, eu resolvi ir embora. Não tinha motivos para eu ficar ali também. Sai do quarto e a Duda mais a Lúcia me encararam desconfiadas.

-Não acredito que vocês terminaram. -a Duda disse fazendo bico-

-Não terminamos. -eu disse-

-Então o que aconteceu? -a Lúcia perguntou-

-Meus pais estão chegando. -eu dei de ombros e a Duda me encarou surpresa- O Gabriel quis assumir pra eles, mas eu não posso, pelo menos por enquanto.

-Seus pais não sabem? -a Lúcia perguntou e eu fiz que não com a cabeça-

-Ele tá chateado, com medo de perder você. - a Duda tentou justificar-

-O Gabriel não vai me perder nem se ele quiser. -eu disse- Eu amo ele. É algo inexplicável. Mas eu não posso. Não agora.

-Eu entendo você, e entendo que você está tentando garantir seus próximos cinco anos nessa cidade. Mas concordo em partes com o Gabriel. Vocês são adultos. Seus pais não podem te mandar embora porque tem um namorado uns poucos anos mais velho que você. Sem contar que sua mãe é psicóloga, ela devia te compreender.

-Esse é o problema. Ela sempre acha que tem algo de errado comigo. Meu pai é um amor, mas minha mãe é meio louca e eu tenho medo do que ela é capaz.

-Acho que você devia contar. -a Duda deu de ombros e eu fiquei pensativa- Mas só se você tiver certeza que ama o Gabriel.

-Onde você quer chegar Duda? -eu perguntei desconfiada-

-Lugar nenhum Malu, só quis dizer que embora eu não concorde cem por cento com o Gabriel; ele só está tentando salvar o relacionamento de vocês. Ele te ama, ele nunca gostou de alguém do jeito que ele gosta de você. Pensa com carinho.

-Eu vou pra casa. -eu mudei de assunto e as duas me encararam. Eu estava ainda mais confusa agora- Vou pensar e tomar uma decisão. Ainda falta alguma horas.

Me despedi das duas com um beijo e fui pra casa. Só queria dormir e acordar depois que tudo isso tivesse terminado.

Gabriel Ferraz Narrando...

Era tudo que me faltava. Como se já não bastasse tudo que estava acontecendo, agora ainda tinha a Malu querendo esconder o nosso namoro dos pais dela.
Eu não sou nenhum idiota incompreensível. Até porque eu sempre tento levar as coisas da melhor forma possível. Mas isso me doía pra caramba.
Ela não era a minha primeira namorada, ou a minha primeira parceira na cama. Mas tudo com ela era de forma única e eu não poder gritar pro mundo que estávamos juntos me matava.
A última coisa que eu queria fazer, era brigar ou discutir com ela. O momento não era bom pra mim, nem pra ela. Ainda mais com a chegada dos pais dela hoje à noite aqui em BH. Mas eu não me contive. Enquanto eu pensava em propor casamento, ela estava pensando em "sigilo"? Onde é que nós fomos parar?

Para evitar mais brigas eu sai do quarto, quase correndo. Passei pela sala, peguei as chaves do carro, carteira e ouvi a Duda me gritar.

-Onde você vai? A Malu tá aí. -ela disse me olhando sem entender-

-Não me enche a merda saco. -eu gritei e sai batendo à porta atrás de mim em seguida.-

Fui direto pra casa do Miguel, precisava conversar. Ele era o meu melhor amigo, desde sempre. E eu tinha certeza que ele podia me ajudar a lidar com essa confusão que estava a minha vida.
Cheguei na casa dele em menos de cinco minutos (sim, eu voei). Subi direto pro andar dele sem cumprimentar ninguém, bati na porta e ele logo me atendeu, só de cueca. Que sem vergonha.

-Tô atrapalhando alguma coisa? -eu perguntei-

-Tá não mano. Eu tava só dormindo mesmo. -ele respondeu e nós fizemos nosso toque-

Ele deu passagem e eu entrei direto, me jogando no sofá logo em seguida.
Ele foi até a cozinha e voltou com duas latas de cerveja na mão.

-Toma. Vai te ajudar. -ele disse e eu revirei os olhos-

-Tô dirigindo Miguel. -eu disse e ele riu-

-Me poupe disse e bebe logo. -ele disse e eu acabei cedendo-

Abri a lata e tomei um longo gole de cerveja.

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