Agora estava explicado por que eles me encheram de perguntas daquela forma. Meu Deus, como eu não pensei nisso antes? Eu estava me sentindo péssima agora e acho que a Duda percebeu.
-Ai Malu, desculpa. Eu não quis dizer isso. –ela disse tentando consertar-
-Tá tudo bem. –eu dei um sorriso o mais sincero que eu consegui- Seus pais conhecem a Carla? –eu perguntei--Sim. Meus pais acreditam nessas coisas de casamento arranjado. A família da Carla, assim como a nossa, não vou negar, tem muito dinheiro. E para os nossos pais, seria perfeito ter o Gabriel e a Carla casados. Mas ele ama você, desde o primeiro dia de aula. –ela disse e eu sorri-
-Vamos comer alguma coisa? –eu mudei de assunto e ela aceitou-
Fomos até uma lanchonete alí perto e como eu e a Duda temos alma gorda, pedimos logo um sanduíche enorme e coca-cola. Comemos conversando e fazendo piada. Rimos muito. A Duda não tem freio na língua e é muito engraçado a forma como ela conta os casos.
Depois andamos na praia por mais algum tempo, tava um pouco frio para entrar na água, então preferimos só ficar por alí mesmo, quando estava começando a escurecer nós decidimos ir embora.
Chegamos na casa e o Gabriel estava deitado no sofá assistindo televisão.-Chegamos! –a Duda gritou e subiu para seu quarto, eu dei risada e fui até o Gabriel e me sentei na ponta do sofá-
-Vocês demoraram. –ele disse me olhando-
-Nós demos uma volta pela praia, comemos e voltamos.
-Não deram nem uma entradinha no mar? –ele disse e eu ri-
-Tá meio frio, você não acha não? –eu dei de ombros-
-Amanhã a previsão é de sol. Vamos cedo e aproveitamos bastante. –ele disse-
-Queria que você tivesse ido com a gente. –eu disse-
-Me ligaram da faculdade. Tive de resolver muita coisa. Tenho algumas coisas para fazer, mas nada demais. –ele deu de ombros-
-Entendi. –eu disse- Vou subir para tomar um banho. Eu estou super cansada. –eu disse-
-Dá pra ver sua carinha de sono. –ele se sentou no sofá e fez carinho no meu cabelo- Você consegue esperar o jantar? É importante pra minha mãe que coma todo mundo junto. –ele disse-
-Tudo bem. Vou só tomar um banho e já desço de novo. –eu selei nossos lábios e subi-
Não conseguia esquecer a Duda me contando aquele negócio da Carla. Agora as peças se encaixavam. Peguei minha toalha, entrei no banheiro, tomei um banho demorado para tentar relaxar, vesti minha roupa intima, coloquei uma calça de moletom e uma blusa de frio, penteei meu cabelo, peguei meu celular e desci.
A Duda também estava na sala. Ficamos conversando um tempo até a mãe dele chamar a gente pro jantar. Ela estava arrumada. Como se fosse jantar fora e para piorar, me olhou dos pés a cabeça quando eu fui me sentar. O Gabriel a encarou sério e ela sorriu pra mim. Eu só queria me jogar no mar e ser levada por Yemanjá naquele momento.
Apesar de tudo, o jantar foi tranquilo. As vezes, a mãe dele perguntava da Carla, meio de propósito, e eu fingi não ligar, não ia dar esse gostinho para ela. Não agora.
Depois do jantar, eu pedi licença e subi sem esperar o Gabriel. Arrumei a cama, fiz minha higiene, vesti um pijama e me deitei dormindo logo em seguida.
Acordei no outro dia com o Gabriel enchendo meu rosto de beijos.-Bom dia amor. –ele disse quando percebeu que eu havia acordado-
-Bom dia. –eu disse ainda sonolenta- Vamos dormir mais um pouquinho?
-Ah, xô preguiça. –ele disse quase se jogando por cima de mim- Lembra que combinamos de ir pra praia? Tá um dia lindo lá fora. –ele disse beijando meu pescoço- Mas se você preferir, a gente fica aqui. –eu dei risada-
-Vamos pra praia. –eu disse enchendo ele de selinhos-
Ele saiu de cima de mim e entrou no banheiro.
-Por que não me esperou ontem pra gente subir juntos? –ele perguntou-
-Porque eu estava muito cansada, meus olhos estavam quase fechando. Fora que minha cabeça estava doendo. –eu disse enquanto procurava um outro biquíni-
-Podia ter me avisado. Eu tinha subido com você. –ele disse--Foi bom para você poder conversar melhor com seus pais. Só a família. –eu dei de ombros-
-Mas você é parte da família agora. –ele disse ao sair do banheiro só de bermuda e eu fiquei em silêncio. Se eu fosse falar o que estava pensando a gente ia brigar no nosso primeiro dia naquele lugar-
Eu me arrumei, nós chamamos a Duda e o pai dele e nós fomos para a praia. A parte da manhã foi até divertida. Nós tomamos sol, entramos no mar, jogamos vôlei de praia, eu e a Duda contra o Gabriel e seu pai.
Por volta das 13:00 a mãe do Gabriel ligou avisando que o almoço estava pronto e nós voltamos pra casa. Almoçamos animados, eu e a Duda arrumamos a cozinha, e eu subi. O Gabriel estava no computador, trabalhando.-O que vamos fazer agora a tarde? –eu perguntei animada- E a noite vai rolar um luau, vamos?
-Carla me ligou. –ele disse mudando completamente de assunto- Uma paciente minha passou mal e perdeu sangue. A Carla me enviou o acompanhamento da Gravidez, preciso resolver isso.
-Ela perdeu a criança? –eu perguntei-
-Não. Agora ela tá bem. Mas preciso encaminhar alguns exames, -ele disse sem me olhar-
-A Carla não pode fazer isso? Ela também é obstetra. –eu disse séria-
-Pode. Mas é combinado nosso que nenhum de nós dê palpite nos pacientes do outro. –ele disse digitando alguma coisa no celular-
-Tá bom. –eu respirei fundo-
O Gabriel ficou o dia todo naquilo. Eu li, ouvi música, fui até a área da piscina, procurei a Duda que provavelmente tinha saído com seus pais, comi, assisti televisão. O Gabriel só terminou aquilo a noite. E eu já não queria ir em merda de luau nenhum.

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Fiksi RemajaSinopse: Maria Luíza ou Malu como prefere ser chamada, é uma garota rica, que sempre teve tudo que quis e precisou. Porém, sempre foi muito tímida, conservadora e fechada, o que não a ajudava muito no quesito amizade. Agora, aos 18 anos, ela vê sua...