Permita-se |

Capítulo 143

-Nós vamos encontrar uma solução pra tudo isso. -ele me olhava atento- Mas enquanto isso, não podemos nos expor.

-Então você quer dizer que... -eu disse mas ele me interrompeu-

-Não! Não tô terminando com você. Nem se me mandassem pra marte eu faria isso. Eu só acho que devemos ser mais cautelosos. -ele disse ainda me olhando- Pode muito bem ter sido alguém da faculdade que nos entregou.

-Tudo bem. -eu disse olhando a água da piscina-

-Não quero ver você desse jeito. Isso me dói também.

-Tá tudo bem. -eu sorri de lado ainda sem olhar ele- Não quero prejudicar você mais.

-Eu sei que não tá tudo bem. Me desculpa por isso. Mas também é difícil pra mim. -ele disse nervoso passando a mão nos cabelos-

-Fica tranquilo. Eu te entendo mesmo. Não tô falando da boca pra fora. -eu finalmente olhei ele- Eu só quero ficar em paz o resto dessa semana.

-Meus pais vão embora amanhã. -ele disse e eu o encarei-

-Por que? -eu tentei não demonstrar minha agitação-

-Embora não pareça, eles também trabalham. E minha mãe tem um de seus jantares na quarta. -ele revirou os olhos-

-Vamos ter alguns dias pra gente? -eu perguntei e ele abriu um sorriso largo-

-Eu amo você Malu. -ele segurou meu rosto-

-Eu também amo você. -eu disse e ele me beijou-

Parecia que não fazíamos aquilo há séculos. Eu estava morrendo de saudades dos seus beijos, do seu toque, da forma que ele me olhava. Eu nunca havia me sentido daquela forma. Era como se ele realmente me completasse. E mesmo com um caminho imenso e cheio de pedras pela frente, eu tinha quase certeza que estava fazendo as escolhas certas.

Renan Lacerda Narrando..

Minhas férias estavam sendo melhor impossível. Eu saí quase todos os dias com o pessoa da faculdade. Eu estava me sentindo mais livre, mais disposto e mais aberto a tudo. Aprendi nesse tempo que não preciso de uma namorada ou de necessariamente estar com alguém para ser feliz e completo.
Eu estava adorando sair com meus amigos, conversar, jogar sinuca e baralho com eles, beber uma gelada, encontrar algumas garotas.  Eu estava finalmente começando a viver pra mim e não para alguém. Mas isso não quer dizer, que eu não queira ficar com as garotas, por favor né?!
Eu sei que é segunda feira, e que enquanto a maioria das pessoas estão querendo descansar, eu estou na casa do Matheus junto do Gusta jogando sinuca. Na verdade, eles estão jogando sinuca, eu estou tomando coragem para ir puxar assunto com a Gabriella.
Ela se mudou para cá tem duas semanas e vai estudar na nossa faculdade. Ela morava nos EUA, e os pais decidiram vir embora. Ela é linda. Mas não dá moral pra ninguém.

-Vai falar com ela cara. -o Gustavo disse dando um tapa na minha cabeça-

-Tô querendo passar longe de mulher, só me ferro. -eu disse dando um gole da minha bebida-

-Não tô te mandando pedir ela em namoro não. É só um papo e quem sabe algo mais. -o Gustavo deu de ombros e eu ri-

-Você é um idiota. -eu disse- Fala de mim, mas tá na seca.

-Tô me guardando pra Duda. -ele disse e eu ri-

-A Duda tem 17 anos. Se você levar ela pra cama, a Malu te mata. E o Gabriel também. -eu dei de ombros-

-Relaxa cara. Você me conhece. -ele deu dois tapinhas no meu ombro- Agora vai lá.

-O que vou ganhar com isso? -eu perguntei e ele revirou os olhos-

-Olha a gata que a menina é. Precisa de ganhar mais alguma coisa? -ele perguntou e eu fiz que sim com a cabeça- E depois eu sou o idiota. -ele disse e voltou a jogar-

Fiquei mais um tempo observando ela é decidi tomar coragem. Me aproximei dela e ela me encarou dos pés à cabeça. Bem debochada!

-Então.. Fiquei sabendo que você é caloura e queria dar boas vindas. -eu disse tentando ser simpático e ela gargalhou-

-Conheço o seu tipo.. Renan não é mesmo? -ela perguntou e eu assenti. Olha ela sabe o meu nome! Ponto pra mim.- Sei muito bem onde você quer chegar

-E onde você acha que eu quero chegar? -eu dei de ombros-

-Na sua cama. -ela disse direto- Obrigada pelas boas vindas, mas não sou esse tipo de garota.

-Eita. -eu disse dando risada- Quem falou de nós pra você, fez uma péssima propaganda de nós mineiros.

-Apenas verdades. -ela disse e eu achei ela engraçada. Ela estava na defensiva, queria esse desafio.-

-Você não pode julgar um livro pela capa. -eu disse e ela me encarou-

-E o que tem de bom aqui, porque tá difícil. -ela disse e eu achei a deixa perfeita-

-Tem eu uai. -eu disse e ela me encarou-

-Como você é engraçado. -ela disse-

-Que bom que achou. -eu disse puxando ela pelo braço- Agora vem, vou te servir uma bebida.

-E quem disse que eu aceito? -ela disse se fazendo de brava e eu soltei seu braço-

-Não vou te envenenar Gabriela. E não precisa vir se não quiser. -eu disse me afastando e ela veio atrás de mim alguns segundos depois. Sabia que isso ia dar certo-

-Desculpa. -ela disse- Ainda não estou sabendo lidar com isso.

-Isso...? -eu a encarei-

-A volta pra cá, estar num lugar novo, não ter um amigo se não meu  primo, essas coisas.

-Desculpa, mas não vai fazer amigos tratando as pessoas assim. -eu disse e ela riu sem graça-

-Você é abusado. -ela disse e eu abri a geladeira pegando duas Skol Beats-

-Apenas verdades. -eu entreguei ela uma e voltei pra sala, deixando ela lá sozinha.-

Não sou obrigado a nada! Minha vida tá boa demais pra ficar correndo atrás de mulher.