transformação

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Carol POV

Day era uma ótima professora, mas igualmente exigente.

Day: - quero ver seus animais. - cruzou os braços.
Assenti. Respirei fundo e me transformei no jack russel. Depois voltei a forma humana. Me concentrei no pássaro, e ela sorriu. Retornei a mim. E meu ultimo animal precisava de mais foco, então respirei fundo e me transformei.
Chacoalhei a cabeça, irritada.
Day: - o que é pra ser isso, supostamente? - me olhou com curiosidade.
Suspirei, me ajeitando sobre as minhas patinhas.
Carol: - minha família inteira se transforma em raposa. - abracei minha cauda que, ao invés de ter a ponta branca, era anelada em tons vermelhos.
Bruno: - mas ela sempre acerta no panda vermelho.
Day segurou o riso.
Day: - eu acho essa coisinha aí mais fofa.
Carol: - mas é quase inutil. O silvestre do Bruno é um símio, você é um guaxinim super agil. Eu sou uma criatura fofa e gorducha. - falei irritada, voltando a humana.
Day me olhou profundamente, e sorriu tranquila:
Day: - vou te ajudar com a raposa. Semana que vem. Temos um foco para hoje.
Não deixei de sorrir. Dayane olhou para Bruno.
Day: - você agora.
Bruno: - já viu o macaco e o pássaro...
Day: - anda.
Bruno: - ai, sério?
Eu comecei a rir, e ele me olhou ofendido. Sorriu sem graça e tomou a forma do animal doméstico: o coelho de orelhas caídas mais fofo que você poderia imaginar.
Day sorriu com espanto.
Day: - um coelho? Sério?
Bruno: - Não zoa.
Day: - achei que você seria, no mínimo, um gato. - ela começou a se transformar... em um labrador preto. - agora sabem meus animais. - sorriu e voltou a humana. Bruno fez o mesmo. - tudo bem. A coisa mais simples da vida é pensar pequeno. Pensem que muitas vezes apenas correr não é o bastante. É preciso se esconder. Passar por frestas. Escapar das garras de alguém.
Carol: - pensar pequeno. - respirei fundo.
Dayane sorriu.
Day: - prontos?
Bruno: - prontos para quê?
Day: - para não morrer - ela se transformou em um lobo prateado e se lançou sobre Bruno, que deu um grito e se jogou no chão para desviar.
Ela então mirou em mim, e meu corpo travou. Day avançou na minha direção. Ela não iria me machucar, iria? Melhor não apostar nisso.
Pensa pequeno. Pensa pequeno. Nada. Pernas para que te quero! Disparei a correr, tentando usar o circuito a meu favor, enquanto o lobo crescia atrás de mim. Eu não ia aguentar muito tempo contorcendo pelos obstaculos, e meus pulmões ja queimavam sem ar. Então eu vi um tronco, oco, no chão.
"Pensa pequeno..." era minha unica oportunidade. Saltei de mergulho em direção ao tronco, apenas deixando a transformação fluir.
Senti o impacto de cair e o tranco de Dayane batendo contra a entrada do tronco.
Meu coração disparado, olhei para mim mesma. Eu tinha mãozinhas peladas, e um focinho arredondado a minha frente.
Day: - um hamster? Muito bom. - ela sorriu e tirou o focinho de dentro do tronco. - BRUNO!
Saí para a borda do tronco, para ver o que acontecia. Eu tinha me transformado no susto, em um animal que nem havia sequer pensado. Bruno deu um grito assustado, e no avanço de Day, se transformou em um camundongo branco, saltando sobre o focinho do lobo e a escalando, correu por seu dorso e caiu humano do outro lado. Saí do tronco e voltei a mim, me aproximando dele.
Day se cachoalhou confortavelmente e sorriu, voltando a pessoa.
Day: - vocês foram rápidos. Sentiram alguma diferença entre as aulas de transformação e o agora?
Carol: - Você deu um gatilho... uma dica apenas. E o resto foi meio automatico, no desespero. Como se fosse...
Day: - instintivo. É este o ponto. Como eu disse, vocês só precisam definir o que vão fazer...
Bruno: - a função... porque o resto...
Carol: - o sangue metamorfo faz. Como descobriu isso?
Day: - ah. Sobre deixar fluir? - ela riu, estalando o pescoço - com um amigo feiticeiro.
Bruno engoliu em seco, e eu fiquei surpresa.
Day: - haverá vezes que vocês não podem se esconder, mas podem ter uma arma para afastar quem te ataca. Peçonha, espinhos ou veneno. Sejam criativos. E mais uma vez... deixem o instinto guiar. Vocês não precisar como. Só o que querem. Esse é o foco. O resto, o mundo dá jeito.
Day agora se transformou novamente no lobo, e veio em minha direção. Tentei fazer o que ela disse: ao inves de fugir, pensar em como afastar.
Respirei fundo e transformei.
Minha visão ficou terrível, mas eu sentia, de alguma forma, ela se aproximar, e o calor do corpo de Bruno diminuir ao meu lado.
Dayane brecou próximo a nós e se afastou para trás apressadamente, quase caindo ao chão.
Me concentrei para entender o que acontecia. Consegui então sentir o ambiente e a mim mesma: eu havia me transformado em uma serpente. Concentrei a visão e finalmente enxerguei, Day como lobo, sentada com pose orgulhosa, e ao meu lado, Bruno era um ouriço arrepiado. Ele me olhou e sorriu.
Bruno: - isso é demais!
Eu ri em um silvio e voltei a mim.
Ele também.
Carol: - isso é muito legal. Eu nunca que ia aprender a usar os poderes assim.
Day se espreguiçou.
Day: - último ponto. - levantou, e eu tive a sensação que aquele lobo estava cada vez maior. - serem ágeis. Mais que no corpo. Na cabeça. - ela caminhou até nós, e a sensação de ameaça fez os pelinhos da minha nuca arrepiarem. Instintivamente virei o jack russel, sentia meus pêlos eriçados, e cheguei a rosnar a latir.
Day: - você está com medo, Carol?
Vi de relance Bruno se afastar, e rapidamente virar o macaco e escalar o trailer.
Dayane me derrubou e eu dei um ganido de susto.
Carol: - Day!
Day: - foge. - mostrou os dentes, e eu levantei correndo. Sentia o calor da respiração do lobo sobre mim, enquanto corria.
Bruno: - Carol, se esconde!
Mas como? Eu era um cachorro! Não poderia passar por nenhum lugar... a menos que... Era isso. Eu teria que arriscar uma transformação direta. Meu coração disparado, o sangue fluindo em minhas veias, entao me lancei para deibaixo do trailer, num esforço de pensar pequeno.
Rolei pela sombra do veículo. Lá estava eu, hamster. Sorri, mas durou pouco. Uma fuinha raivosa entrou sob o trailer, e eu corri para fora.
Carol: - Dayane nem vem!
Ela continuou atrás de mim, e eu me sentia uma presa.
Eu não ia ficar uma presa.
Saltei e virei meu pássaro, em vôo, desviando pelas árvores. Senti as garras de uma harpia passarem por mim. Mergulhei, sabendo que uma ave grande daquelas não passaria pelos galhos, e assim que consegui, me tornei a serpente, conseguindo pousar deslizando pelos galhos macios e novos dos pinus.
Day não havia desistido. Caiu sobre mim como guaxinim, e quando me vi estava em forma de panda vermelho, rolando ferozmente com o guaxinim acizentado.
Carol: - Day!
O susto nos destransformou, as duas, e Dayane gargalhava divertida, sentada sobre meu quadril e segurando minhas mãos. Apesar do tronco afastado, eu senti meu corpo inteiro ferver e tinha certeza que estava mais vermelha que meu cabelo.
Dayane: - peguei! Mas você foi ótima. - ela ainda ria, me olhando com orgulho.
Sorri. A verdade é que eu realmente havia conseguido.
Ela então parou de rir, e deu sinal para mim com os olhos, em direção ao Bruno.
Assenti o sinal. Ela saltou de cima de mim e voou em direção a ele, novamente em harpia. Eu ri, com o susto dele, que se transformou direto em passado e mergulhou em desespero.
Ele fugia dela se transformando, assim como eu. Até o momento em que eu me transformei no Jack Russel e saltei sobre ele em forma de coelho.
Carol: - caçado!
Bruno riu, se destransformando:
Bruno: - duas contra um não vale!
Day pousou ao nosso lado, ajeitou a jaqueta e sorriu.
Day: - vocês são melhores do que eu imaginava. Parabéns. O que acham de um café para descansar? - falou abrindo o trailer.
Eu sorri e me levantei, a acompanhando. Bruno bateu as roupas e veio atrás, ele parecia confiante. Aquilo havia feito muito bem a nós.
Carol: - Day. Obrigada por isso.
Day: - eu? Eu não fiz nada. Está tudo aí dentro. Eu só mostrei que é possivel. - ela apontou meu peito, e depois começou a esquentar água.
O trailer era extremamente aconchegante. Os estofados macios, o ambiente claro e limpo. Olhei sua estante, cheio de livros em diferentes linguas e potes com coisas que eu nunca havia visto.
Carol: - você tem um gosto... peculiar para as coisas.
Day: - ah. Isto? Não. Eram coleções da minha avó. Eu não consegui deixar que... jogassem fora, sabe? - ela se aproximou por trás de mim, espiando as coisas da estante. Senti um arrepio subir meu corpo com seu rosto perto de meu pescoço, mesmo que o foco da morena era aqueles frascos de coisas estranhas.
Day: - é o pouco que tenho dela. Por isso me matriculei em linguas. Quero descobrir o que há nesses livros. - ela sorriu. - bom. Café.
Bruno: - quer ajuda?
Day: - se quiser por a mesa... as coisas estão no armário da direita.
Encarei a coleção diferente mais um pouco, e então fui ajudá-los. Me sentia exausta, mas feliz. Aquele momento, nosso, queria que nunca acabasse.
Tomamos cafe com torta de frutas silvestres que, segundo Day, ela mesmo colhera pelo bosque. Depois de lavar as louças, fechamos o trailer e seguimos de volta ao Dinner, onde bruno me levaria para casa.
Day: - mesmo horário, quinta que vem?
Bruno: - combinado. - ele sorria como eu  nunca havia visto, e também sorri. Entramos no carro e fomos embora, sentindo aquela energia nova.
Mas algo me dizia que aquela paz não ia durar sempre. Eu só não sabia por quê.

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E aí meus amores, vocês pediram e eu descrevi o treino hahaha
Como vocês estão?
O que será o pressentimento da Carol?

Fiquem ligadas

Beijos da

metamorphosis - dayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora