Carol POV
Se o chute já havia doído, a semana seguinte doía mais. Dayane sequer olhava em minha cara. Eu não a via mais no Dinner, era evitada no colégio e parecia que seu olhar, quando caía em mim, me destruia em cacos.
Bruno tentava me animar, mas era complicado. Por que amar tem que ser complicado? Quero dizer. Devia ser algo simples, fácil, só sentir. Mas então vem essa dor lacerante quando expectativas se quebram, quando se... não é o que a pessoa quer ou precisa.
Meu irmão havia voltado para a faculdade. Minha mãe então resolvia que queria passar tempo comigo. Posso dizer que nos primeiros dias eu estava muito mal, mas a medida que as horas passavam, sair com minha mãe me distraía.
Mas eu não podia mais suportar aquilo.
Eu voltava para casa e tudo pesava. Eu queria chorar para sempre enroscada nos meus lençóis. Era só isso. Mas não era hora de desistir. Porque no fundo eu sabia o que eu queria. Eu queria a Day. E se mesmo que tudo o que tivemos tenha sido mentira para ela... para mim havia sido verdadeiro. E eu precisava encarar meus sentimentos desta vez.Carol: - Mãe. Pai. - Sentei no sofá. Minha mãe mudava os canais da TV e meu pai folheava o jornal sem ler nada. Ele foi o primeiro a parar o que fazia para me olhar, por cima dos óculos.
Pai: - O que foi, minha pequena?
Carol: - Eu acho que... eu preciso conversar com vocês. É sobre... bem. Eu queria pedir desculpas por não estar de acordo nos últimos dias.
Minha mãe parou de mudar os canais e me olhou. No fundo da tv tocava alguma musica infantil que eu não conseguia decifrar. Ótimo clima tragicamente comico para fazer o que eu estava fazendo.
Mãe: - Eu percebi que você não estava bem.
Carol: - Bom... É que... - suspirei - nossos pais devem ser nossos melhores amigos, não é? Nossos confidentes. E eu percebi que nos últimos tempos não estamos tendo isso porque... Porque eu tive medo de vocês. Quem raios tem medo dos pais? Isso não faz sentido. Eu só... Eu só quero poder confiar em vocês sabe? Não ter medo.
Pai: - Caroline, onde quer chegar? O que aconteceu? Eu estou ficando preocupado. - Meu pai arrumou a postura na poltrona, sem tirar os olhos de mim.
Carol: - Eu... Eu ando triste porque eu terminei um... um tipo de namoro.
Mãe: - Namoro? Você estava namorando? E a gente não sabia? CAROL!
Pai: - Quem era? - ele ficou sério.
Mãe: - Era o Bruno? Ele não apareceu aqui essa semana e...
Carol: - Não. NÃO. Bruno é meu amigo. Eu estava com a Day.
Minha mãe empalideceu.
Mãe: - Day? A Dayane? Aquela sua amiga
.. A morena?
Encolhi os ombros e apertei os lábios. Eu queria sumir daqui, meus olhos marejaram e eu tinha certeza que levaria um esporro.
Mas meu pai levantou. Sentou ao meu lado e me abraçou. Comecei a chorar e molhar sua camisa.
Carol: - Me perdoa por isso. Me perdoa ser toda errada. Eu só... Eu não pedi por isso, eu gosto dela e eu perdi ela por ter medo do mundo...
Pai: - Perdoar? Carol não há nada errado com você. Nós te amamos e não precisa ter medo de nós.
Senti outro abraço. Era minha mãe.
Mãe: - Ô meu bem... a gente já sabia. Não precisa chorar. - olhei para ela, e pela primeira vez senti a ternura de verdade em seus olhos. Minha mãe quase chorava, mas me sorriu, um sorriso fraco mas sincero. - eu amo você do seu jeito, e você pode confiar em nós. O amor é como um instinto... Não podemos negá-los. Eu não sei o que houve entre vocês, mas eu gosto da Dayane.
Pai: - Talvez você devesse falar com ela. E se der errado, estamos aqui para te apoiar de qualquer forma, minha filha.
Era oficial. Eu tinha os melhores pais do mundo. Comecei a chorar outra vez e abracei os dois.
Mal? Eu ainda estava. Mas haviam duas sensações novas. Alívio e esperança faziam meu coração bater mais leve. Porque ali eu sempre teria colo.***
Levantei de manhã com outro humor. Me arrumei direito, prendendo o cabelo, delineando os olhos e colocando uma roupa mais atraente, peguei minha mala e desci, dando um beijo em meus pais e correndo para o carro de Bruno que já estava na frente de casa.
Entrei no carro e lhe beijei o rosto.
Bruno: - Viu um passarinho verde? O que aconteceu?
Carol: - Me assumi aos meus pais.
Bruno: - Se você não correu lá para casa é porque deu tudo certo. E esse bom humor aí?
Carol: - Se meus pais aceitam, eu não preciso me esconder para mais ninguém. Eu... vou falar com um certo agouro. Não tem nada para dar errado, né? Qual seria o azar da rodada?
Bruno: - Eu não sei. Descobri pelo meu pai que a Day mudou o turno no Dinner.
Carol: - como assim?
Bruno: - ela pegou o turno da madrugada.
Carol: - Isso explica as olheiras.
Bruno: - Anda observando ela bastante hein?
Carol: - Nunca consegui deixar se observar.
Depois de tomarmos café, fomos para a aula. Segui para minha sala, quando alguém me abraça pelos ombros.
Dreicon: - Você tá muito gata hoje.
Carol: - Obrigada. - me soltei de seu abraço, com cuidado, e o fitei. - uma onda de alegria, acho. E você? Está animado.
Dreicon: - Tenho que te contar uma coisa. - ele sorriu largamente.
Carol: - Fala.
Dreicon: - Você sabe que eu sempre gostei de você. Fiz muita coisa errada, confesso, e queria pedir desculpas. Mas você é uma amiga incrivel que eu não quero perder, somos amigos né?
Carol: - Ahn... acho que somos.
Dreicon: - Bem eu... tô gostando de alguém.
Sorri.
Carol: - Sério? E quem é a sortuda? Eu conheço?
Dreicon: - Então. É... a Dayane.
O mundo desabou sob meus pés, e meu sangue parecia ter se esvaído das minhas veias. Meu sorriso sumiu, e tentei manter os dentes a mostra, um sorriso amarelado, enquanto Dreicon falava animado o quanto as coisas entre eles estavam incríveis, que deveriamos sair todos juntos, e eu nem sei mais o que, porque sua voz foi sumindo da minha mente. Eu só podia ouvir o batimento do meu coração, lento, enquanto eu desviava o olhar para o corredor.
No corredor, Dayane. Um gorro sobre os cabelos, os olhos fundos de quem não dormia ha uma semana, o corpo engolido em uma jaqueta gigante, abraçada aos livros pesados. Ela fitou Dreicon conversando comigo, e seu rosto apagou mais ainda, o que eu achava ser impossível.
Meu coração ainda batia.
Algo estava errado, ou seria apenas o ciume subindo a minha cabeça?
Eu não sabia o que havia dado em mim, mas olhei para Dreicon e falei com toda rispidez que existia no meu ciume:
Carol: - Falando nela, olha lá sua namorada. - no fundo eu queria que fosse mentira. Mas Dreicon sorriu e se apressou em direção a Day. Eu podia jurar que sua expressão foi de pavor; mas pisquei e ela sorria a ele.
Dreicon a envolveu e vi os dois selarem os lábios.
Um amargo subiu pela minha garganta e eu me apressei para dentro da sala, engolindo o choro que formava.Carol. Você é mais forte que isso.
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Caralho e agora? Por essa vocês esperavam?Cada dia que passa o odio de voces pelo Dreicon aumenta, certeza.
Me contem o que sentem ou acham que vai acontecer.
Beijos da vó!
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metamorphosis - dayrol
ФанфикCarol levava uma vida comum no colegial. Gostava de sair com seu melhor amigo, Bruno, e não entendia os motivos de o garoto mais bonito do colégio, Dreicon, ter interesse nela. Mantendo sua rotina, Carol vê seu amado cotidiano em jogo com o aparecim...