• Bem-vindos ao início do fim!
Os Bertinelli's sempre tinham tudo o que queriam, seja por bem ou por mal, sem mas. Tomavam tudo o que almejavam e sofriam os que se metiam em seu caminho.
O inferno é na terra, diziam eles, e estavam certos.
As mãos do patriarca da família faziam um cerco impossível de fugir e os olhos do mais velho estavam em tudo e em todos. E, por hora, ele almejava algo. Um casamento, uma formalidade.― É tempo de você casar-se.
Ettore desviou os olhos da tela do computador, para olhar para o pai. Tinha uma risadinha gélida, mesmo irônica. Quando soube que seu pai tinha reservado para si uma hora em seu trabalho, não imaginou que seria para dar um aviso.
― Casar-me?
Perguntou incrédulo, piscando algumas vezes. Mesmo que houvesse alguns boatos, aquele assunto nunca tinha entrado em pauta antes. Era muito explícita sua aversão ao casamento.
― Sim.O homem se remexeu em sua cadeira desconfortável, prendendo a respiração nos pulmões. Era surpreendente a forma como seu pai, Leonel, tomava as decisões e pronto. Então, aquilo era uma ordem. Um fato que iria acontecer, Ettore querendo ou não.
― Corrija-me se eu estiver errado, pai, mas isso é uma condição para que eu assuma seu posto, não?
― Até que você é rápido para pensar, então sabe que também é apenas uma das condições.
― Por que isso não me surpreende?
― Você é meu único herdeiro. Quero que providencie um neto o mais rápido possível. Não pretendo deixar apenas nas tuas mãos o futuro da famiglia.
Ele estava pronto para refutar o pai e bater o pé, mas o olhar frio que recebeu junto com a sentença tinha ficado claro que o pai sabia o rumo de seus pensamentos. E como desde criança tinha aprendido: uma ordem dada era uma ordem obrigatoriamente obedecida.
Sem muitas opções, suportou o olhar frio do pai. Engolindo a seco o bolo que se formou em sua garganta. Forçou-se para não esboçar emoção alguma, apenas aceitou o que tinha sido dito.
Pois se tudo dependia da vontade do pai para aquilo não seria diferente. Ele passou a vida treinando, se preparando, sendo testado, para que aquele dia chegasse. Mesmo que fosse o único herdeiro vivo, e logicamente o sucessor, sabia também que só se sentaria à mesa se o pai assim permitisse. E isso só acontecia se ele fosse obedecido em perfeição.
― Suponho que ela tenha sangue azul e que seja filha de algum de seus associados.
Ettore uniu os pontos, sabendo que não lhe oferecia menos que aquilo. Ela tinha que vir de dentro para saber onde estava se metendo. O pai nunca fez nada pela metade, e a prova era ele ter ido atrás dele no banco; um lugar que ele deixava claro o desgosto.
― Certo, meu filho. É a Helena. Tua família manipula o sul do país. Uma união aos D'Angellis nos deixará fortes e ninguém vai ousar atacar nossas casas se estivermos unidos.
Tinha um ponto ali que não fazia sentido. Suas casas nunca foram atacadas.
A mente rapidamente buscou um rosto para tal nome, uma figura cujo fosse dona de algumas características que lhe chamassem a atenção, mas não encontrou nada. Pelo sobrenome, uniu a mulher à família de Lorenzo, o braço direito do pai. Sem dúvidas, uma bajuladora.
― Quando vai ser o jantar, então?
― Em dois dias. Aproveite agora, pois seus dias de solteiro acabaram.
Sem dizer mais nada, lançou sob o filho um último olhar expressivo e abandonou Ettore, deixando-o sozinhos alguns minutos. Era o tempo suficiente para ele respirar e perceber que sua vida tinha sido decidida sem ao menos uma opinião sua.
Seu pai nunca foi o homem de pedir, foi o homem de ordenar. Desde novo estava acostumado com aquele jeito, mas quando as ordens eram voltadas para ele, se tornava difícil de aceitar. Mas também, como poderia? Como poderia casar com uma estranha e torná-la tua signora?
E, na posição que estava, notou que não tinha muito que ser feito. Só lhe restava acatar a ordem e tentar fazer dar certo. E como quase nunca acontecia, deixou transparecer o que estava sentindo; trincou o maxilar com ódio. Sua mão serpenteou por toda a mesa, jogando tudo que estava sob ela ir ao chão.
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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)
ActionDiabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança e uma vez que ele achasse que alguém estivesse errado ou pensasse que algo está errado, ele ia à caça. Eliminando de forma impiedosa quem es...