Dois dias.
Dois dias desde que tinha visto sua esposa pela última vez naquele salão do teatro, depois tudo não passou de boato, de ouvi, de vi, mas nada passava de mentira.
Na noite seguinte aconteceria à cerimônia, deixaria de ser o filho, assumiria a posição de capo e tudo que conseguia sentir era apreensão.
Não sabia o que pensar, nem o que sentir longe de sua preciosa.
Nunca se sentiu tão vulnerável, Helena mexia com suas estruturas, deixando-o abalado em todos os sentidos. Sem ela não passava de um barco em uma neblina sem o auxilio do farol para chegar à costa.
Nunca pensou que seu casamento seria daquela forma, de todas as formas que idealizou nenhuma delas o desestabiliza daquela maneira.
Helena trouxe velhas feridas, muitas já se cicatrizadas, à tona. Como que quisesse ver o sangue, pronta para cuidar do ferimento.
Suas dores não passavam de traumas, pesadelos, medos.
Com o tempo tinha aprendido e fazer tudo subir, mas com ela tudo tinha retornado. Principalmente o medo, ainda mais quando não podia colocar os olhos sobre ela a cada cinco minutos e conferir que estava tudo bem.
Até brigar era melhor.
Escutar a voz estética da mulher gritando por qualquer motivo, qualquer pequena coisa que Ettore fazia e ela julgava errado e procurava melhorar na medida em que a posição do homem permitisse.
Não havia muitos jeitos de fazer o certo.
Provocar dor ao outro era que Ettore fazia de melhor e com certeza não estava na lista de coisas corretas que Helena queria em um marido.
Assim como a habilidade de ser irritante que Helena tinha não estava na lista de Ettore. Mas até aquilo era melhor que o silêncio de um quarto vazio.
De uma cama fria.
Um banheiro sem o perfume de frutas e baunilha que sua esposa insistia em usar.
Tudo que remetia em solidão. Algo que Ettore nos últimos meses tinha se desacostumado.
A companhia da mulher já era o que tinha se acostumado, vivendo dia após dia ao lado dela, sua presença era necessária para controlar o temperamento de Ettore que nunca foi dos mais fácies de se lidar.
― Você teve dois dias e não achou minha filha. ― Lorenzo apareceu aos gritos. ― Você a deixou sozinha.
― Você entra na minha casa para me culpar? ― Perguntou sem acreditar. ― Me culpa pelo sumiço da minha própria esposa?
Ettore gargalhou irônico, negando com a cabeça. Impossível.
― De quem mais seria a culpa?
― Você entregou a sua filha em um casamento para um homem que você não sabe a metade. ― Ettore terceirizou a culpa. ― Se houvesse um culpado nessa sala, não seria eu, Lorenzo.
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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)
ActionDiabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança e uma vez que ele achasse que alguém estivesse errado ou pensasse que algo está errado, ele ia à caça. Eliminando de forma impiedosa quem es...