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― Cadê tua esposa? ― Seu pai perguntou, assim que abaixou a xícara branca

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― Cadê tua esposa? ― Seu pai perguntou, assim que abaixou a xícara branca. O vendo ocupar a mesa.

― Está indisposta. Não se sente bem.

Respondeu rápido, tentando ignorar e não se demorar no assunto. Então, evitou olhar para o pai. Se ocupando em se servir. Na verdade, a mulher estava ótima. Mas ele não quis a acordar. Helena estava toda encolhida, ressonava serena, entregue ao sono, então, não quis acordar a mulher.

― Indisposta?

― Coisa de mulher, pai. ― Ettore levantou os olhos à altura do pai, demonstrando o mesmo tédio do homem.

― Não me interessa. Na próxima ela desce, estando bem ou mal, eu a quero aqui. Entendeu?

Ettore se limitou a balançar a cabeça em concordância. Até porque não era como se seu pai esperasse por uma resposta, ele sabia que a resposta seria "sim", ele tinha feito um bom trabalho em moldar seu filho para ser obediente.

― Augusto oferecerá um evento. Um jantar em celebração aos novos aliados. ― Leonel mudou completamente o rumo da conversa, avisando que certamente Ettore deverá estar presente.

― Estamos sofrendo ameaça de alguém que nem sabemos quem é ou quantos são. E você oferecerá um jantar para celebrar?

Balançou a cabeça em negação, sabendo que não era Augusto o anfitrião. O desgosto foi visível em Ettore, com a ruga entre suas sobrancelhas.

― Eu não vou oferecer nada, garoto. Augusto estava com a razão em querer que nossos aliados se sentiam acolhidos pela famiglia.

― Patético. Augusto não passa de um pau mandado, mesmo sendo mais inteligente que os outros. Quem está por trás disso é o senhor. ― Deu de ombros ao morder uma maçã verde, aceitando que não poderia fazer o velho mudar de ideia. ― Mas se é o o que quer, que seja feita a tua vontade.

Engolir a fruta levemente azeda, amarga no final, foi igual aceitar as ordens do pai mesmo que não compactue com elas.

― A ideia é manter as aparências, estamos bem e assim continuaremos a ficar. Não será um lobo ou uma alcateia que vai abalar a nossa famiglia.

Ettore gargalhou irônico, não acreditando nas palavras que acabara de ouvir. Fazer uma festa significava vulnerabilidade e futilidade.

A casa estaria aberta, para quem quisesse entrar. Um convite era facilidade forjado e penetras seriam aceitos sem serem ao menos notados.

― Sua ideia de mostrar força é abrindo a casa de Augusto para qualquer um?

― Minha ideia é distrair para conquistar; esse pequeno jantar certamente atrairá olhares, deixem que vejam, que entrem... Que pensem que esquecemos de Mauro, assim o pegaremos.

O barulho seco do salto fino contra o mármore frio ecoou pela imensa sala de jantar, junto do perfume cítrico que encheu o ambiente.

O assunto em questão foi ignorado assim que Helena ocupou um acento ao lado de seu marido.

― Bom dia.

O tom cordial, as bochechas coradas e o sorriso branco, demonstrou uma mulher disposta, anulando a desculpa que Ettore outrora tinha inventado.

― A verdade é que quanto mais barulho fizemos, mais fácil será para pegar Mauro. Mais fácil ainda para descobrir o que ele sabe.

Mas por sorte Leonel mal tinha se dado ao trabalho de levantar os olhos à moça, emburrou a cadeira e abandonou a sala de jantar, deixando o filho e a nora a sós.

― Bom dia, Helena, tenho uma boa notícia para você.

Usou de sua educação para responder a esposa, quando virou o rosto em sua direção.

Helena não respondeu. Nem tinha olhado para o homem, não demonstrou nenhuma empolgação ao ouvir sobre boas notícias.

― Hoje poderá sair da mansão. Temos um jantar na casa de Augusto. Quero que se vista de maneira elegante, mas discreta. Cores neutras. Sim?

― Devo presumir então que poderei ir sozinha e usar o meu próprio cartão?

― Não. Tizianno irá acompanhá-la e, caso não tenha notado, os cartões em tua bolsa foram substituídos por novos. Um com meu nome.

Helena estalou a língua no céu da boca, rolando os olhos.

― Claro. Tizianno, seus cartões. O que mais?

― Por hora é só. ― Ettore levantou-se e beijou o topo da cabeça de sua esposa, sorrindo brevemente quando ela tentou desviar. ― O que foi? Não posso me despedir de minha esposa?

― Não, não pode. É falso.

― Sim, o que esperava, Helena? Amor puro e sincero? Isso não existe, boneca. Bem-vinda ao mundo real, querida.

Ela riu forçadamente, com um ar de deboche.

― Vá. Me deixe.

Ettore balançou os ombros com desdém, como quem não liga para o que foi dito, deixando sua esposa começar a primeira refeição sozinha.

Fora ela que pediu.

Seus pensamentos lhe apontaram que a feição triste no rosto de Helena quando ele deu as costas foi por escolha dela. Pois já era rotina ver que nos olhos de sua esposa já não tinha aquele brilho caloroso como nas primeiras semanas do casamento. 

 

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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora