Ainda estava escuro, o sol não dava nem indícios de um novo amanhecer, mas Ettore já estava mais que disposto. Como uma obrigação passava a pomada inflamatória mais uma vez sob a sua recente tatuagem, quanto antes terminasse o processo de cicatrização melhor.
Agora tinha um conselho para enfrentar por ter atirado em Vladimir. Como se houvesse uma obrigação de ser realmente pacífico com aquilo que tentou matar seu pai. Era patética e cansativa toda aquela burocracia que podia ser facilmente ignorada ou burlada.
Mas lhe confortava saber que Vladimir estava pousando em seu país natal, que tinha deixado Sicília. E no meio de toda confusão, havia sequestrado diretores das revistas e jornais onde o anjo saiu como manchete. Precisava dar um basta em toda aquela situação também.
Não precisava ter coisas particulares expostas para toda a cidade ver. Mas cuidando de um problema por vez, assim que o sol apareceu no céu, seu destino foi à Procuradoria de Justiça.
— Senhor Bertinelli. — Sandro Marchetti, o procurador, foi quem o recebeu. — Sente-se, por favor. Foi bom ter vindo.
Ettore se sentou na cadeira à frente da mesa.
— Não tive muitas opções, não? — Ele comentou num humor ácido. — Um certo alguém anda compartilhando informações privadas de minha família, mas quem está nessa cadeira sou eu.
— Não prestou nenhuma denúncia e vocês são uma família pública. — Sandro se defendeu. — Mas não está aqui para isso, e sim pelo atentado.
— É claro.
— O que pode me dizer?
— Um furto que deu errado. — Ettore mentiu, não havia a menor possibilidade de dizer a verdade.
— Não pensou em prestar uma queixa?
— Non. — Ettore deu de ombros. — Posso comprar o que foi levado, e tenho uma equipe de segurança particular procurando pelo culpado.
— A justiça não funciona dessa forma.
— Estou protegido pela lei em ter minha própria segurança uma vez que a do Estado falha. — Ettore se gabou. — Não estou cometendo nenhum crime, senhor Marchetti.
— Aconselho que procure um advogado, esse caso está em minhas mãos. Está escondendo alguma coisa, ninguém deixa de denunciar um atentado desse. Ainda mais na própria casa. E vou descobrir o porquê.
Bertinelli odiou aquela sentença, mas sabia que além do anjo não tinha nenhuma ponta solta. Tudo que Marchetti encontraria seria o que Ettore queria que ele encontrasse, nada mais e nada menos.
A Giostra era protegida e segura demais para um procurador meia boca encontrar alguma coisa ilegal.
— Acabou? — Ettore se levantou. — Agora eu só volto quando tiver um mandato. Achei que queria pegar o culpado, mas vejo que o suspeito sou eu.
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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)
ActionDiabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança e uma vez que ele achasse que alguém estivesse errado ou pensasse que algo está errado, ele ia à caça. Eliminando de forma impiedosa quem es...