— Sentimos muito, mas ele não resistiu. — Foi a notícia que deixou os lábios do grisalho à sua frente.
Ettore sentiu uma estranha sensação de alívio dominar o seu peito com aquela notícia. De todos os seus inimigos o seu pai foi o pior deles e agora ele estava morto.
Era como ter paz. Um reconforto na perda.
Durante o mês poucas vezes esteve naquele corredor hospitalar, esquecendo-se que tinha um pai internado, tudo de mal que tinha acontecido em sua vida foi em razão daquele homem que não tinha orgulho de chamar de pai.
— Devido a causa da morte o corpo será liberado na manhã seguinte.
Novamente o médico voltou a falar depois de Ettore não ter esboçado emoção alguma, mas o Bertinelli até queria demonstrar a pontada de felicidade, mas sabia ser desnecessário.
— Mandarei uma pessoa para que cuide do resto. — Ele foi frio em sua resposta, mantendo a sua expressão invariável. Não chorou, não reclamou, apenas deu as costas e arrancou o papel adesivo colado em sua blusa, jogando na lixeira.
Quando entrou em seu veículo ele respirou aliviado, um peso tinha saído de seus ombros. Estava livre para fazer o que quisesse.
— Ele morreu. — Foi a primeira coisa que disse quando Augusto atendeu a ligação.
— Sinto muito!
Houve uma breve pausa do outro lado da linha e durante aquele silêncio pareceu que a ficha do que realmente aconteceu caiu, bem em seu colo, e foi estranho digerir aquele acontecimento.
Seu pai estava morto depois de um assassinato, um ato completamente covarde, de um homem que foi incapax de mostrar o seu rosto, de maneira fria. Seu pai não morreu em combate, morreu numa covardia.
Mas morreu da forma que merecia, sem mérito, reduzido ao pó como se fosse um ninguém... De forma parecida como a sua doce Aurora, a diferença foi que seu pai não levou um tiro à queima roupa.
— Não sinta, Augusto. — Ele foi sincero, ele mesmo não sentia. — Ele mereceu e sofreu pouco.
A ideia de justiça na cabeça de Ettore era estranha. Ele merecia justiça por Aurora, mas quando era ele a puxar o gatilho para acabar com as Auroras em seu caminho, ele se julgava certo. Mas ali, o calo era seu e tudo que fazia tinha um motivo que justificava por trás e seu pai não teve um, além de achismo, que o amor deixava o homem fraco.
Ettore entendia agora. Seu pai se corrompeu após a morte de sua mãe.
Ettore se corrompeu após a morte de seu primeiro amor.
Tudo era sobre amor. Até a tragédia era pincelada com tons vermelhos, não era sobre a dor, nunca foi sobre sangue, e sim sobre o amor que teve um ponto final cedo demais.
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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)
ActionDiabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança e uma vez que ele achasse que alguém estivesse errado ou pensasse que algo está errado, ele ia à caça. Eliminando de forma impiedosa quem es...