Capítulo 2

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― Você sabe o que está em jogo, não sabe, minha filha?

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― Você sabe o que está em jogo, não sabe, minha filha?

Helena escutou a voz de seu pai assim que cruzou a sala e precisou parar e respirar fundo antes de voltar para encontrá-lo descendo as escadas ao lado de sua mãe.

― Sim, papai, eu sei. Eu não vou te decepcionar. Eu sei quantas mulheres gostariam de estar no meu lugar e sei que todas elas me matariam para isso.

Controlou-se para não revirar os olhos, assim como lutou para manter o tom de voz suave quando a vontade era de gritar que aquilo estava incomodando.

― Pois você cuide para não perder essa chance. Eu dei duro para fazer de você a melhor escolha de Bertinelli. Se você andar fora da linha, você será queimada.

No mesmo instante sentiu seu estômago revirar e uma dor em seu peito. Sentia-se contente que iria se livrar deles. Não aguentava mais fazer de tudo por seus pais e não receber nada em troca. Quando tudo que pediu foi um pouco de amor, carinho e atenção.

Mas só recebia o peso das escolhas que seus pais tinham feito por ela. Viu sua vida passar frente aos seus olhos.

Tudo pelo casamento.

Passou a vida sendo treinada para ser a escolhida.

― Não vou errar agora. Eu nasci para ser uma Bertinelli. Eu nasci só para carregar o próximo herdeiro da Giostra. Não vou estragar a única “missão” que eu tenho, papai.

― Viu? Não vai ser de todo ruim, menina. Todos os seus desejos serão atendidos, você será a senhora. A rainha. Toda a Giostra vai responder a você e seu marido. Terá poder, honra e status. Deveria estar feliz.

E também vem submissão, subserviência.

Sorriu modelada, balançando a cabeça para concordar com a mãe, guardando seus pensamentos para si. Seus pais a olhavam com tanta satisfação e alegria, como se aquilo fosse normal.

Eles sabiam que Helena tinha alguém, mas não pensaram duas vezes em colocá-lo entre a espada e a cruz. Nem sequer pensaram em Helen. A menina crescia numa redoma de vidro. A mimada.

Então, tudo, uma hora ou outra, recaia sob os ombros de Helena.

― Com sua bênção, papai. Licença, mas eu preciso sair.

― Deus a acompanhe. Não faça nada que vá se arrepender depois.

Quando abandonou a grande sala, indo em direção aos portões, ela já se sentia arrependida.

O peso solitário ainda seria a sua cova.

Como poderia se acostumar com o solitário em seu anelar? A cada segundo que passava ela olhava para o bendito anel para ter certeza que ele estava li.

Helena ainda não sabia como deveria se sentir em relação ao casamento que lhe foi arranjado.

Se revoltar e odiar?

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora