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Com as pontas dos dedos tocava as têmporas, fazendo uma leve pressão para aliviar o estresse

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Com as pontas dos dedos tocava as têmporas, fazendo uma leve pressão para aliviar o estresse. Junto da enxaqueca insuportável que latejava em sua cabeça, não existia analgésico capaz de fazer a dor cessar.

― Eu estou bem aqui ― Murmurou irritado, entre dentes, quando se levantou servindo-se de uma dose de conhaque. ― Eu sou crescido e vacinado, posso tomar minhas próprias decisões.

Tomou um gole da bebida âmbar, o líquido amargo desceu como um alívio em sua garganta, quando se virou para enorme janela, olhando para um ponto qualquer fora do prédio.

― Impulsivo, explosivo e impaciente.

Augusto Carbonne, um capitão, acrescentou e instantaneamente ganhou um olhar atravessado e interrogativo de Ettore. O homem podia ser um capitão, mas enganava-se em pensar que podia ficar abrindo a boca na hora que quisesse.

Ele esquecia-se que o peixe morria pela boca.

― Agora isso virou uma reunião sobre o que eu sou? ― Ettore se aproximou perigosamente da mesa onde os homens estavam reunidos. ― Ótimo, eu tenho coisas a acrescentar. Como, por exemplo, o Mauro... Que está lá fora ameaçando abrir a boca sabe-se lá para quem, quando vocês querem discutir sobre uma maldita data para o meu casamento.

Puxou uma cadeira, fazendo seus pés arrastarem contra a madeira, fazendo um barulho estridente, brevemente irritante. Sentou-se apoiando o copo curto sob a mesa, enquanto esperava uma explicação por ter um soldado nas ruas espalhando boatos.

― O Mauro é um problema que pode ser resolvido em duas semanas ― Lorenzo, consigliere de seu pai, e o mais interessado com o casamento, foi o primeiro a dar a ideia de adiantar o casamento e retardar a procura por Mauro.

― Não.

Seu pai, Leonel, atualmente o Don, se pronunciou. Sua expressão era inteligível, dando seu último gole no whisky envelhecido.

― Ettore está certo. Se deixarmos essa ameaça lá fora, ele vai se fortalecer.

― Me casarei no final de semana, como não vejo necessidade de uma lua de mel, na próxima semana pegamos Mauro.

― Sem lua de mel? ― Lorenzo novamente reclamou, começando a batucar os dedos impaciente na mesa. ― Vocês

― Cala essa merda que você chama de boca, Lorenzo ― Leonel interferiu, mas sempre com o tom carregado e baixo. ― Mauro é uma ameaça ao reinado que você quer colocar sua filha, enquanto sua preocupação é com a lua de mel, meu filho se preocupa em proteger o anel que sua filha usará.

― Se Bertinelli cair o império não vale de nada. O casamento perderá o valor e, então, o próximo herdeiro não terá um acento na mesa. Porque a mesa vai ser destruída.

Augusto era o mais sensato que estava presente ali entre todos os homens, se pronunciou no momento certo, com as palavras certas.

A ameaça era real e não importava o quanto o casamento fosse fortalecer a casa, se a Giostra fosse alvo de investigações a dinastia cairia e lua de mel alguma poderia evitar que o pior acontecesse.

― Entendeu, meu querido sogro ambicioso? ― Ettore debochou com o ar de superior mesmo que seu tom fosse de tédio.

Mas seus olhos brilhavam porque, com certeza, Mauro iria estar em suas mãos e ele adorava descobrir o ponto certo da dor que o coração não resiste.

― Mauro nunca foi importante o suficiente para ter informações capazes de destruir essa mesa ― O olhar de Lorenzo sobre Ettore era o de quem explica algo novo para uma criança. ― E mesmo que houvesse uma investigação, não haveria provas que levassem a nós. Então, não, eu não entendi, garoto.

― Você esqueceu-se do seu lugar, Lorenzo? Cuidado. Você está indo longe, longe demais. E esse casamento não tem data marcada, ainda podemos colocar outra mulher no lugar.

Um olhar confidente fora trocado com Augusto, o homem sábio tinha uma filha que tinha tudo o que uma "mãe" da Giostra deveria ter.

― Existem famílias importantes em Palermo que de bom grado se separariam de uma filha, pelo valor dos Bertinelli's.

Augusto concordou trazendo a tona seu desejo interno de ter uma filha casada com Ettore, mesmo que Ettore odiasse a ideia de desonrar a sua palavra cuja foi dada a Helena dias atrás.

― Além de existir outras mulheres além de Helena nesse país, elas se adaptariam a ideia de abandonar seus costumes e sonhos, como uma lua de mel, em nome do bem maior.

Antonio Albizzi se pronunciou pela primeira naquela reunião. Ettore capturou em seu tom de voz o desgosto pelo casamento, junto dele havia mais dois, Matteo e Giovanni, que não aprovavam o casamento com Helena.

Ettore abriu a boca no instante seguinte, mas recebeu um olhar de seu pai que o fez rolar os olhos e engolir a resposta que antes estava na ponta de sua língua.

― Por que não marcamos uma festa no casarão, com o intuito de apresentarmos novas mulheres para Ettore? Deixe que o homem escolha sua melhor opção.

Giovanni Bianchi também ganhou voz com o assunto que António trouxe a mesa, frisando o descontentamento com as ideias de Ettore e Leonel.

Era um pobre homem ambicioso.

― Tem uma filha para me oferecer, Giovanni? ― Ele olhou para o homem, perguntando uma retórica, a resposta era não. ― Pois é, então, cale a boca e guarde a sua opinião para quando for solicitada.

― Minha palavra já foi dada. Existem outras mulheres, mas apenas duas delas são importantes ― Seu pai jamais perdoaria a chance de provocar Lorenzo.

Deixando claro que mesmo que Helena fosse a escolhida ainda poderia existir a chance de outra ocupar o seu lugar.

― Ainda estamos falando sobre a Lucrécia?

Lorenzo se remexeu desconfortável, ganhando o olhar de todos. Sua voz era baixa, num tom como se segurasse a raiva.

Ettore sorriu se levantando da cadeira, chamando a atenção para si.

― Sim, sim. ― Ettore andou cautelosamente até a mesinha das bebidas e serviu-se de Conhaque. ― Eu pretendo jantar com Lucrécia hoje. Ela certamente é uma companhia agradável.

Levou o copo curto aos lábios, saboreando do líquido envelhecido, enquanto pela borda do corpo, observava a reação de todos os homens presentes.

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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora