O céu encoberto junto da luz fraca do poste em uma esquina qualquer dava ao local um clima perigoso e proibido para aquele horário da madrugada.
― É chegada a hora.
Um dos homens se pronunciou.
― Deve ser letal. A cria de Leonel está fora de controle. ― O outro estava insatisfeito, não era uma reação que esperava de Ettore.
O filho mimado.
― Imaginei que estaria.
Não havia indício nenhum do que ele sentia.
― Não entendeu; ele está tomando conta de tudo. Ele próprio está saindo para procurar Volkov. Antes que qualquer informação chegue ao pai, ele ja sabe. ― Ele fez uma pausa. ― Está agindo por debaixo dos panos, no escuro. Apenas sua pequena equipe sabe de seus passos.
― Está com medo de um moleque? Quando se uniu a mim, você já sabia que era um risco.
A postura do homem se tornou tensa, mas estava longe de ter medo, era apenas a certeza que teria mais trabalho do que pensou que teria.
― Você o subestima. ― Ele o encarou. ― Ettore não é um moleque qualquer. Eu vi de perto como Leonel o criou, é um animal selvagem criado em uma jaula, esperando apenas sua chance de se libertar.
Naquele tom de voz certamente tinha medo. Puro e claro. Era gritante. Mas aquele medo não impedia de colocar a mão dentro da jaula e desafiar o animal faminto.
― E você me subestima! ― Um sorriso sádico. ― Apenas siga as minhas ordens, aquele moleque não sabe de nada.
Eram dois animais. Dois selvagens brigando por apenas um prato de comida. Não havia muitas escolhas.
Era sobrevivência.
― Sempre segui. Sempre respeitei suas decisões, mesmo que algumas delas não façam sentido algum.
Houve um silêncio estranho dentro do beco enquanto ambos se encaravam. Pareciam pensar no plano que entraria logo em ação.
Estava mexendo com uma das organizações mais antigas e poderosas do velho continente.
Mesmo que ambos estivessem certos que era um plano perfeito, livre de erros, não sabiam como aquilo mudaria o tabuleiro. Como traria consequências para a máfia.
Os soldados eram leais aos seus líderes e quando algo aconteceu, costuma terminar em retaliação da parte deles.
― Como todo reinado um dia cai, é a vez dos Bertinelli terem um fim.
― Não se esqueça da minha única condição; deixe minha filha de fora desse plano.
Lorenzo mostrou os dentes, querendo garantir a segurança de sua segunda filha apesar de todas as diferenças que tinham. Prezava por sua proteção, não queria que ela pagava por um erro que não era dela.
Helena era a sua garotinha preferida, era inteligente, bem diferente de Helen que mais parecia uma porta.
― Não é sua filha, ela agora é a senhora Bertinelli. Se ela entrar em meu caminho não manterei o nosso acordo.
Lorenzo soube que Vladimir Volkov não estava brincando quando o procurou com uma proposta sedutora afim de liquidar com o Capo e o braço direito da Giostra, quando Volkov tinha olhos sombrios.
― Volkov
Vladimir fez um gesto, sinalizando para que Lorenzo se calasse.
― Não banque o coitado. Você sabia o que teria quando aceitou a minha proposta e se juntou a mim. Isso não está em votação.
― Perdão. Seguirei as suas instruções sem questionar.
― Primeiro tem que descobrir tudo o que os Bertinelli sabem. ― Fez uma pausa e mostrou um segundo dedo. ― Seguro quero que impeça, invente uma desculpa, mas enrole eles. Atacaremos no dia que Ettore subir como Don.
― Eles não sabem de nada. Apesar de Andrei, que está aqui, ligaram a presença dele com Mauro e o anjo, um bastado que anda publicando os segredos deles por aí.
Lorenzo se soltou para satisfação de Vladimir. Este se animou com a ingenuidade dos Bertinelli.
― E quanto ao moleque? O que ele sabe? Seu filho está nessa equipe, sabe de algo?
Lorenzo negou.
― Pietro não está com Etorre. ― Suspirou. ― Ele tem algo que sente quando alguém é traidor, deixando a pessoa de fora de seus planos. Leonel criou bem o garoto.
― Você vai dar um jeito, então, descobrir. Pressione Leonel, faça ele colocar o filho para andar na linha. Se ele sabe de alguma coisa, é bom que a gente sabia também e antes dele.
― Farei até o impossível. O velho já quer subir Pietro como consigliere. É o bastante para fazer Ettore falar com o conselheiro.
Vladimir gostou daquela resposta. Era um cerco impossível de ser quebrado, eles cairão.
― Eu entrarei em contato contigo quando for a hora. Não mandarei ninguém e se for o caso meu filho vem em meu lugar.
Em nenhum momento Volkov deixou de ter aquele sorriso maquiavélico nos lábios, parecia se divertir imensamente com aquela situação
Parecia, acima de tudo, satisfeito com seu plano de meses que, julgou ser impecável, entraria em ação dentro de alguns dias. Naquela mesma semana.
― Tudo cai. Nada dura eternamente.
Lorenzo concordou.
― lembre-se você não me viu. Eu nunca estive aqui.
Volkov foi categórico. A mesma frase de sempre no final de cada encontro. Saiu do beco e por pouco não saiu saltitando.
O poder da Giostra estava quase em seu domínio, pois jamais deixaria um traidor feito Lorenzo ou seu filho Pietro ocupar aquela mesa.
A posição como sucessor era sua e de mais ninguém, D'Angellis estava profundamente enganado se achasse que traindo seu líder conseguiria ocupar aquela posição.
O italiano foi uma pequena peça de um grande tabuleiro, uma jogada estava sendo feita e logo aquela peça estaria de fora, guardada em uma caixa para juntar poeira.
Porque além de italiano era um traidor, duas coisas que Vladimir tinha um ódio profundo, tão forte que não sabia dizer onde começava e terminava.
Assim como a ambição, fazia parte de quem o homem era.
Por tal motivos cruzei as fronteiras e quebrou acordos.
Por poder, a cede por ter sobre suas mãos um grande comércio lucrativo, assim como teria influência e respeito.
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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)
ActionDiabo. Foi assim que Ettore Bertinelli passou a ser chamado por aqueles que tinham suas vidas em uma balança e uma vez que ele achasse que alguém estivesse errado ou pensasse que algo está errado, ele ia à caça. Eliminando de forma impiedosa quem es...