2|| Shot through the heart.

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Os primeiros raios de sol invadem as frestas de celeiro o deixando mais claro, me forçando a levantar de minha cama. Abro as janelas, e o quarto se ilumina todo, amarro meu cabelo loiro num coque frouxo, abro o meu notebook, e  sento na cadeira. Gosto de aproveitar as primeiras horas da  manhã para escrever, porque a paisagem sempre me inspirava. Me espreguiço, estando meu pescoço de uma e de outro e tento relaxar meus ombros. "Vamos lá, Marie. Nós podemos fazer isso.", Abro o arquivo do Word no computador, e volto a escrever da onde tinha parado.

Algum tempo depois quando acho que escrevi o suficiente, releio tudo o que escrevi até ali, e pela primeira vez me frusto. Não está bom! Não faz sentido nenhum. Droga! Apago parte do que escrevi, e fecho o notebook frustrada. Me levanto da cadeira e visto uma de minhas camisetas largas de ficar em casa, calço minha pantufa do piu-piu, pego meu celular e desço as escadas do meu quarto. Saio do celeiro, e desço para casa grande. Merda! Nunca tive um bloqueio, e agora isso! O que diacho está acontecendo comigo?, Subo as escadas da casa, abro a porta e passo por ela indo direto para sala e me jogando de costas no sofá. Só pode ser brincadeira... A única que eu sei fazer bem, de repente me abandonou. Não são nem dez da manhã e já estou estressada. Ótimo! Maravilhoso!

"Marie?", ouço minha avó chamar. "Na sala, vovó!", ela aparece ali com uma caneca de café com leite quente, e me entrega. Eu me sento e ela senta-se ao meu lado. "Está tudo bem?", pergunta. "Não. Mas vai melhorar.", digo assoprando a fumaça que subia da caneca. "Estou com bloqueio, vovó. Bloqueio. Eu nunca tive um. E estou frustrada.", tomo um gole do líquido quente, que instantaneamente aquece todo o meu corpo por dentro. "Tenha calma, meu amor. Vai passar.", ela me dá um sorriso bondoso. "Assim espero, porque não sei o que fazer se não conseguir escrever mais.", suspiro. "Você sempre foi dramática. Não tem nem um dia, meu anjo. Tenha paciência.", ela ri. "Vovó eu nasci em fevereiro, o mês mais curto. Já tiremos por ai, que paciência não é meu forte.", dou risada e ela também., "Tem bolo de fubá lá cozinha, vem com a vovó.", ela diz se levantando, e eu a sigo. Na cozinha ela me serve mais café, e corta um pedaço de bolo para mim, que eu passo manteiga fabricada pela gente. Mordo um pedaço, e... meu Deus! Que delicia de bolo! "Vovó, isso está uma delícia.", ela sorri. "Talvez o que você precisava era comer um bom pedaço de bolo!", ela toma de seu café. Ouço passos no chão de madeira, e me viro para trás, e encontro Tegan, minha melhor amiga, e seu sorriso ilumina meus olhos. "A porta estava aberta, desculpa por entrar sem chamar!", ela diz, enquanto a abraço. "Que isso! Você é de casa!", Tegan tinha os cabelos bem pretos em uma trança de lado, e a pele bem branquinha, os olhos azuis se destacavam. Ela era típica garota do campo, vestido branco, botas e jaqueta. E era linda, de uma timidez quase irritante. "Sente-se Teddy. Toma café com a gente!", minha avó diz. "Oh, não, dona Amélia, obrigada. Mas ja tomei café da manhã.",  ela sorri. "Eu vim chamar sua neta para ir no 'clube de tiro' comigo e minha familia.", olho para ela. "É hoje!?", ela concorda. "Tudo bem se eu for vovó? Ou você vai precisar de mim?", ela nega com a cabeça. "Deixa só eu trocar de roupas, ok?!", pego o pedaço de bolo que estava comendo e volto para o celeiro a passos rápidos, quase correndo. Subo as escadas, e atravesso o quanto, abro o gaveteiro, pego uma calça jeans desbotada, visto, ajeito a camiseta que estava por dentro da calça deixando-a soltinha, visto minhas botas marrons, solto os cabelos, pego minha carteira e chaves, e desço. Do lado de fora da casa, Teddy me esperava encostada em sua caminhote. Ela me entrega meu celular, que provavelmente minha avó havia entregue a ela. E entramos no carro. "Nós vamos encontra-los lá, tudo bem?!", ela diz dando ré. "Tudo sim.",  Assim que a caminhonete entra na estrada de terra, um rastro de poeira se levanta do chão, e sei que ja passou da hora de chover por esses cantos. No rádio uma música deixava o ar de calmaria ainda mais gostoso, e a viagem de carro até a fazendo dos Wayne's, onde acontecia o clube de tiro, na parte de cima da colina.

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora