51 || Every heartbeat beats for him

30 2 12
                                    


Outubro chegou, e com ele a baixa de temperatura, e a duração do dia mais curto, com a luz do sol invadindo as janelas as 6h da manhã e escurecendo por volta das 17h da tarde. Tirei a tipoia do tornozelo, os pontos da mão, e nós também voltamos para casa. Apesar de que andar por essa casa agora, depois do que aconteceu no mês passado me causava calafrios. Moose também sentia isso, eles dizem que animais conseguem sentir a energia negativa dos lugares, e desde que voltamos, sempre tem um horario em que ele para e fica latindo como se houvesse algo. John já andou pela casa toda para vê se encontrava algo, mas não há nada, é só mesmo ele estranhando a casa. Por causa do que havia acontecido e com meu tornozelo na tipoia, eu acabei largando o trabalho na livraria, mas constantemente aparecia por lá para conversar ou até mesmo ler algum livro, obvio, com o homem do meu lado, ele não me deixava respirar sem ele por perto. Acho que o trauma de não ter conseguido evitar o que tinha acontecido, não o deixava em paz, então ele sempre fazia o impossível para me acompanhar nos lugares. Hoje ele me trouxe na minha editora, eu havia finalizado o livro e queria mostra-lo á Gabriela, mesmo que depois que eu diga a John que escrevi o livro usando ele como uma analogia, e ele diga que não posso publicar, eu queria saber o que ela achava, e obvio queria que ela conhecesse o homem real por tras da ficção. 

"Você está calada. O que foi?", ele me pergunta enquanto faz o trajeto até a New Directions Publicity. Dou de ombros. "Nada, eu realmente estou ansiosa para saber o que Gabriela achou", ele segura minha mão e a beija. "Eu sei que você vem fazendo um misterio todo sobre esse livro, e sei que você já me disse que ele é especial para você, e que você iria me mostrar ele depois de falar com sua editora", ele olha para frente e troca de faixa na ponte, estávamos chegando lá. "Então sabendo disso, e tendo lido seu primeiro livro, vou pedir para você se acalmar. Você é ótima com as palavras, Annie! Tenho certeza que ela vai adorar", aperto a mão dele. "Você acha?", ele concorda. "Eu não acho, eu tenho certeza", entrelaço nossos dedos e encosto minha cabeça em seu ombro.  

Ah, John, tomara que você goste também... Porque eu coloquei meu coração em cada palavra que escrevi ali... 


{ ♥}



"Então, o que você achou?", pergunto a Gabriela quando estamos sozinhas. John estava sentado do lado de fora do escritorio. "Eu adorei, acho apenas que você deveria fazer algumas alterações na finalização... Mas, tirando isso, tá maravilhoso!", levanto da cadeira agitada. "Você acha que John vai gostar, Gabriela? Estou com tanto medo de mostrar a ele...", ela sai de sua cadeira e vem até onde estou colocando suas mãos em meus ombros. "Ele precisa gostar, porque esse livro está digno de um best-seller! Você está contando a trajetória de um homem que cansado da vida que levava, resolve viver intensamente cada parte de estar apaixonado por uma mulher, mesmo com toda insegurança que o cerca. Mostra o lado frágil da vida, Marie. Você transformou Walter Grace no próximo Ferris Bueller!", Gargalho alto. "Só que de maneira mais consciente e mais sombrio!", balanço a cabeça pensando sobre, e talvez ela tenha razão. "Ok, eu vou para casa, acertar o que você quer que eu acerte no final do livro, e vou contar para ele. E ele dizendo sim, eu ligo para você, ok?", ela me abraça animada. "Meu Deus! Estou tão animada com seu novo livro que me sinto estranha!", dou risada. "Eu também!", saímos da sala, e John já estava de pé a minha espera. "Então esse é o John?", ela diz brincalhona. "Sim, eu sou John", o homem a responde. "Me desculpe, Marie. Mas, uau, ele é.. UAU!", John ri. "Ok, a gente vai nessa!", digo um pouco enciumada. "Qual é Marie!? Ciumes? Serio?", reviro os olhos e ergo uma sobrancelha. "Nos seus sonhos, Johnny", ele beija meus cabelos. "Vocês dois são realmente lindos...", Gabriela diz. "Ta bom! Chega! Te ligo a noite, ok?", digo a ela. "Certo. Prazer em conhece-lo, John", ela estende a mão e John a aperta. "Que isso! O prazer é todo meu, em conhecer a pessoa que concretiza os sonhos de Annie", abraço a cintura dele. "Ele é adorável, Marie", respiro fundo. "Eu sei!, nos despedimos por fim e pegamos a estrada de volta para casa. 

No radio Islands in the Stream de Dolly Parton e Kenny Rogers, conta a historia de uma casal que encontrou a paz um no outro. E realmente, encontrei uma paz avassaladora ao lado de John, ele me fazia sentir todas essas coisas que sempre disse não querer. Eu amava cada centímetros dos 1,91 que ele tinha. As mãos grandes, as veias protuberantes que serpenteavam seus braços e terminando nas costas de suas mãos. A voz rouca e doce. O quanto seus cabelos eram pretos, e que os por isso os poucos fios brancos se destacavam. O contorno de seus labios, o nariz,  o formato dos seus olhos. Tudo nele era bonito, como uma elaboração simétrica. John era um homem, mas era tão menino. Ele tinha essa aura ao redor dele, que o fazia parecer mais jovens do que a idade que tinha. E apesar da grande inteligencia armazenada em seu cerebro brilhante, ele também continha certa ingenuidade. E eu amava isso. Amava ele com tudo o que eu tinha... 

"O que?", a voz dele me tira dos meus devaneios. "Ahn?", ele ri. "Você está me olhando desse jeito desde que saímos da editora. É realmente muito doce, mas agora começou a ficar esquisito", dou risada. "Ah, cala a boca!", faço careta. "É serio!", ele continua a rir. "Eu amo você, sabia?", digo do nada. "Era isso que você estava pensando desde que saímos de lá?", confirmo. "Não só isso. Mas sobre você", apesar de todo esse tamanho, John conseguia ficar vermelho. "Você ficou constrangido! Que fofo!", ele revira os olhos. "Para com isso, eu vou te dar umas palmadas quando chegarmos em casa!", engasgo com a risada. "Você não se atreveria...", cruzo os braços. "Continua com esse bico, que você vai ver até um homem com tesão vai!", bato no braço dele. "Johnny!", ele ri. "Deixa para gritar meu nome mais tarde, Annie", meu rosto deveria estar vermelho como um tomate, por eu o sentia queimar. "Olha só quem ficou vermelha agora?!", diz convencido. "Olhos na estrada, vovô!", coloco meus pés no painel da caminhonete e me escoro no banco. "Serio, Annie?", ele diz apontando para a saia do meu vestido amarelo, deixando minhas coxas a mostra, e não consigo evitar em rir. "mantenha seus olhos na estrada, seu tarado. Essas coxas ainda estarão aqui para você quando chegarmos em casa.", ele acaricia minha coxa e eu sinto um arrepio percorrer todo meu corpo. "É bom mesmo, porque você casou isso", ele aponta para sua ereção, me fazendo arregalar os olhos e levar as mãos a boca. 

É isso, não tem jeito, eu não conseguiria voltar a para Montana, nem se eu tentasse. Esse homem me fazia feliz demais. E eu queria estar com ele até meu ultimo dia nessa terra. Só espero que ele entenda que o livro que escrevi é cada detalhe do que meu coração sente por ele...

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora