24|| I got all the trouble, I'm ever gonna need

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Seguindo o conselho que minhas amigas me deram em Montana, tirei a parte da manhã, aproveitando que John iria passar o dia todo trabalhando, para vir ao escritório da New Directions, editora que na qual eu tinha contrato. E aqui estava eu seguindo as instruções do GPS, na caminhonete do homem. Ele insistiu tanto, que para gente não entrar numa discussão que me tiraria a paciência, logo pela manhã, acabei aceitando. Quando cogitei ir com ele até New Haven e pegar um metrô, e de lá ir até Nova York, o homem faltou pouco infartar de raiva. Dizendo o quanto era absurdo, eu passar quase duas horas num trem, sendo que eu podia ir no conforto de sua picape até lá, já que ele passaria o dia todo trabalhando, e não precisaria dela.

Estava descendo a ponte Robert F. Kennedy, em Nova York. Não era um trajeto fácil para mim, porque não estou acostumada a ver prédios e o oceano pela extensão da estrada. Em Montana é apenas o grande céu aberto, e as montanhas. Não há tantas construções assim. Principalmente em Paradise Valley, onde tudo é pasto e centeio. O GPS me informou que eu estava em East Harlem, e que meu destino estava próximo. O sol estava a pino sob céu de Manhattan, e a minha esquerda, eu tinha uma vista linda e privilegiada da ponte do Brooklyn sob o mar. Continuei na FDR Dr, onde passei por dois tuneis com filas intermináveis de carros. Fiquei mais ou menos uns 10/15 minutos em cada um deles. O transito dessa cidade era horrível, agora entendia o desespero de John quando disse a ele que teria que vir aqui. Á essa altura, da minha viagem, fui avisada pelo aplicativo, que estava em Roosevelt Island, e que meu destino estava mais próximo. Quando finalmente cheguei a Peter Cooper Village, eram por volta das 09:40 da manhã. Segui mais adiante e deixei a picape na Icon Park, e de lá,  segui a pé até a NDP, que ficava na 81 8th Ave. Antes de atravessar a rua, olhei para cima, para ver o prédio cinza da editora, respirei fundo, e atravessei depressa, aproveitando o sinal vermelho para os carros. Abri a porta de vidro com detalhes dourados, e entrei com toda a cara e coragem para encarar Gabriela, minha redatora.   

Quando já estava no andar da editora,  fui levada até o escritório de minha redatora. Da qual eu vinha me esquivando desde que mandei fragmentos de algo que havia escrito antes, ela foi dura e sincera demais, dizendo que o que eu havia escrito era material para ser jogado no lixo. Gabriela Fuller,  era uma vadia maldosa quando queria, mas se não fosse por ela, meu livro não teria ido para as prateleiras de 50 países. Em "A história de nós 2", eu tinha me entregado ao desconhecido,  escrevi a história quase que sem propósito nenhum. Eu só tinha visto esse casal na cafeteria em Livingston,  e boom! As idéias surgiram fáceis. Quando tinha escrito o livro todo, o postei online e ele rapidamente foi ganhando leitores, e foi ai que Gabriela me achou. Tive sorte, eu sei disso, e muitos escritores não tem, mas se não fosse por ela, eu jamais teria lançado meu livro oficialmente. 

Agora eu estava aqui sentada na cadeira, diante dela, que se mantinha em pé escorada em sua mesa, vestindo um conjunto formal vermelho. O cabelo em um coque,  e as unhas pintadas de um dourado gritante. Minha redatora era bem perua com classe, e eu adorava isso nela.

"Garota country em NYC?", ela aponta para minhas botas. "Com certeza! ", respondo-a. "Vamos cortar o papo furado, Marie. O que você tem para mim?", abro minha bolsa e la de dentro tiro um calhamaço de alguns capítulos que havia imprimido. Era pouco mais que 30 folhas. "Só isso?", ela perguntou com desdém. "Você vai insultar a minha obra de novo?  Ou vai ler e dizer o que acha?", digo levemente irritada." Com essa seu temperamento, você vai acabar perdendo o emprego.", ela diz em tom de brincadeira, mas sei que tem um tom de verdade."Não vou mudar para me encaixar. É pegar ou largar.", dou de ombros. "Você dá sorte que eu gosto de você,  Campbell.", cruzo minhas pernas e ergo uma sobrancelha. "Você que tem sorte de que eu goste da sua forma de trabalhar, Gabie. Do contrario, jamais teria assinado contrato com você.", ela. ri. "Arisca como uma boa garota de Montana. Eu gosto. Agora cale a boca, e me deixa ler seu próximo Best Seller.". Dou risada de sua prepotência, e me levanto da cadeira indo apreciar a vista de Nova York, enquanto ela se sentava em sua cadeira. Pelas grandes janelas de vidro de sua sala, observei que o dia estava razoavelmente quente, e as pessoas ativas numa velocidade que me cansava. Vindo de um lugar onde a vida é pacata e tranquila, esse agito da cidade grande, me deixava um tanto estressada. Em Paradise Valley, o que mais nós tínhamos era paisagens para se admirar, lagoas, montanhas, cervos e antílopes, que apareciam vez ou outra, pelo pasto. Ou alces se banhando no rio de Yellowstone. O que talvez para muitos aqui seriam algo novo, para mim era uma paisagem que eu estava acostumada. 

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora