7|| Todos os tipos de ressaca.

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Desgraça. Eu nunca mais vou beber na minha vida. E não é que eu esteja fazendo drama... Ok, talvez esteja um pouco. Mas é que minha cabeça dói tanto que tudo que eu queria agora era uma arma para acabar com o isso. Não lembro de metade das coisas que eu fiz ontem, lembro de estar em cima do touro mecânico, e de falar com John depois disso. Ele me trouxe para casa?

Acho que sim, porque me lembro de algo assim. Que ressaca é essa, meu Deus! Eu não vou deixar essa cama nunca mais!

"Marie Annie Campbell!", ouço a voz de Molly ecoar pelo celeiro. "Vai embora!", digo arremessando um dos meus travesseiros na direção da onde sua voz vinha. "Marie! Esse troço quase caiu na minha cabeça!", ela diz levemente irritada. Cubro minha cabeça quando ouço seus passos subirem a escada de madeira, e fecho meus olhos. Só para senti-la puxar meu cobertor de cima de mim, me fazendo colocar o travesseiro sobre o rosto, quando a claridade, por ela ter aberto minha janela, atinge meus olhos. 

"Vamos, Marie. Chop-chop. Eu quero saber tudo o que rolou ontem entre você e o bonitão forasteiro.", ela puxa meu travesseiro e eu me sento na cama irritada. "Não aconteceu nada. Não que eu me lembre.", digo esfregando os olhos. "E muito amiga você, né? Foi embora e me deixou sozinha... Obrigada pela consideração.", digo azeda. Ela revira os olhos. "Você não estava sozinha. Tinha braços muito fortes e macios ao redor da sua cintura, que eu vi, tá?!, QUE?, "Do que você esta falando?", pergunto esfregando o rosto nervosa. "John manteve você por perto depois que te tirou do touro-mecânico, quando você caiu. Ele te segurava como se você pudesse quebrar.", ela pisca os olhos varias vezes. "E eu acho que ele gosta de você.", reviro os olhos. "E eu acho que você bateu com a cabeça.", levanto da cama indo em direção ao banheiro, amarrando o cabelo num coque bagunçado. Lavo meu rosto e escovo meus dentes. "Você vai fazer alguma coisa hoje?", Molly pergunta encostada no batente da porta. Enxáguo minha boca, seco o rosto na toalha, e me sento no vaso para fazer xixi. "Até onde eu sei, não. Mas pretendo tentar escrever. Porque?", Ela ajeita a trança ruiva sobre os ombros e bufa. "Estou entendiada. Queria fazer alguma coisa.", me seco, levanto meu short do pijama, e dou descarga saindo do banheiro junto com Molly. "Liga para Teddy, ela sempre tem algo para fazer.", dou de ombros. 

"Marie, ta ai porque você continua solteira e virgem... Você vive enfurnada em casa. Saia um pouco, vá viver!", tiro minha blusa do pijama e jogo nela, fazendo ela rir. Troco meu pijamas por uma calça jeans, uma regata branca e um blusa de frio lã vermelha. Ela aparece ali do meu lado e me entrega a blusa que joguei nela. "É serio, amiga. Eu amei seu livro. Amei cada palavra que você usou para descrever amor, paixão e intensidade....Mas... Você nunca viveu isso. E por saber disso, e por conhecer você, a historia perde o sentido. Como você pode descrever o amor com tanto detalhe, se você nunca amou, ou se quer se apaixonou? Não faz sentido para mim. Me desculpe eu jogar isso assim na sua cara. Porque eu sei que você odeia isso.", ela respira fundo. "Mas sabe porque você não consegue escrever nada?", balanço a cabeça. "Porque seu subconsciente não tem mais o que contar. Porque você nunca sentiu essas coisas por ninguém. Você escreveu todas essas coisas usando licença poética. E ao meu ver, isso é muito hipócrita da sua parte. Por que você diz aos seus leitores para serem abertos ao amor e a novas experiencias, mas você mesmo, não as vive, Marie Annie. Você deveria viver!"

Eu sei que Molly diz tudo aquilo com a melhor das intenções, mas me doeu ouvi-las. "E você deveria manter seus pensamentos sobre como eu vivo a minha vida para você mesma, Molly. Se eu quisesse me apaixonar por alguém, eu já estaria apaixonada. E se até agora eu não me envolvi com ninguém, pode ser que talvez é porque eu NÃO QUERO.", pego meu celular e coloco no bolso, desfaço meu coque bagunçado e começo a pentear  meu cabelo. "Você não precisa ser grossa, Marie, eu só estava tentando te abrir os olhos.", bufo irritada. "Quando eu te pedir conselhos, você me dá. Mas quando eu não os pedi, mantenha sua boca fechada. Eu não preciso ouvir isso de você. A pessoa que me abandonou sozinha bêbada  com um cara que eu mal conheço!",  ela joga as mãos para cima. "Você está fazendo tempestade em copo d'água, Marie. John é filho de amigos dos seus avós, e me parece muito responsável, até. Ele cuidou de você, pare de fazer caso a toa!, coloco meu chapéu na cabeça, e passo por ela, após calçar minhas botas bege. "Aonde você vai?", ela me pergunta quando começo a descer as escadas. "Sair. Respirar e curar minha ressaca longe de você. Até mais!"

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora