39|| All about trust.

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~ JOHN'S POV 🌺

Os últimos dias haviam sido intensos nas duas áreas da minha vida. A pessoal e a profissional. Marie e eu, havíamos chegado no patamar em que ambos estávamos em simetria. Ela estava apaixonada por mim, não que eu já não duvidasse disso, mas ouvi-la dizer, havia mudado a forma como eu a via agora. Eu baixei minha guarda por completo. Ela é minha agora. E eu faria de tudo para protegê-la do que fosse. Porque sei, que com a minha profissão, ela sempre vai correr algum risco.

Mas aqui estava eu, na sala de interrogatório, com meu jornal aberto, enquanto me mantinha em silêncio em frente a Valentino,  que estava algemado a mesa. Ele era suspeito de em ajudar a facilitar o Assassino de Neon, a interceptar suas vítimas. E eu queria informações. Mas desde que chegou, ele me disse não falaria comigo. Então estou usando uma das minhas táticas, esperar pacientemente e ganhar sua confiança apenas com meu silêncio.  Era o terceiro dia que eu vinha fazendo isso. Eu me sentava em sua frente por uma hora, lia o jornal e então ia embora.

Fazendo o que eu faço, você precisa transmitir honestidade e ser verdadeiro. É tudo sobre confiar. Eu preciso fazer com que o acusado confie em mim o suficiente, para se abrir comigo. Eu precisava da informação que só ele podia me dar, e para isso acontecer,  ele precisava se sentir seguro em relação a mim, para poder se abrir. Em outras palavras, adquiri a habilidades e técnicas especificas que poderiam transformar um aliado do assassino em nosso aliado. Minha profissão poderia ser resumida em fazer as pessoas confiarem em mim e a gostarem de mim o suficiente, para me contar seus segredos mais profundos. Meu trabalho com Valentino está ilustrando bem isso, preciso que ele goste e confie em mim o suficiente para se abrir comigo.

Eu sei que isso vai soar estranho demais, mas foi o que eu fiz em relação a Marie, no momento em botei os olhos nela. Quando meus pais falaram da neta de um casal de amigos, que era solteira, inteligente, escritora com seu primeiro best seller, a primeira coisa que fiz, como alguém que trabalha com investigação, foi procurar saber sobre ela. Eu tenho uma pasta com um dossiê, que diz até onde ela estudou, e o numero de sua conta bancaria. Não que eu fosse usar essas informações para seu mal... Mas quando procurei seu nome na internet, e sua foto apareceu na busca, algo estranho aconteceu comigo. Ela me cativou de primeira, eu ainda nem tinha decidido se iria mesmo para Montana, o rancho estivera abandonado por tanto tempo, quando o olhei pela internet, não sabia se queria compra-lo ainda. Mas quando achei alguns videos seus no IG, ela montando seu cavalo, correndo pasto acima. Ou nadando no rio Yellowstone com as amigas, fiquei encantado com a paisagem, e me peguei pensando: 'Porque não?', comprei e avisei meus pais que estava de partida. Fui sem eles, levando Moose comigo, e chamei alguns amigos pra me ajudar a arrumar o lugar. Quando estava tudo em ordem, contratei algumas pessoas, e finquei minhas botinas naquele lugar. Meus velhos apareceram para me ver, duas semanas depois, e então me avisaram que queriam me levar para conhecer Marie. 

Nem sempre fiz as vontades de meus pais, mas eles estavam em idades avançadas,  e com o passar dos anos aprendi que pai e mãe tem data de validade, e que era bom dar valor em quanto a validade ainda não estivesse vencida. Quando chegamos na fazenda, Marie ainda não havia voltado de um passeio, que seus avós haviam  nos dito, então pedi para andar pela fazenda, e entrei em seu quarto. Sim, eu sabia que era o quarto dela, havia visto em suas fotos na internet. Mas entrei porque queria conhecer sua atmosfera de escritora, que era bastante forte só pelo fato de ela ter seu próprio quarto fora da casa dos avós. Tudo no quarto dela, era do jeito que eu imaginava que seria, menos o telescópio. Eu também fui com o pré julgamento de que ela não passaria de uma garota boba, que acreditava que o mundo era colorido e acreditava em príncipes encantados. Não poderia estar mais errado. Annie não era boba, era ingenua, mas de boba ela não tinha nada. Era uma garota forte, inteligente e arisca. Ela era desconfiada e curiosa, seus olhos prestavam atenção nos detalhes, mesmo quando ela deixava passar alguma coisa, uma hora ela voltaria naquele assunto.

Quando ela subiu as escadas de seus quarto com um rastelo nas mãos eu quis rir, mas sabia que se o fizesse, ela provavelmente atravessaria ele em mim. Eu me encantei com sua coragem e ainda mais com seu intelecto. Ela era uma garota que falava com paixão sobre as coisas que gostava, era lindo de ouvir e ver as suas expressões corporais. Eu deixei que ela confiasse em mim, deixei que ela se abrisse, e que me perguntasse coisas, as respondendo com total honestidade. Não fiz isso com a intenção que ela se apaixonasse por, fiz porque precisava me abri com alguém que não me conhecia, mas que eu pudesse confiar. E ela me provou nesse tempo todo que posso acreditar nela. Não há segredos a circundando, mas há muitos segredos que me circundam. Eu queria contar a ela, sobre o que faço, mas teria que contar sobre tudo. Sobre o dossiê, sobre te-la investigado para saber sobre ela, sobre o real motivo porque a trouxe para Connecticut... Não era só porque a queria por perto, eu precisava te-la em meu campo de visão. Porque Bloomberg, sabe que estou em sua cola, e sabe que sei, que foi ele quem assassinou Katy, eu só não tinha a motivação, e como provar. Não podia deixar que ele retaliasse em Marie. Minha flor de cacto, não pode, nem vai ser tocada por esse filho da puta desgraçado! Eu o mataria, antes que isso acontecesse!

Me levantei da cadeira, após dobrar meu jornal, e sai da sala, sem dizer uma palavra a Valentino. Jackson me esperava na sala ao lado, que foi onde entrei. "Não sei como você consegue ter essa paciência com os investigados, e nenhuma com o resto das pessoas ao seu redor.", ele alfineta. "Por que preciso da confiança deles, e não a de vocês.", ele revira os olhos. Pego minha jaqueta de couro sobre o encosto da cadeira e a visto. Pego minha arma em cima da mesa, coloco na parte de trás do cós da calça jeans, e a pasta com mais evidencias do caso do nosso assassino em serie. "Estou indo para casa. Qualquer coisa, me ligue.", o aviso e dirijo para fora da sala. 


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A volta para casa havia sido silenciosa, apesar da musica tocando no radio, e do barulho dos carros lá fora. Dirigir era sempre uma terapia, eu gostava de usar as quase uma horas de viagem para pensar e organizar as minhas ideias... Gostava disso, de poder ficar sozinho e não me incomodar com o silencio casual. Silencio esse que estranhei ao entrar em casa, que estava toda escura. "Marie?", chamei uma vez, mas não tive resposta. Fui até a cozinha, e nada. "Annie?", chamei subindo as escadas, e mais uma vez silencio. Ela não estava no sótão, porque o banquinho que ela havia usado no outro dia não estava ali. Entrei no quarto, e nada. Tirei a arma do cós da calça, e a engatilhei. Se havia alguém aqui, e tivesse feito algo com ela... Deus, essa pessoa estava morta antes mesmo de eu disparar uma bala. Caminhei pelo corredor, até estar na porta do escritório, e então chamei, novamente antes de entrar. "Annie?", quando não tive resposta, entrei de uma vez, com arma em punhos, apenas para encontrar, Marie sentada a minha mesa, com folhas espalhadas sobre a mesa. Por algum motivo que eu não consigo entender, continuo com arma apontada em sua direção, enquanto ela caminha com ódio em minha direção com fotos nas mãos e um punhado de folhas nas mãos. "Você pode atirar em mim depois, Agente Mayer, mas primeiro, você vai me explicar, que porra é essa?!", ela bate com elas no meu peito, e eu seguro com uma das mãos. 

Merda, ela achou o dossiê!

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora