25|| Who is he?

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Faziam apenas 4 dias que estávamos em Connecticut, e eu sentia que tinha muito mais tempo que isso. A casa de John finalmente estava arrumada, e digna, de ser habitada. E eu descobri que o bairro onde morávamos, era um dos bairro a mais aconchegantes da redondeza. Consegui ir ao mercado de bicicleta, que não era muito longe. O irmão mais novo de John havia me arranjado uma bicicleta que estava no porão de sua casa. Ele e o irmão passaram o dia mexendo nela e trocando a corrente e a manete, por novas. E agora eu podia cruzar a cidade em dias estáveis de bike. Johnny instalou uma cestinha no guidom, e adesivou toda a bicicleta com um papel rosa clarinho. E eu entendi a escolha da cor, já que segundo ele eu usava peças nessa cor aos montes. Trouxe algumas coisas do mercado para casa, e agora estava sentada na escada da varanda, enquanto John e seu amigo Jack, trabalhavam em um caso há algumas horas em seu escritório. Meu notebook sobre meu colo enquanto eu digitava mais algumas coisas da história.

"Walt Grace era um homem que eu amava admirar, sempre tão focado no que ele queria para sua vida. Nunca o vi deixar de fazer o que tinha de fazer porque não acreditava mais no que estava fazendo. Ele muitas vezes, apenas tirava um tempo da situação, e tentava ver ela com outra perspectiva. Walt era um daqueles caras que acreditava que tudo podia ser resolvido se você tirasse um tempo para enxergar a situação de fora. Ele fazia isso com muita frequência, e talvez por isso, tenha ficado tão solitario nos últimos anos. Mas ai você me pergunta, como assim Rosie? Walt tem você, não tem? E eu te respondo, não. Walt Grace apenas tem a ele mesmo. Porque é com quem ele acredita que apenas pode contar."

Dou uma pausa no que estava escrevendo e aproveito para observar as crianças brincando de basebol na rua em frente a casa. Fechei o notebook, e o coloquei ao meu lado, enquanto mantinha a cabeça escorada em uma das mãos. Assistir a elas brincando tão ingenuas e fora da podridão que o mundo se encontrava hoje em dia, me fazia lembra de quando era criança, e Molly, Teddy, Vic, eu e outras crianças da redondeza, vivíamos para aproveitar os dias de sol no rio de Yellowstone. Ou em construir bonecos de neve quando as baixas chegavam. Era tudo tão mais simples naquela época, nada para se preocupar, nenhum lugar para se esconder, porque não tinha do que se esconder. Eramos apenas crianças correndo no Vale Paraíso... Pensando um pouco nisso, me ocorreu que eu nunca perguntei a John, como foi a infancia dele... Sinto algo acertar meus pés e grito no susto, para só então perceber que era a bola que eles brincavam. Ajeitei meus óculos, peguei a bola no chão, e fui até onde elas brincavam e entreguei a umas da meninas que estendeu as mão para mim. "Não sabia que John havia se casado de novo.", um homem alto, moreno, vestindo um boné de golfe, diz aparecendo por ali. "Não casou. Sou apenas uma amiga.", respondo a ele com um sorriso sem graça. "Me chamo Julian.", ele estende a mão e eu a aperto. "Marie.", ele vira a aba do boné para trás, enquanto ajeitava a luva de basebol em sua mão. "Sabe jogar?", ele pergunta. "Um pouco, sim. Porque?", ele brinca com a pequena bola em sua mão. "Lexi, traga esse taco até aqui.", a garota de cabelos tão loiros quanto os meus, com um boné vermelho, corre em minha direção e me entrega um taco de madeira. "Obrigada.", digo e ela volta a para o meio de seus amigos, e eu me viro para ele entregando o taco. "Não. É para você.", nego com a cabeça. "Não, não. Não quero atrapalhar vocês.", uma das crianças me puxa pela mão. "Vem, tia. A gente nunca tem gente nova para jogar. ", um garoto com olhos bem azuis e cabelos bem pretos, diz. E eu me pego imaginando, que um filho de John com Kathryn, seria exatamente assim. "Ok. Uma partida.", digo à Julian, que tira seu boné e me entrega. Eu solto meus cabelos, enfiando o prendedor no bolso, e coloco o boné virado para trás sobre a cabeça. "Então, de onde você é, Marie? Porque pelo seu sotaque, você não é de nenhuma lugar próximo daqui.", me posiciono com o taco na mão, o batendo no chão duas vezes, e ele se afasta um pouco. "Sou de Montana.", digo a ele. "Imaginei que mais do norte.", ele sorri. "Pronta?", faço que sim com a cabeça, e ele arremessa a bola com força, eu levanto o taco em minha mão, e bato com ele na bola da wilson, a jogando longe no alto. Fazendo as crianças correrem para pega-la. "E você, conhece John dá onde?", pergunto a ele. "Daqui mesmo. Somos... um... Amigos a vida toda... Vamos dizer assim.", bato o taco na minha bota. E o tique chama sua atenção para elas. "Garota country, então?", confirmo que sim com a cabeça. Então seus olhos tomam um brilho intenso olhando para trás de mim, e eu me viro, vendo John caminhar em nossa direção como um trator desgovernado. Ele passa direto por mim, indo com tudo para cima de Julian. "O que você acha que está fazendo, Jules?", sua voz fica um pouco mais profundo e seria que o normal. "Apenas sendo legal com sua amiga, Johnny. Se acalma, cara.", havia uma tensão entre os dois da qual eu não fazia ideia. "Mantenha-se longe de Marie, Julian. Estou te avisando!", ele se afasta do homem e vem até mim, pega o taco de minha mão de forma rude e joga no chão, fazendo o mesmo com o boné em minha cabeça, e jogando na direção de Julian. "Vamos entrar, Marie.", ele me segura pelo braço me guiando pelo quintal. "Ela não é sua propriedade, cara!", Julian grita. o que faz John parar de andar, soltar meu braço e se virar em sua direção. "Meta-se com sua vida, Jules. Ultimo aviso!", eu já tinha visto John ser agressivo, mas não desse jeito. E desse jeito, ele me assustava. "Você acha que ela vai aguentar toda a carga que você carrega em si, Johnny? Você está delirando. Eu continuo sem entender porque as garotas mais legais, acabam ficando com você?", o homem do meu lado falta pouco espumar pela boca de raiva, então, num gesto desesperado, seguro seu pulso, chamando sua atenção. "Deixa para lá. Vamos entrar. Julian, prazer em te conhecer, vou entrar agora.", digo ao rapaz enquanto John, me dá o olhar mais irritado que já vi. Ele faz menção para eu andar na frente dele, enquanto caminha ao meu lado colocando a mão, em minhas costas na altura da cintura, que eu faço questão de afastar. Não é porque tomei a iniciativa de cessar fogo, que estava feliz com a maneira que agiu. Me agacho pegando meu notebook na escadas, e subindo a escada lateral da varanda para entrar na casa. Assim que entro, vou direto para sala, e ouço seus passos pesados atras de mim. "Que porra você estava fazendo lá fora?", ele me pergunta irritado. Eu coloco meu notebook em cima da mesa com toda calma e cuidado do mundo e me viro para ele. "Cuidado com esse tom. Eu não sou sua namorada, e mesmo se eu fosse, jamais deixaria você falar comigo desse jeito!", o alerto, e ele dá um passo para trás. "Não me enrola, o que você estava fazendo lá fora, Marie? Eu não disse a você para não falar com estranhos?!", reviro os olhos. "Você dizer e eu obedecer são duas coisas completamente diferentes, John. E ele não era um desconhecido, vocês são amigos.", ele passa a mão na boca. "Foi isso que ele disse a você? Que somos amigos a vida inteira?", faço que sim com a cabeça. Ele me olha desacreditado. "E você acreditou? Você, garota de Montana, que nunca esteve por aqui antes, acreditou no primeiro estranho dizendo que me conhecia? Você é realmente esse tipo de loira?", ele cruza os braços. "O que você disse?", tiro meus óculos esfregando meu rosto, me sentindo ofendida. "Não foi o que eu quis dizer...", ele dá um passo a frente tentando segura minha mão. "Não. Foi exatamente o que você quis dizer, que eu sou loira burra!", berro e passo por ele que segura meu punho. "Me solta.", eu puxo meu braço. "Me escuta, Annie.", puxo meu braço de novo. "Para com isso, inferno!", bato meu pé no chão como uma criança birrenta, e me viro para ele. "Se você vai me tratar desse jeito, eu quero voltar para Montana. Me solta!", olha para sua mão segurando meu pulso, e ele a solta. E eu o deixo para trás indo em direção as escadas que davam no quarto, ouvindo seus passo atrás de mim. "Marie Annie, me desculpa. Eu...", ele respira fundo. "Eu sou um babaca. Mas você não pode sair falando com estranhos nessa cidade. Não é seguro.", me viro para ele quando estou no topo da escada. "Quem é ele? Aquele rapaz... Julian? Quem é?", cruzo os braços. E ele se escora no corrimão de madeira da escada. "Alguém que você deve manter distancia.", diz cruzando seus braços, assumindo uma postura de macho alfa, que poucas vezes o vi assumir, o que me fez engolir seco e olha-lo de cima a baixo. Ele vestia uma camisa jeans de mangas longas, que cobria a camiseta branca que estava por baixo, calça jeans e botas marrons. O homem era mesmo um pedaço de mal caminho... E com essa cara de bravo, então... Foco, Marie! Ele está sendo ridículo! Não é hora de apreciar a vista. "Assim? Sem mais nem menos? Sem você me explicar o porque?", ele só concorda com a cabeça. "É difícil para você fazer isso? Ouvir o que estou dizendo? O que estou te pedindo?", passo as mãos no meu cabelo agitada. "Não! Não é difícil! Alias, isso é tudo oque eu tenho feito. Há 4 dias eu tenho ouvido tudo o que você tem a dizer. E tentado entender o porque de tudo isso.", ele morde o labio. "Marie, evite andar sozinha nos horarios de pouco movimento na rua. Marie, se até as 16hrs você não precisar ir ao mercado ou não lembrar que tem que ir, não saia sozinha depois das 18hrs. Espere eu chegar, ou me ligue que compro o que você precisar, quando estiver voltando para casa. Marie, não fale com estranhos, ou com os vizinhos. Marie, Marie, Marie! Tudo o que você tem feito é praticamente me manter num carcere! Eu não tenho direito de me envolver ou criar laços com ninguém. Nem com Ben, seu irmão mais novo, que é familia, você sossega. Desde que a gente chegou sua mãe tem pedido para eu ir visita-la, e você só adia. Que porra está acontecendo, John?!", jogo as mãos para cima. Jackson, seu amigo, aparece no nosso campo de visão, e eu respiro fundo. "Anh... Johnny, eu vou para casa, Michele e eu temos planos agora noite. A gente pode continuar vendo o caso depois, ok?", John concorda com ele e eles trocam um aceno de cabeça. "Marie? Foi bom conhecer você. Espero poder voltar aqui com Michele, para vocês duas se conhecerem. Acho que você se darão muito bem.", sorrio para ele. "Quando quiser.", dou de ombros. Ele acena um tchauzinho e eu volto a olhar para John, que também mantem seus olhos em mim. A porta se fecha com um pequeno barulho, e a tensão volta novamente. "Então?", insisto. "Então o que, Annie?", ele diz subindo as escadas me fazendo dar dois passos para trás, dando espaço para estar no mesmo andar que eu. E então ele para em minha frente e seu olhar para mim é impassível. "Você... Vo-cê", limpo a garganta. "Você não vai me dizer por que dessas coisas todas?", ele dá outro passo na minha direção, e eu dou outro para trás, e ele continua a fazer isso até que bato minhas costas na parede. Olho de um lado para o outro, e ele coloca seus braços em cada lado da minha cabeça, com as mãos espalmadas na parede. Estou encurralada!

"O que está fazendo?", pergunto me sentindo indefesa, e ele se inclina para mim. "Estou tentando te proteger, Marie. Meu trabalho não é um dos mais seguros do mundo, e sim um dos mais arriscados. E isso que estou fazendo agora, poderia acontecer com você, numa rua deserta com uma pessoa aleatoria! E eu não poderia estar lá para te ajudar! Custa mesmo você largar de teimosia e me ouvir?", quero falar mais minha voz me trai, e não sai. "Te trouxe para cá, porque te queria comigo, porque te quero, na verdade. Mas te quero a salvo, e não para você ficar flertando com o vizinho.", ele se afasta, e eu não posso evitar o sorrisinho no canto dos meus labios. "Não vai me dizer que você ficou com ciumes, né?", ele revira os olhos. "Não estava flertando com ele, apenas jogando uma partida de basebol de rua. Totalmente inocente.", faço uma careta. "Ele colocou o boné dele na sua cabeça. É a tática dele quando se interessa em alguma garota.", abro a porta do quarto, indo sentar na cama. John entra e fecha a porta e se escora nela. "E como eu iria saber disso, não o conheço! Você não me explicou nada.", dou de ombros. "Me desculpa, eu deveria ter dito as coisas com mais clarezas. Mas agora você vai me ouvir mais?", balanço a cabeça de um lado para o outro, e tento ponderar o que ele disse. "Eu posso tentar.", os olhos de se iluminam. "Veja bem, eu disse que vou tentar, e não que eu quero, ok?", ele concorda com a cabeça. "Ah! Outra coisa...", ele muda a posição das pernas. "Nunca mais fale comigo como se eu fosse sua propriedade. Não é porque eu sou ingenua muitas vezes e pouco experiente que eu vou deixar você, ou qualquer pessoa passar por cima de mim com palavras, ok? Respire três vezes, e pense bem no que esta acontecendo com você. Eu posso ser muitas coisas, mas loira burra? É algo que jamais serei!", ele concorda e vem até onde estou, segurando minha mão, para que eu fique de pé. "Me desculpe, ok? Vou tentar ser mais claro com as coisas... É só...", ele encosta a testa na minha. "Eu me preocupo com você, e sou um pouco paranoico com questões de segurança dos outros.", seguro o riso. "Um pouco paranoico?", ele beija minha testa. "Fica quieta.", ele envolve minha cintura num abraço, o que me força a ficar nas pontas dos pés e colocar meus braços em volta de seu pescoço. "Você dá sorte que eu gosto desse seu jeito passivo-agressivo, Johnny. Do contrario eu já teria mandado você pastar!", ele gargalha jogando a cabeça para trás. "Você é hilaria.", como sempre acontecia quando tínhamos momentos assim, minha cabeça trouxe a tona uma frase que vi em algum lugar, há algum tempo atras... Um romance é um espelho que se carrega ao longo de uma estrada. Fazia algum sentido isso agora? Não. Mas, eu sei que com o tempo, irá fazer.

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora