40|| All about pretend.

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Eu sei que eu não devia ter saindo fuçando nas coisas de John, até porque as coisas estavam tão bem entre a gente. Mas toda vez que eu perguntava sobre o caso que ele estava trabalhando, ou sobre ir até a delegacia para vê-lo, ele armava seus muros, e me enrolava com algum outro assunto, geralmente acabávamos transando. Foi assim nas ultimas vezes que tentei abordar sobre o assunto. Então hoje, deixei minha curiosidade e minha desconfiança me consumirem, e fui atras das minhas respostas, e eu juro, juro que gostaria de ter encontrado nada. Porque quando liguei o computador de seu escritório, e o logo do FBI apareceu, eu surtei. Não consegui acessar, e fiquei pirada tentando achar alguma coisa. Procurei na prateleira de livros pela chaves, quando não consegui abri as gavetas da mesa. E apesar de ser bem obvio, eu procurei e achei a chave dentro de um tipo de cinzeiro. E o que eu achei, deveria ter sido nada, mas não foi isso que encontrei quando abri a segunda gaveta. Haviam algumas pastas, que eu ignorei no momento em que achei uma com o meu nome:

MARIE ANNIE CAMPBELL. 

Escritora, nascida e criada na cidade de Paradise Valley, MT.  Estudou e se formou na Park High School em Livingston. Perdeu os pais num terrível acidente em que somente ela foi sobrevivente, aos 8 anos de idade, e desde então vive com os avós. Seu primeiro livro foi publicado no wattpad sem pretensão alguma e alcançou a marca de 4 milhões de leituras em dois anos após ser postado, até que assinou com a New Directions, editora que ficava em Peter Cooper Village, em Nova York. A redatora que assinou com ela, —Gabriella Fuller —, leu seu livro na edição online, e então fez contato oferecendo uma chance...

Quanto mais eu lia, com mais raiva ficava. Esse tempo todo ele sabia quem eu era. Todos os papeis estão com símbolos do FBI, e assinados por ele. Por terem sido expedidos por ele, talvez. Tinham fotos minhas andando a cavalo em Paradise Valley, conversando com Teddy, com meus avós. Todas fotos que eu postei na internet! Ele havia me investigado! 

"Annie?", ele já havia me chamado antes e eu ignorei, e fiz a mesma coisa agora. Quando ele entrou no escritório, com sua arma em punho, meu ódio borbulhou em minhas veias, e munida de uma coragem e adrenalina, peguei as fotos e algumas  folhas e caminhei até ele a passos largos e bati com o que estava em mãos em seu peito sem me importar se arma estava travada ou não. "Você pode atirar em mim depois, Agente Mayer, mas primeiro, você vai me explicar, que porra é essa?!", ele dá dois passos para trás e tenta segurar as folhas como pode, mas desiste deixando elas caírem no chão, levantando a arma para o alto, e a travando. "Eu posso explicar. Só me deixa guardar isso primeiro.", ele aponta para arma. "Você tem dois minutos, antes de eu começar a arrumar minhas coisas!", cruzo os braços. Ele vai até a mesa, abre a gaveta e guarda a arma lá dentro. Então volta para onde eu estava. "Primeiro de tudo, me desculpa, eu-", levanto a mão o cortando. "Eu não quero suas desculpas, John. Você pode enfia-las na sua bunda. Eu quero respostas! Porque? Por que você mentiu para mim?", ele passa as mãos no cabelo atordoado. "Escuta, eu sei, eu sei, que parece bizarro isso. Mas, é que... Não é como se eu pudesse sair contando para todo mundo sobre minha profissão. Eu preciso ser o mais discreto o possível sobre isso. E-", corto ele de novo. "Você apenas está me dando desculpas, Johnny!!", a essa altura eu já estava berrando. "Você fingiu esse tempo todo que não sabia quem eu era? Fingiu que não sabia o que eu fazia, e que não me conhecia, você é cínico, porra?", ele junta as mãos como se rezasse e as encosta na boca. "Marie, apenas me escute. Por favor, é só o que estou pedindo. Apenas me escute, ok?", passo as mãos no cabelo nervosa, e faço movimentos com as mãos para que ele falasse. "Meus pais falaram de você, uma semana depois que eu fui afastado da corporação. Eles diziam o quanto você era uma menina talentosa, e que talvez, se eu passasse um tempo afastado de Bridgeport, e fosse para Paradise Valley, poderia colocar minha cabeça no lugar. Mas eu continuava a dizer que não queria me enfurnar em nenhuma cidade escondida no confins de Montana, e nem queria substituir Katheryn. Foi quando eles disseram da sua trajetória como escritora, com apenas 25 anos, e foi então que eu fui atrás de procurar sobre você!", aquilo era demais, eu não queria ouvir aquelas coisas, mas precisava. "Você sabia que o celeiro era meu quarto, não sabia?", ele faz que sim com a cabeça. "Você me fez gostar de você, John...", ele tenta me segurar, mas me afasto. "Essa é uma das minhas habilidades, Marie, fazer com que as pessoas confiem em mim, para obter informações dela, é uma das coisas que eu faço. Mas não foi só isso que aconteceu entre a gente, você sabe disso. Eu não precisei fazer você gostar de mim, você fez isso sozinha, quando cuidei de você quando foi mordida pelo coiote, lembra? Foi ali que você me viu, como eu sou. Você sabe disso!", ele gritava agora. "Oh, você realmente sabe de tudo né? Provavelmente deve ter hackeado meu e-mail e deva saber todo o conteúdo do meu livro, não sabe?", ele faz que não. E meu alivio é nítido, pelo menos para mim. "Eu não mexi em nada disso, Marie. Não tinha necessidade, na verdade...", ele pega os papeis que haviam caído no chão, junta todos que estavam em cima da mesa, e os joga dentro da lixeira, então abre a primeira gaveta, pega um álcool em gel, joga sobre as folhas, pega uma caixa de fósforos, que eu havia visto antes ali, ascende e os joga sobre os papeis, que logo pegam fogo. "Pronto, não tem mais nada. Não há mais dossiê, Marie!", dou risada. "Você acha que isso resolve tudo? Que você queimou os papeis, e é isso?", ele nega com a cabeça. "Eu sei que não, mas agora eu não tenho mais nada sobre você, a não ser o que eu já sei, porque  você compartilhou comigo.", levanto minhas mãos, e saio do escritório. "Não posso ficar aqui. Vou voltar para Montana", ele me segue, e segura meu pulso. "Você não pode me deixar, Marie. Você me prometeu, que não me deixaria, lembra?", puxo meu braço. "Isso foi antes de eu descobri que você não só, sabia quem eu era, como guardava um dossiê com informações sobre mim. Inclusive os números dos meus cartões de credito! Você é doente!", puxo eu pulso de novo, e ele o aperta com mais força. "Você está me machucando, me solta!", digo com lagrimas nos olhos. 

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora