37|| Tell me the truth!

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Eu sei, eu devia manter eu nariz longe de confusão. Eu sei. Mas depois da conversa que tive com Lolita ontem, aqui estava eu andando por essa casa, depois do meu expediente na biblioteca pensando no que ela disse. Haviam muitas lacunas abertas, a cerca de John, e eu sempre respeitei sua privacidade, mas ele nunca falava muito sobre sua profissão, para falar a verdade eu nem ao menos entendo que caso é esse que ele está trabalhando. É tudo tão sigiloso,  como se fosse secreto. Para Marie. Você está paranóica,  ele não está te escondendo nada! Ao contrário de você, que esta escondendo dele o fato de estar escrevendo um livro inspirado nele.

Me sinto mal por isso, mas não era algo ruim. Não da maneira que eu vejo. John era o primeiro cara com quem eu tinha uma intimidade do jeito que temos. Ele me conta as coisas, me faz ficar fascinada na força que ele tem em lidar com certos aspectos da sua vida. No começo era só um pensamento que eu tinha sobre ele. Mas quanto mais eu o conhecia, mais eu queria saber sobre ele. E acabei me vendo poetizando uma história sobre esse homem. Não podia ser algo ruim. Eu não estava o atacando e sim escrevendo como eu o via. Ele era muito mais que um estranho que apareceu do nada em meu quarto... John era uma história nunca contada, e eu queria contar.

Caminhei por essa casa, toda e havia apenas um lugar dessa casa, que eu não entrei. O sótão. Eu já tinha entrado no porão, onde John conservava um mini estudio,  que ele sempre se escondia quando queria ficar sozinho e tocar guitarra, segundo ele. Ja tinha entrado no escritório,  onde ele reservava alguns livros. E lá não tinha nada. Mas o sótão... eu o vi subir duas vezes, e ele nunca me convidou a subir la. Na verdade,  a primeira vez que o vi subir, foi com seu amigo Jackson. Mas ele não me deixou entrar lá. A escada que dava no sótão ficava dobrada no teto, perto da porta do quarto, e eu não alcançava.

Nada que eu não possa dar um jeito. Entrei no escritório e procurei pelo banquinho que eu usava, quando queria pegar livros na parte mais alta das prateleiras da estante.  O achei ao lado da estante do lado direito do escritório. O trouxe para fora, e o posicionei onde a escada suspensa estava. Subi no banco e tentei puxar. Ainda não dava pé. Então fiz algo arriscado, ja que estava próximo ao corrimão da escada, fiquei nas pontas dos pés, em cima do banco e tentei mais uma vez alcançar com a mão. CONSEGUI! Puxei a escada e ela se estendeu, até bater no chão. Sai do banco e comecei a subir os degraus,  até estar dentro do sótão escuro. Tirei o celular do bolso, e liguei a lanterna,  procurando um interruptor de luz. Achei a esquerda de onde entrei. A escada subiu fechando a entrada num baque. Que me fez pular como um gato assustado.  A medida que olhava ao redor, e reconhecia as coisas, mais ficava apreensiva. Havia dois gaveteiro de madeira, marcados de A a Z. Uma mesa em madeira escura com varios papéis espalhados em cima, e um notebook. Um quadro transparente,  com especificações, do lado esquerdo.

VITIMA
POTENCIAL MOTIVO
ASSASSINO

E do lado direito havia uma quatro com recortes e fotos ligadoa por uma linha vermelha. Havia uma luz virada para o quadro, que eu ascendi e quando ascendi, pulei para trás de susto ao reconhecer a vítima: "Kathryn Elizabeth Hudson, encontrada morta na marina de Bridgeport". Era o que dizia umas das reportagens. Segui a linha para uma foto dela, estirada no chão,  com duas perfurações de bala. Uma no peito, e outra na cabeça. Ela parecia estar chorando na foto. Senti um arrepio. Segui a linha até que ela deu num sobrenome que eu me lembrava de ter visto: Bloomberg. Bloomberg?  Não foi o nome que estávamos procurando na biblioteca em Livingston? Segui mais um rastro da linha e deu numa reportagem:

"Landon Bloomberg. Nasceu em Memphis, e estudou em Livingston por três anos. Morava com à avó. Se formou em artes cênicas. Na adolescência era conhecido por ser um garoto rebelde, e vivia sendo trocado de escola. Quando entrou na fase adulta, ganhou o prêmio de melhor atuação estudantil em uma universidade. Hoje aos 62 anos, é professor na universidade Yale na  área de artes."

Qual era a relação dele com Kathryn?

Sigo mais a linha e vejo uma foto dos dois juntos. E na foto estava escrito "Professor Bloomberg, Abril de 2010". Ele era professor dela!

John, o que você está tentando provar? Que não foi um acidente? E sim um assassinato? Ou você só está procurando alguém para culpar?

Continuo a seguir a linha de investigação de John, e ela acaba com uma pergunta, sem resposta:

"Porque você a mataria?"

Ele não superou a morte da esposa. E provavelmente, nunca superaria... O que estou fazendo aqui? Eu sou apenas um tapa buraco para ele não se sentir sozinho? E que quando ele conseguir provar isso, ele vai me abandonar e seguir com a vida dele?

E eu?! O que sobraria para mim? O que aconteceria com todo esse sentimento que estava nutrindo por ele?

Por algum motivo que eu na conseguia entender, comecei a chorar, me sentindo estúpida. Ótimo! Tudo que eu precisava. Decido descer do sótão, não havia mais nada para eu ver ali.
Desligo as do sótão e sigo para escada, piso nela e ela se estende novamente até o chão, e eu a desço limpando meus olhos. E assim que piso no chão e a escada sobe fechando com um baque, John aparece no meu campo de visão.  Ele estava escorado no topo da escada, com os braços cruzados.

"Quem é a intrometida, agora?", sua voz é baixa. E transmitia falsa calma. "Achou o que estava procurando?", ele continua no mesmo lugar. Fungo meu nariz. E respiro fundo, negando com a cabeça e limpando o canto dos meus olhos. E então entro no quarto sem falar nada.

Eu deveria ir embora. Deveria colocar minhas coisas de volta na mala e voltar para Paradise Valley.  Mas não consigo. Eu sou curiosa demais. Eu quero saber o que ele pretende comigo. Eu quero saber o que isso tudo que vem acontecendo entre a gente, significava para ele.
Mas não conseguia falar. As palavras estalaram em minha garganta com medo da sua resposta.
"O que você foi fazer lá em cima, Marie?", ele diz entrando no quarto. Eu me mantenho de costas para ele passando as mãos no rosto. Ele vem até mim, e me vira para ele. "Porque você está chorando? Que porra você foi fazer la em cima? Responde!", ele me olha com raiva. "Eu... eu...", me afasto dele e me sento na cama. "Você o que Marie?", respiro mais fundo e deixo o ar sair de meus pulmões. "O que eu sou para você, John?", ele me olha sem entender. "Como assim? Do que esta falando?", tiro meu cabelo do rosto. "O que você quer comigo?", ele franze as sobrancelhas. "O que eu quero com você? Acho que está bem claro, não?", balanço a cabeça. "Você ainda a ama...", ele respira fundo e suaviza suas feições. "Você viu o quadro...", faço que sim. "Marie... Provavelmente, eu sempre vou ama-la.", ouvir aquilo dói. E eu não sei porque doía. "Eu não tenho como competir com ela.", percebo que o melhor que eu deveria fazer era voltar para casa. Isso estava passando dos limites. Eu não quero ama-lo. Ele não vai me amar de volta, se isso acontecer. "Não é uma competição. Você é você. E ela é ela. Não há competição.", faço que sim, e forço um sorriso. "Para de fingir que está entendendo. O que foi?  Tem mais coisa, eu sei que tem. Me diz.", fecho os olhos e apertos os lábios numa linha fina. "Quando você conseguir provar, seja lá o que você queira provar que aconteceu com ela. O que acontece comigo?", ele continua a olhar para mim. "Nada. Não vai acontecer nada. Eu te quero aqui. Já disse isso.", reviro os olhos. "O que eu significo para você? O que isso tudo que a gente tem vivido significa? Me diz a verdade!", ele se agacha em minha frente. "Eu entendo, que por eu ser o primeiro cara que você tem algo, e seu primeiro tudo. Entendo que talvez por isso você não tenha tanta confiança em si mesma, mas escute,  eu quero estar com você, Annie. Eu te quero aqui. E quero você! Muito, muito, muito! Mas você não tem o direito de me cobrar nada, entende? Nada. Não porque não deva. Mas porque não há o que cobrar. É a minha vida. E há partes dela que são pesadas e escuras. Mas isso não quer dizer que, no momento em que eu consegui provar que Katy foi assassinada,  vou colocar você num vôo e te mandar embora da minha vida! Eu não quero isso! Você faz parte dela agora!", ele é muito confuso. Ele foi maldoso e carinhoso ao mesmo tempo. Como ele faz isso? "Você pode ser menos confuso? Estou tentando entender o que você quis dizer.", ele ri, e eu acabo rindo também. John limpa minhas lágrimas, com seus polegares, e me beija. "O que estou tentando dizer, sua boba, é que eu quero você,  comigo. É isso!", eu o abraço. 

Ainda não havia me respondido a pergunta crucial: O que mais ele está escondendo de mim?

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora